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Kika pov 

A noite tinha sido cheia de emoções, mas finalmente tudo parecia estar em paz. Eu e a Aitana estávamos sentadas no sofá, com a cabeça dela encostada no meu ombro, enquanto assistíamos a um filme. Não precisávamos de palavras, só a companhia uma da outra.

De repente, o som da campainha ecoou pelo apartamento.

— Outra vez? — Aitana resmungou, levantando a cabeça.

Olhei para ela, confusa.

— Não estavas à espera de ninguém, pois não?

Ela balançou a cabeça e levantou-se devagar. Fui atrás, o coração a bater um pouco mais rápido. Depois do que aconteceu com a Laia, qualquer interrupção inesperada deixava-me em alerta.

Aitana abriu a porta com cuidado, mas, ao invés de uma pessoa, encontrou... duas crianças.

Dois miúdos pequenos estavam ali, parados na soleira da porta. Uma menina, talvez de uns quatro anos, segurava a mão de um menino mais novo, que devia ter dois ou três. Ambos tinham grandes olhos castanhos, que olhavam para nós com uma mistura de curiosidade e medo.

Ao lado deles, no chão, havia uma mala pequena e uma nota dobrada.

— O que...? — Aitana começou, olhando para mim como se procurasse uma explicação que eu claramente também não tinha.

— Quem são vocês? — perguntei, tentando manter a voz calma.

A menina respondeu, a voz baixa e hesitante:

— Somos a Lia e o Matias.

Aitana abaixou-se para ficar ao nível deles, a preocupação evidente no rosto dela.

— Onde estão os vossos pais?

A menina desviou o olhar, apertando a mão do irmão com mais força.

— Disseram que ficávamos aqui... com a Aitana.

Os olhos de Aitana arregalaram-se, e ela olhou para mim em choque.

— Comigo?

Peguei na nota do chão e abri-a rapidamente. A letra era apressada, como se quem tivesse escrito estivesse a fugir:

"Aitana, eles não têm ninguém. Confio que vais saber o que fazer. Por favor, cuida deles."

Engoli em seco, enquanto o olhar de Aitana oscilava entre a carta e as crianças.

— Isto é alguma brincadeira? — ela perguntou, quase num sussurro.

Mas, ao olhar para as crianças de novo, percebi que não era.

— Aitana... — chamei, tocando-lhe no ombro. — Precisamos de saber quem os deixou aqui.

Ela assentiu, mas era evidente que estava em choque. Voltou-se para as crianças, o tom de voz mais suave.

— Vocês sabem quem vos trouxe aqui?

A menina abanou a cabeça.

— Foi uma senhora... ela disse que era tua amiga.

Aitana ficou imóvel, claramente tentando juntar as peças.

— Tudo bem... entrem — disse ela, finalmente, abrindo mais a porta.

Lia e Matias caminharam para dentro, agarrados um ao outro, enquanto eu fechava a porta atrás deles.

— O que vamos fazer? — perguntei, baixinho, mas Aitana apenas olhou para mim, ainda sem respostas.

Jogo do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora