Capítulo IX

6 1 0
                                    

— É a sua mãe? — Cecília sussurrou, mais baixo que a própria voz.

— Filho? — a voz de minha mãe despontou na tela fechada de madeira.

Havia a tela fixa, com pequenos entrelaços de madeira e a móvel — essa de madeira maciça —, que servia para o antes e depois da confissão.

— Sim, mãe? — tossi. — O que quer?

— Meu Deus! Ela vai querer entrar. — Cecília cochichou.

— Sei o que estou fazendo. — respondi, ainda mais baixo.

— Você está todo descabelado, Charlie. Há cheio de pecado em você.

— Filho?

— Já vou, mãe! Estou meditando.

— Oh, querido. O padre acabou a missa. Você nem foi cumprimentá-lo. Ele está na sacristia. Você ouviu uns gemidos estranhos. Pensei ser os gatos lá fora. Você precisa dar um jeito nesses malditos bichanos.

— Ah! Eu os ouvi, mamãe. — menti. — Há uma gata no cio, pelo que verifiquei.

Cecília deu um soquinho no meu ombro, como se não gostasse da fala.

— Não demore nas suas orações. O padre quer falar com você.

— Sim! Como falei, mamãe. Estou terminando.

— Ah, sim. Espero você sair, então.

— Não! — arregalei os olhos, enquanto Cecília abotoava os miseráveis botões que eu queria tanto arrancá-los novamente. — Não espere por mim. — Cecília se aproximou e depositou um perspicaz beijo nos meus lábios. — A senhora pode ir na frente, mãe. — suspirei e falei baixinho para Cecília. — Gostosa! Eu vou invadir sua casa, à noite.

— Não precisa invadir. Eu deixarei a porta aberta e outras coisas também.

— Não sabia que você era assim tão safada.

— Você é meu. Basicamente, isso. Que mal há?

— Eu quero degustar cada parte de você, lentamente, essa noite...

— Filho, já acabou? Está rezando?

— Sim! Ainda estou na Avemaria, mamãe. Pode ir.

— De jeito nenhum! — ela respondeu com um ar ansioso.

— Sua mãe é insistente. — Cecília revirou os olhos.

— Infelizmente, foi o único lado bom que herdei dela. Já pensou se eu desistisse de você, no primeiro não que me deu?

— Só uma louca desdenharia você, Charlie. Admito que eu queria você, desde o primeiro instante que te vi naquele altar. Mas eu não podia. Era pecado. Eu tinha acabado de ficar viúva.

— Como se aquele imprestável servisse para algo, além de virar comida para as minhocas.

— Filho!

— Merda! — resmunguei. — Oh, velha inconveniente! Meu Deus do céu!

— Você precisa dar um jeito nisso.

Cecília passou os dedos pálidos nos meus cabelos e os penteou.

— Ela perceberá que há algo errado com você. Você está quente, Charlie. Não consigo te ver plenamente nesse escuro, mas tenho certeza de que você está corado. Ela não é estúpida para não perceber.

— Na pior das hipóteses, ela pensará que me masturbei.

Cecília me beijou novamente e pegou minhas mãos. Franzi a testa, sem saber o que significava o ato, mas logo ela as pousou nos seios, ainda rígidos, cobertos apenas pela seda escura da camisa.

Holy Water - Nicholas Alexander Chavez fanfic - PT-BROnde histórias criam vida. Descubra agora