Os Irmãos Dos Noivos

Capítulo 5

Observo a senhora Philips fechar todas as portas da clínica.

- Aceita uma carona? - inquiro, saindo do meu apoio.

- Seria ótimo, querida! - afirma.

Sei que ela quer, mas sei ainda mais que a senhorita Philips tem vergonha de pedir.

Seus filhos nunca vem buscá-la, o que faz com que ela seja mais um dos assuntos comentados entre os funcionários. Sinto pena dela.

- Está ansiosa para o casamento da sua irmã, querida? - questiona, enquanto ajudo-a descer a escadaria em frente a clínica.

- Sim! - respondo. - Mas algo me fez perder um pouco do ânimo... - explano.

- O quê? - pergunta atentamente.

- Henry... O irmão de Nolan, o noivo da minha irmã.

- Eu sei quem é Henry, querida.

- Ok! Perdão - falo sem jeito, ouvindo sua risadinha. - Bem... Jessica e Nolan armaram contra mim! Me pediram para ser madrinha... O par de Henry!

Ela gargalha.

- Querida... Está desanimada por causa disso?

- Não é bem isso - comunico. - Mas ele é o Henry. O homem que eu odeio. O garoto que quando eu tinha quinze anos tirou sarro da minha cara por causa do meu toque de telefone. - pausei. - O mesmo garoto que me jogou dentro de uma poça de lama no acampamento de verão.

Sua risada se prolonga.

- Desculpe, Jessie! - pede enquanto se recompõe. - Mas não pode guardar rancor para o resto da sua vida! Isso é algo que não vai te levar para lugar algum!

Reflito sobre seu sermão.

- Esqueça o passado! Viva o agora! - aconselha.

Abro a porta do carro para ela.

- Tenho que buscar alguns arranjos de flores com ele hoje - digo. - Acha que devo ser mais... Comunicativa?

Ela sorri.

- Não só acho como tenho certeza! - exclama. - Tente ser mais aberta! Não crie barreiras onde não tem, Jessie... Não sabe como isso faz mal.

Respiro fundo.

- Tem razão, senhora Philips! - Encorajei-me. - Hoje tentarei ser mais gentil com ele!

A mulher sorri contente.

- Está certa!

O silêncio se habita no lugar.

- Só para deixar claro... Eu não guardo rancor, ok?

Ela ri.

•

Toco a campainha da casa da minha irmã, esperando que alguém a abra para mim.

- Ah... É você... - solta ao me ver na porta.

- Boa tarde, Henry! - Cumprimento-o sorridente.

O rapaz logo franze o cenho.

- Jessie! - Minha irmã sorri ao me ver, correndo até mim.

- Jessica! - Envolvo-a em um forte abraço.

- Que bom que veio! - diz.

- Não poderia deixar momentos como esse de fora! - afirmei.

Minha irmã me puxa pelo pulso, arrastando-me até a sala.

Ouço a porta se fechar e passos vindo atrás de nós.

- Oi, Jessie! - Meu cunhado me cumprimenta alegremente.