04.

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Tara abriu lentamente os olhos, sentindo a luz do sol chegar na floresta, iluminando o seu rosto enfraquecido. — Eu lembro... — Engoliu seco, tendo a sensação como se sua garganta fosse estourar a qualquer instante.

— Ei... — Amber permaneceu com o tom de voz calmo e sereno, deslizando os dedos pelos fios de cabelo da loba. — Por favor, não se esforce tanto, sei que está doendo.

— Seus pais. — Tara prosseguiu com a fala, parando por um segundo para respirar fundo e sentir o ar invadindo os seus pulmões. — Eu sinto muito.

Amber ficou em silêncio, desviando o olhar da loba. A vampira mordeu o canto da bochecha, juntando todas as suas forças para não transmitir quaisquer sentimentos naquele instante.

Os seus pensamentos sombrios foram cortados quando os leves gemidos de Carpenter chegaram em seus ouvidos, sentindo fortemente toda a dor pós transformação.

— Está tudo bem, estou aqui... — Afirmou a morena, deixando seu dedão encostar na bochecha da loba, arrastando com lentidão e cuidado.

Tara fechou os olhos diante do carinho recebido pela vampira, soltando um ronronar agradável como indícios de que, se Amber parasse de acariciar o seu rosto, iria morder a sua mão inteira.

A vampira soltou um ar pelo nariz, presenciando uma das cenas mais fofas de toda a sua vida, apesar de ter 500 anos e ter presenciado bastante coisa durante o tempo.

— Me desculpa por ter pegado tão pesado com você. — Tara disparou de uma vez só, desafiando as suas cordas vocais novamente. O seu corpo se encolheu como uma bola, as dores penetrando em seus ossos e causando uma angústia para a loba ferida.

— Conversamos sobre isso depois. — Amber garantiu. — Por agora, iremos cuidar de você, tudo bem?

— Por que? — Indagou baixinho.

— O que?

— Por que está me ajudando? — Tara a olhou, enxergando nada além de empatia e conforto genuíno. — Quase te matei duas vezes.

— Porque, embora você queira me matar por vingança boba, não consigo retribuir o seu ódio da mesma forma. — Amber respondeu. — Eu não enxergo nada além de uma criança machucada em você, Tara.

A loba franziu a testa, olhando profundamente nos olhos daquela vampira. Não é como se lobisomens tivessem a habilidade de ler olhares, entretanto, a Carpenter poderia dizer facilmente que conseguiu ler o de Amber.

Não havia nada obscuro, apenas a mais pura e linda verdade. Tara sabia disso, no fim das noites, sempre foi a criança machucada implorando por atenção.

— Você não é tão diferente de mim, Amber. — A loba concluiu, sua voz falhando.

— Eu sei, pulguenta. — Amber riu baixinho, encolhendo os ombros. — E isso é meio preocupante, na verdade.

— Porra, eu te odeio. — Tara acompanhou a sua risada, mesmo que estivesse completamente acabada.

— Olha... — Amber abriu a bolsa que trouxe consigo, retirando algumas peças de roupa que servia na lobisomem. — É bom você vestir para sairmos daqui, posso te levar para tomar um banho relaxante e aliviar suas dores.

Tara tentou se sentar, puxando todas as suas forças restantes para fazer dar certo, todavia, o seu plano falhou miseravelmente.

Amber notou seu esforço e principalmente o seu corpo que estava tão machucado e frágil. O coração morto da vampira se apertou, observando a cena com tristeza.

born to die | tamber Onde histórias criam vida. Descubra agora