CAPÍTULO II

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A porta se abriu com um estrondo repentino, acompanhada de um vento forte e agressivo que fez os papéis sobre a mesa de Ana voarem. Ela levantou os olhos rapidamente, surpresa, apenas para encontrar Dominik parado ali. Seu rosto estava marcado: um leve inchaço próximo à boca e um filete vermelho descendo pelo canto. A expressão de Dominik oscilava entre irritação e constrangimento.

Preocupada, Ana deixou de lado o que fazia e caminhou até ele, seus olhos clínicos imediatamente avaliando os ferimentos.

— O que houve com vocês hoje, hein? — murmurou, soando mais como uma reclamação monótona do que como uma pergunta real. Não era a primeira vez que alguém surgia machucado por ali, e ela já começava a achar que nunca teria um dia de paz.

— O idiota do Renan me acertou — respondeu Dominik, com desdém evidente enquanto revirava os olhos. Ele parecia mais irritado do que ferido. — Você sabe como ele é...

Antes que pudesse continuar a se lamentar, Dominik arquejou de dor ao sentir a solução antisséptica sendo aplicada no ferimento. Ana não era do tipo que fazia cerimônia com tratamentos. Ela estava ali para cuidar, e não para lidar com o ego inflamado de seus pacientes.

— Ai, isso arde! — protestou ele, afastando o rosto instintivamente.

— Fica quieto. Isso é só o começo — disse ela, impassível, enquanto pegava um saquinho de gelo. — Vai sentar ali, no espaço de descanso. E não quero ouvir mais reclamações.

Sem dar chance para objeções, Ana praticamente o empurrou até a área de lazer da ala médica, entregando o gelo com um olhar que deixava claro que ele não tinha escolha. Dominik obedeceu, ainda fervendo de raiva pelo que tinha acontecido, mas se acomodou.

— Eu não sei o que vocês andam aprontando, mas resolvam logo isso. Você fica... estranho derrotado — Ana comentou com um tom que misturava ironia e deboche.

Dominik bufou, mordendo a língua para não responder algo grosseiro. No entanto, o olhar dele mostrava claramente que estava longe de aceitar o ocorrido.

— Na próxima vez, aquele maldito vai ver só. Ele me pegou desprevenido, é só isso! — retrucou, tentando justificar o ferimento enquanto apertava o gelo contra o rosto.

Ana ergueu uma sobrancelha, descrente.

— Tá bom, tá bom, Dominik. Você reclama mais do que resolve. — E, como se para provar o ponto, ela pegou o gelo e o pressionou abruptamente contra o inchaço, de forma tão indelicada que Dominik soltou um gemido de protesto.

— Você é insensível! — resmungou ele, segurando o gelo agora com suas próprias mãos enquanto lançava a Ana um olhar rubro e cheio de irritação.

— E você é dramático — rebateu ela, virando as costas para retomar suas tarefas. — Aguente firme ou vai parecer ainda mais derrotado.

Quinze minutos haviam se passado, e Ana, agora com uma pomada anti-inflamatória em mãos, voltou sua atenção para Dominik. Sentou-se ao lado dele com profissionalismo, encarando-o fixamente antes de começar a aplicar o medicamento com movimentos rápidos e precisos. Em poucos minutos, o inchaço havia diminuído consideravelmente, o que trouxe um visível alívio ao rosto dela.

— Isso vai demorar muito mais? — Dominik perguntou, impaciente.

— Fica quieto, você mal chegou — retrucou Ana, levantando-se para buscar curativos na gaveta. Quando retornou, sentou-se novamente ao lado dele, colocando cuidadosamente um pequeno curativo sobre o local do impacto.

ANOMALIA - ÉDEN (VOL. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora