⊰𝕀ℕ𝔽𝔼ℂℂ𝔸𝕆 BᄂЦΣ-𝚂𝚃𝚘𝚗𝚎☢⊱〣

08⊂Companhia e Quentura⊃

⇉Companhia e Quentura⇇ #08

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Realmente, a noite estava tão agradável! A sensação de conversar sem qualquer rivalidade naquele momento era tudo o que almejavam, um raro respiro em meio às tensões habituais.

Mas Bern se mantinha um pouco afastado de todo o alvoroço. A algazarra das conversas e risadas parecia distante, abafada por uma barreira invisível que ele não conseguia transpor. Ainda era o meio da noite, e ele havia se divertido antes, sentindo a satisfação correr pelas veias. Contudo, algo mudou. Uma dor de cabeça repentina o atingiu, obrigando-o a procurar refúgio em um canto mais silencioso.

Talvez fosse o barulho, ou o sereno que agora começava a cair, desencadeando um desconforto crescente em sua cabeça.

Ele respirava fundo, tentando aliviar a pressão que parecia se acumular atrás de seus olhos. Seus olhos, agora estavam mais caídos do que o normal, carregando um peso que não podia ser ignorado. A coloração azulada das extremidades era mais visível, espalhando-se pelas partes brancas, como uma irritação. Ele sabia bem que algo não estava certo.

Fechando os olhos com força, Bern esfregou o rosto com as palmas das mãos num gesto que era tanto físico quanto emocional. Sentia-se exausto, como se o esforço para manter as aparências fosse um fardo insuportável. Não era tão evidente para os outros, mas ele podia perceber — a febre estava voltando. Uma onda de calor desconfortável subia pelo seu corpo, trazendo consigo a familiaridade amarga de algo que ele não conseguia controlar.

Frustração e impotência se misturavam em sua mente, criando um nó que ele não sabia como desfazer.

Por que isso tinha que acontecer agora? Ele se perguntava, sentindo a irritação crescer. Tudo o que queria era aproveitar aquela noite, como todos os outros. Mas ali estava ele, preso à mercê do próprio corpo. Dependente, sem solução à vista, restava apenas esperar. Esperar que a febre passasse, esperar que sua condição não o traísse mais uma vez.

Suspirando pesadamente, Bern abriu os olhos novamente. Não havia brilho neles, apenas uma espécie de resignação. Seu olhar baixou para o chão, como se buscasse respostas ali, mas tudo o que encontrou foi o vazio. Suas mãos, num movimento automático, foram até a parte de trás da cabeça. Tocaram o capuz de seu moletom, o tecido confortável, que ele conhecia tão bem. Puxou-o para cima, sentindo o peso reconfortante do material deslizando sobre seus fios castanhos.

Era um gesto simples, mas carregado de significado. Como se ao esconder seus cabelos, antes tão bonitos e bem cuidados, ele pudesse também esconder o turbilhão que se desenrolava dentro de si.

Agora, envoltos na escuridão do capuz, os fios pareciam simbolizar uma barreira erguida. Como portões que se fechavam com um ranger cansado, tentando manter o que restava de sua força guardado em segurança.

Então, se virou em um passo. Observando, um pouco longe de onde seus amigos estavam, uma área com fogueira e almofadas. Onerb havia explicado que lá seria onde aconteceria uma das gincanas. Talvez não tivesse problema, ir para lá e ficar sentado.

Caminhou até lá e, ficou. Sentou-se sob uma almofada de cor azulada. Abraçou os joelhos e tentou relaxar. Fitava a chama da fogueira, o barulho de queima se tornava bom a medida dos minutos. Era suficiente para ajudá-lo a se recompor.

Com o olhar perdido ali, ele tentava encontrar mais paz naquele momento, algum fragmento de esperança de que, ao menos por aquela noite, ele pudesse continuar fingindo que estava tudo bem com sua cabeça e com seu corpo.

...

O rapaz loiro parecia buscar algo incerto, quase como quem procura uma peça perdida de um quebra-cabeça. Ele não sabia exatamente o que era, mas a sensação de ausência era inconfundível, como se algo essencial estivesse faltando naquele momento tão movimentado.