— É a sua mãe? — Cecília sussurrou, mais baixo que a própria voz.
— Filho? — a voz de minha mãe despontou na tela fechada de madeira.
Havia a tela fixa, com pequenos entrelaços de madeira e a móvel — essa de madeira maciça —, que servia para o antes e depois da confissão.
— Sim, mãe? — tossi. — O que quer?
— Meu Deus! Ela vai querer entrar. — Cecília cochichou.
— Sei o que estou fazendo. — respondi, ainda mais baixo.
— Você está todo descabelado, Charlie. Há cheio de pecado em você.
— Filho?
— Já vou, mãe! Estou meditando.
— Oh, querido. O padre acabou a missa. Você nem foi cumprimentá-lo. Ele está na sacristia. Você ouviu uns gemidos estranhos. Pensei ser os gatos lá fora. Você precisa dar um jeito nesses malditos bichanos.
— Ah! Eu os ouvi, mamãe. — menti. — Há uma gata no cio, pelo que verifiquei.
Cecília deu um soquinho no meu ombro, como se não gostasse da fala.
— Não demore nas suas orações. O padre quer falar com você.
— Sim! Como falei, mamãe. Estou terminando.
— Ah, sim. Espero você sair, então.
— Não! — arregalei os olhos, enquanto Cecília abotoava os miseráveis botões que eu queria tanto arrancá-los novamente. — Não espere por mim. — Cecília se aproximou e depositou um perspicaz beijo nos meus lábios. — A senhora pode ir na frente, mãe. — suspirei e falei baixinho para Cecília. — Gostosa! Eu vou invadir sua casa, à noite.
— Não precisa invadir. Eu deixarei a porta aberta e outras coisas também.
— Não sabia que você era assim tão safada.
— Você é meu. Basicamente, isso. Que mal há?
— Eu quero degustar cada parte de você, lentamente, essa noite...
— Filho, já acabou? Está rezando?
— Sim! Ainda estou na Avemaria, mamãe. Pode ir.
— De jeito nenhum! — ela respondeu com um ar ansioso.
— Sua mãe é insistente. — Cecília revirou os olhos.
— Infelizmente, foi o único lado bom que herdei dela. Já pensou se eu desistisse de você, no primeiro não que me deu?
— Só uma louca desdenharia você, Charlie. Admito que eu queria você, desde o primeiro instante que te vi naquele altar. Mas eu não podia. Era pecado. Eu tinha acabado de ficar viúva.
— Como se aquele imprestável servisse para algo, além de virar comida para as minhocas.
— Filho!
— Merda! — resmunguei. — Oh, velha inconveniente! Meu Deus do céu!
— Você precisa dar um jeito nisso.
Cecília passou os dedos pálidos nos meus cabelos e os penteou.
— Ela perceberá que há algo errado com você. Você está quente, Charlie. Não consigo te ver plenamente nesse escuro, mas tenho certeza de que você está corado. Ela não é estúpida para não perceber.
— Na pior das hipóteses, ela pensará que me masturbei.
Cecília me beijou novamente e pegou minhas mãos. Franzi a testa, sem saber o que significava o ato, mas logo ela as pousou nos seios, ainda rígidos, cobertos apenas pela seda escura da camisa.
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Holy Water - Nicholas Alexander Chavez fanfic - PT-BR
FanfictionApós a morte de seu cruel marido, Cecília se encontra dividida entre o alívio e o peso da culpa. Em busca de consolo, ela se aproxima de Charlie, um padre que nunca quis o sacerdócio, mas o abraçou para satisfazer sua mãe devota. Charlie - que luta...