17.

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Após todo o ocorrido aterrorizante com Katherine e a família Landry, a noite conheceu a calmaria.

Os dormitórios, por um dia, foram trocados. A bruxa e a humana dormiram juntas, enquanto Tara e Amber partilharam o mesmo, adormecidas  em suas camas.

Ou melhor, a vampira ao menos conseguiu pegar no sono. A lobisomem, sendo o contrário, não teve a capacidade de ter uma noite prazerosa.

A sua mente vagou para cenários distantes, chegando em um específico. As lembranças de horas atrás, quando o seu lobo realizou um massacre na residência.

Tara não gostaria de se lembrar e, se pudesse, apagaria aquilo da sua mente. A sensação de estar coberta pela raiva e violência permanecia em sua pele, queimando-a, chamando a sua atenção.

— Para, por favor! — Murmurou para si mesma, balançando a cabeça na intenção de expulsar as recordações.

Não adiantou, todas as vidas que o lobisomem arrancou sem piedade, atravessou e perfurou a cabeça de Carpenter.

O sentimento eufórico de escutar os gritos de socorro, o sangue sendo espirrado nas paredes e no chão, os órgãos brutalmente dilacerados. A loba se lembrava de cada mínimo detalhe e aquilo a assustava.

Sabia que havia um lado dentro de si que odiaria ser revelado de novo. Um lado onde não existe salvação, nada além da violência e agressão, a sede que carrega um lobisomem.

Tara não se permitiria passar pela mesma situação, mas a cada segundo que a noite se despedia aos poucos, tinha a certeza que era tarde demais.

Não deveria ter deixado o seu instinto animalesco assumir bruscamente quando adentrou a residência. A única coisa que restava, no momento, era o amargo arrependimento.

Ela precisava de mais.

— Porra... — Engoliu seco, se levantando da cama. Os seus passos lentos foram para a porta, saindo do quarto e invadindo o corredor vazio e escuro.

A sua cabeça rodava, martelando todas aquelas mortes, a quantidade exuberante de sangue estava em suas mãos. Tara respirou fundo, fechando os olhos por longos segundos. Os seus dedos tremeram, tentando manter o máximo de controle possível.

— Está tudo bem aí? — Uma voz doce e baixa invadiu os ouvidos da loba, que olhou para a figura parada no corredor com rapidez.

Ficou em silêncio, mantendo o olhar desesperado na universitária que surgiu. Ela observou o estado da loba, ficando levemente preocupada.

— Eu ouvi os passos altos no corredor e resolvi checar o que estava acontecendo — Disse receosa — Precisa de alguma ajuda? Você não parece bem.

— Sim, eu preciso de ajuda! — Tara suspirou, se aproximando da humana — Eu preciso muito da sua ajuda.

— Ok... — A garota, no fim do corredor, examinou os olhos atormentados da loba. — Pode me dizer o que está acontecendo?

— Oh, céus... — Tara apoiou a mão em seu rosto, ouvindo com devida atenção o som dos batimentos cardíacos dela. A forma como bombeava o sangue, as veias visíveis em seus braços, os seus ossos.

Toda aquela junção fez a lobisomem salivar, não conseguia mais manter o controle. No fim das contas, os seus instintos animalescos prevaleceram.

— Me desculpe — Sussurrou, antes de dar o ataque. Tara, com a mente nublada pelo desejo, deixou as suas presas expostas e afiadas. — Isso irá doer um pouquinho.

Colocou a mão na boca da humana para impedir que seus gritos ecoassem e, então, perfurou o seu peito. O sangue desceu com prontidão, juntamente das lágrimas que caíram dos olhos da universitária.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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