Capítulo 29

2 2 0
                                    

Observo atentamente o quarto ao meu redor, lembrando das memórias que adquiri nessas últimas semanas.

Respiro fundo, guardando a caixinha com o anel que eu havia comprado para Jessie.

Apanho todas minhas roupas, guardando-as na enorme mala.

Por que mesmo após ela ter dito que não me ama, eu ainda sinto algo?

Engulo esses pensamentos, apenas aceitando todos os fardos e momentos.

— Henry? — Ouço uma voz feminina.

Me volto ao ser parado na porta do quarto.

— Olá, Jessica — retruco, sorrindo para ela.

— Posso entrar? — questionou.

— A vontade, afinal, a casa é sua! — Ela soltou um sorrisinho.

A mulher dá passos curtos, parando em minha frente.

— Eu sinto muito pelo o que aconteceu ontem…

— Está tudo bem! Esse tipo de coisa acontece.

Ela se sentou na cama.

— Jessie deve ter ficado muito confusa sobre tudo isso… Ela não é uma pessoa que se dá bem com seus sentimentos.

— Está tudo bem.

— Ela não te disse nada sobre?

Franzo o cenho.

— Sobre o quê? — inquiro.

Vejo-a engolir em seco.

— Não falamos sobre isso para ninguém… — começou. — Descobrimos que Jessie tinha depressão, aos doze anos.

Sinto que meus olhos se arregalaram.

— Por que nunca me disse isso antes? — sondo.

— Não comentamos sobre isso… É algo delicado para Jessie e para os nossos pais…

Meu Deus! Eu deixei ela ir embora sem saber disso!

— Sei que ela gosta de você, Henry. Ela só estava com medo… Medo de você não aceitar ela como é… Medo de te machucar.

Largo todas as coisas no chão.

— Obrigado por me falar isso! — Apanho a chave do meu carro. — Acha que devo ir atrás dela?

A minha cunhada sorri.

— Vá depressa! — ordenou. — Nos encontramos no aeroporto.

Apanho minha mala, correndo pelo corredor e descendo apressadamente as escadas da casa.

— Para onde vai? — interrogou meu irmão, assustado pela correria.

— Atrás do amor da minha vida! — bradei, percorrendo até o hall da casa.

Abri a porta, caminhando apressadamente até o meu carro e jogando minhas coisas dentro dele.

Ligo o veículo, arrancando-o pela rua.

Preciso encontrar Jessie e dizer que não ligo para o que ela tem! Eu a amo! Não posso deixar que ela vá embora assim, por medo.

Em poucos minutos paro em frente a sua casa. Não perco tempo; corro até a porta da frente, batendo sem parar na mesma.

— Evans!

Não recebo nenhuma resposta, então sou obrigado a entrar na residência.

— Evans! — grito por seu nome, procurando-a por todos os lugares da casa.

Jessie não está em lugar algum…

Desço as escadas, decepcionado por tudo isso.

Kairós.

Respiro fundo, ao me lembrar que absolutamente tudo é no tempo de Deus.

Caminho descontentado pelo seu jardim, no qual tivemos diversas memórias. Entro no carro, analisando aquela casa pela última vez.

Está tudo bem.

Talvez não seja pra ser.

Observo o relógio, vendo que faltam poucas horas para o meu voo.

— Henry! — bradou Jessica, se aproximando com um sorriso. — Achou ela?

Vejo sua expressão ficar entristecida após notar a clara resposta.

— Sinto muito…

Nolan se aproxima, cruzando os braços enquanto nos observa.

— Parece que não tenho tanta sorte quanto você, Nolan — brinco, tirando um sorriso de cada um.

— Não seja bobo! Você vai encontrar alguém.

Respiro fundo.

Eu quero a minha Evans… Ou melhor, a Jessie Evans.

Mas não posso tê-la; e Deus está planejando tudo.

— Acho que vou entrar agora — murmuro.

— Está bem. Me mande mensagem! — exclamou meu irmão, enquanto apertava minha mão.

Pigarreio, voltando meu olhar para sua esposa.

— Jessica… Obrigado.

Ela sorri.

— Boa viagem — desejou.

— Obrigado.

Dei de costas, subindo pelas escadas rolantes.

Em poucos minutos já estava dentro do avião, me confortando em uma das poltronas da primeira classe.

Olho de relance para a janela do avião, vendo Jessie em pé no meio de toda aquela multidão do lado de dentro do aeroporto.

Ela está ali… Olhando em minha direção.

A mesma retorce os lábios ao ver que meus olhos a capturaram.

— Por favor, senhor… Coloque o cinto — disse a aeromoça, retirando o meu foco.

— Preciso descer!

— Não podemos… Já estamos prestes a decolar. Por favor, ponha o seu cinto.

Me volto à janela, vendo que Jessie não estava mais ali.

Retoço os lábios, obedecendo o que a funcionária acabará de ordenar.

Os Irmãos Dos NoivosOnde histórias criam vida. Descubra agora