BROOKLIN 1942
Sn apertava seu cachecol contra o frio que cortava as ruas de Brooklyn, esperando por Steve. Ele sempre se atrasava, não porque quisesse, mas porque suas pernas eram curtas e seus pulmões frágeis. Ela o viu atravessando a rua, os ombros magros escondidos sob um casaco muito maior que ele, com o rosto corado pelo frio.
-Você está atrasado, Steve Rogers. -Ela disse assim que ele entrou.
-E você está reclamando como sempre, Sn. -Ele sorriu sentando em sua frente.
Eles eram inseparáveis desde a infância. Steve sonhava alto, mas um corpo que insistia em contrariar seus sonhos. Sn, por outro lado, sempre foi prática, e mantinha Steve com os pés no chão.
-Deixe-me adivinhar -Começou ela, enquanto ele tomava um gole de café -tentou se alistar de novo?
Ele desviou o olhar, o que foi resposta suficiente.
-Steve, você sabe que eles não vão te aceitar. -Ela suspirou. -Eu sei que você quer ajudar, mas...
-Não me peça para desistir, Sn. -Ele interrompeu. -Eu não posso ficar parado enquanto outros lutam.
Sn sentiu um aperto no peito. Era impossível não admirar Steve. Ele era corajoso de um jeito que poucos entendiam.
-Eu também quero ajudar, Steve. É por isso que estou indo trabalhar como enfermeira na base militar em poucos dias.
Os olhos dele se arregalaram.
-Você vai para o campo de batalha?
-Vou para onde precisarem de mim. -Ela deu de ombros. -Alguém precisa cuidar dos rapazes como você, que insistem em correr para o perigo.
-Só prometa que vai tomar cuidado.
-Só se você prometer o mesmo. -Ela respondeu, levantando a sobrancelha.
ALGUNS MESES DEPOIS
Sn não reconheceu o homem que entrou na enfermaria improvisada. Ele era alto, musculoso, com uma postura confiante que parecia natural. Mas então ele sorriu, aquele sorriso tímido que ela conhecia tão bem, e Sn sentiu o chão desaparecer sob seus pés.
- Steve?
-Olá, Sn. -Ele respondeu, sua voz ainda carregando a gentileza de sempre.
-O que aconteceu com você?
Ele riu, envergonhado.
-Longa história. Mas, resumindo, me ofereceram uma chance de realmente fazer a diferença, e... aceitei.
Sn se aproximou, os olhos ainda arregalados enquanto analisava cada detalhe dele.
-Você está... diferente. -Disse tocando os braços dele.
-Eu ainda sou o mesmo Steve, prometo. -Ele garantiu, olhando para ela com intensidade. -Só... maior.
Ela riu, finalmente cruzando os braços.
-Maior ou não, você continua se metendo em problemas.
Steve deu de ombros.
-E você continua sendo minha melhor amiga.
Steve podia ter mudado fisicamente, mas a maneira como ele a olhava agora era diferente, como se ele estivesse enxergando algo que antes não via.
-Tenho que ir. -Ele disse, relutante. -Mas prometo voltar para você.
-Eu sei que vai.
E assim ele partiu, deixando Sn com a sensação de que algo entre eles nunca mais seria o mesmo.
As semanas passaram, e a guerra parecia ter se acalmado um pouco. Mas a tensão nos encontros entre Sn e Steve só aumentava. Cada vez que se viam, havia algo novo no ar , uma troca de olhares mais profunda, mais carregada de algo que Sn não conseguia identificar. Ele estava diferente, e isso fazia seu coração acelerar e o corpo se arrepiar.
Naquela noite, a enfermaria estava silenciosa, e o som distante dos bombardeios não conseguia abafar a sensação de inquietação que se formava entre eles. Steve apareceu de repente, a porta se abrindo com um rangido suave. Ele não sorriu dessa vez, não havia o sorriso tímido de antigamente. Seus olhos estavam mais intensos, fixos nela de uma maneira que fazia seu estômago revirar.
Ela levantou o olhar da mesa onde estava escrevendo algumas anotações, sentindo aquela presença familiar, mas agora carregada de algo inusitado, algo que fazia com que ela se sentisse exposta.
-Steve... -Ela disse, a voz um pouco trêmula. -O que aconteceu com você? Você está me olhando de um jeito estranho.
Ele permaneceu parado por um momento, mas logo avançou até ela, com passos calmos, quase predatórios. Quando estava perto o suficiente, ele parou, seus olhos brilhando com uma intensidade que fez o coração de Sn bater mais forte.
-Não estou te olhando de um jeito estranho, Sn. -Ele disse com uma calma quase desafiadora. -Estou apenas... olhando.
-Não, Steve. -Ela respondeu, a voz mais firme, embora seu corpo estivesse traindo a confiança que tentava manter. -Você está me olhando de uma maneira que nunca fez antes. Por que está fazendo isso?
Steve a olhou com uma intensidade tão penetrante que fez o ar ao redor deles parecer denso. Ele se aproximou ainda mais, seus ombros agora tão próximos dela que ela podia sentir o calor que emanava dele.
-Talvez seja porque agora eu te vejo de uma maneira diferente, Sn. -Ele respondeu, a voz mais baixa, com uma intensidade que parecia escapar de seus lábios de forma natural, como se fosse algo que ele finalmente havia reconhecido. -Talvez seja porque... você é mais do que apenas minha amiga.
Sn deu um passo para trás. Ela olhou para ele, buscando algo familiar em seu rosto, mas o que encontrou foi um olhar carregado de uma expectativa que a fazia se questionar o que realmente estava acontecendo entre eles.
-O que isso significa, Steve? -Ela perguntou, mais uma vez, o coração acelerando. -O que você quer de mim?
Ele respirou fundo, e a tensão no ambiente parecia crescer ainda mais.
-O que eu quero... -Ele começou, a voz rouca. -É mais do que você imagina, Sn. Você sabe que sempre fui só o seu amigo, mas agora... agora, eu vejo você de uma maneira que nunca vi antes.
Sn sentiu o calor subindo em seu rosto, sua mente turva com o que ele estava sugerindo. Ela sabia o que ele queria dizer, mas não queria acreditar que ele estivesse falando sério. Ele estava mudado, ela sabia disso, mas ela também estava, de uma maneira que não queria admitir.
-Steve... — Ela murmurou, a voz vacilante.
Ele se aproximou ainda mais, seus olhos nunca deixando os dela, e, sem aviso, ele colocou a mão delicadamente no rosto dela, forçando-a a olhar profundamente em seus olhos.
-Eu sei que isso é confuso. -Ele disse com uma suavidade que contrastava com a intensidade da situação. -Mas acredite em mim, Sn. Eu quero você. Quero você de uma maneira que nunca pensei que fosse possível.
Ela sentiu as palavras dele reverberando em seu corpo, e por um momento, todo o ambiente ao redor desapareceu. Só havia ele, seu olhar intenso e a verdade não dita que pairava entre eles.
-Steve... -Ela sussurrou, sentindo-se perdida. Ela queria afastá-lo, mas, ao mesmo tempo, não conseguia. Ele tinha poder sobre ela, mais do que ela estava disposta a admitir.
Ele inclinou-se levemente, tocando sua testa com a dele, como se compartilhasse a mesma confusão e desejo.
-Eu sei que você sente o mesmo, Sn. — Ele disse com um tom quase suave, mas cheio de certeza. -Mas talvez ainda não tenha percebido.
Sn sentiu seu coração bater mais forte. Ela não sabia o que fazer, não sabia o que pensar. Mas, naquele momento, ela também sabia que algo havia mudado para sempre entre eles. Algo que não poderia mais ser desfeito. E, por mais que quisesse resistir, ela não conseguia negar o desejo que se acendia dentro dela a cada olhar, a cada palavra trocada.
Ela apenas olhou para ele, sem palavras, sentindo a pressão do momento atingir seu ponto máximo. O que aconteceria agora? Ela não sabia, mas uma coisa era certa: nada entre eles seria mais o mesmo.
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Imagines
FanfictionImagines sobre: Marvel; Velozes e Furiosos; Brooklin Nine Nine; Supernatural; E atores no geral!