26 - Caminho Sem Retorno

14 7 2
                                    

✦•······················•✦•······················•✦

Jimin havia escapado das garras da morte tantas vezes que quase parecia impossível não acreditar que ela o rondava como uma sombra paciente. Ele não a acolhia, não podia – afinal, ninguém deseja sua própria partida –, mas sempre que chegava perto dela, havia algo inexplicavelmente revelador. Era como se, por breves instantes, a vida toda se despisse das incertezas, e a verdade se apresentasse em sua forma mais crua. Era um momento de serenidade terrível, onde cada escolha feita ganhava um peso impossível de ignorar.

Naquele instante, enquanto todos prendiam a respiração, sentindo o ar vibrar com a tensão, parecia que o mundo inteiro convergia para um único ponto. Cada um viu, ainda que por um lampejo, o eco das decisões que haviam tomado, as bifurcações que ignoraram, os passos que poderiam ter sido diferentes. Não estavam apenas em um caminho: estavam em todos os caminhos, juntos. Os homens bons que, por alguma ironia cruel, lutavam por causas erradas; os corruptos que se escondiam sob o manto de uma moral fabricada. Todos ali, acreditando com fervor que estavam do lado certo – que eram os heróis de suas próprias histórias.

Mas toda história tem um fim. E a morte... ah, ela pode ser enganada, adiada, desafiada – mas não para sempre. Eles tinham jogado tudo o que tinham em Atlas, cada gota de coragem, cada sacrifício, cada esperança. E ainda assim, haviam falhado. O preço pela derrota não era apenas a perda de uma batalha: era a perda de si mesmos. O momento havia chegado, e Jimin sabia disso. Todos sabiam. A última peça havia caído, e o tabuleiro agora pertencia à morte.

✦•······················•✦•······················•✦

LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA

8 DE JANEIRO DE 2061 - 14h30

✦•······················•✦•······················•✦

Jimin abriu os olhos lentamente, sua visão ainda turva. Sua cabeça latejava, e ele sentia o frio do metal apertando seus pulsos: estava algemado. O desconforto aumentou quando percebeu que não estava mais usando seu exoesqueleto. Seus olhos vagaram pelo espaço estreito e sombrio do caminhão onde estava. Quando ergueu o olhar, viu Jungkook e Lisa, igualmente algemados, suas expressões uma mistura de cansaço e preocupação. Ao seu redor, outros prisioneiros permaneciam em silêncio, as cabeças baixas, como se já tivessem aceitado seu destino.

O veículo sacolejava enquanto avançava por um portão enferrujado que levava a um prédio cinza e decadente. O imenso logo da Atlas estampava a fachada como uma marca de domínio, e soldados armados patrulhavam o perímetro, seus olhares vigilantes e implacáveis.

Jungkook inclinou-se discretamente para Jimin, sua voz baixa e cautelosa:

— Jimin? Você está bem?

Jimin respirou fundo antes de responder, a voz rouca:

— Acho que sim...

Jungkook olhou em volta, analisando o ambiente com atenção.

— Fique alerta. Qualquer detalhe pode fazer a diferença.

Jimin assentiu, tentando ignorar o nó de ansiedade em seu estômago. O caminhão passou por uma entrada pesada e sombria, mergulhando em um silêncio ainda mais opressor.

Lisa olhou ao redor, seu olhar cheio de inquietação.

— Que lugar é esse?

Jungkook manteve o tom baixo, mas não conseguiu esconder a tensão na voz.

O Chamado do Dever -  jjk & pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora