Não era para Erick estar ali. Para alguém que pretendia chamar o mínimo de atenção possível, aquele bar aleatório seria o pior local para passar despercebido. Isso porque não havia como fugir dos avanços daquele barman atrevido, que não fazia cerimô...
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Erick me abraçava como se eu estivesse prestes a virar pó.
Pensando bem, se ele continuasse me apertando assim, acabaria me esfarelando inteiro.
— Erick, solta um pouco — tentei afrouxar o aperto daqueles braços enormes em volta do meu corpo —, eu vou ficar bem!
— Será que vai? — Ele segurou meus braços e me encarou.
Gente, sério, vocês tinham que ver a carinha dele!
— Claro que vou. Eu não acho que o Otávio seja doido de me prender lá sabendo que eu tenho um emprego e gente me esperando do lado de fora.
— Eu também não acho que ele tenha essa coragem. O que me preocupa é o que ele pretende enquanto você estiver lá.
Com a ponta do dedo, ele contornou uma cicatriz que eu tinha na lateral do pescoço a caminho do ombro. O gesto espalhou um arrepio pela minha pele, num misto de prazer pela carícia e uma dor resgatada do meu subconsciente. Senti vontade de chorar, mas não era de medo.
Perdi as contas de quantas vezes, ao longo da última semana, eu acordei chorando depois de um pesadelo. Algumas vezes Erick estava comigo e me abraçou, preocupado, enquanto me acalmava. Ele sugeriu que desistíssemos do plano, mas era tarde demais para voltar atrás.
— Eu aguento, amor. Já passei por coisa bem pior — respondi com uma determinação oscilante.
— Não significa que precise passar de novo...
— Gringo...
— Sorry, kiddo...
Rendido, ele me soltou e desviou aqueles lindos olhos azuis para algum ponto a esmo. Seu nervosismo era evidente, eu nunca o tinha visto assim e, sinceramente, sua instabilidade não estava me ajudando em nada.
— Tá, deixa eu te explicar uma coisa, lindo: eu não tô com medo. Não tô preocupado, nem achando que não vou dar conta. Tudo o que eu sinto agora é nojo, e eu preciso que você me dê um crédito aqui, tá legal? Se eu achar que você não confia em mim, vai ficar bem mais difícil.
Ele voltou a olhar pra mim, e sua expressão exasperada revelava seu conflito interno.
— Sorry, sorry, please! I just... — ele soltou o ar e levou os dedos ao meu rosto, contornando meu maxilar —, eu confio em você, okay? Deixa eu só... te olhar mais um pouco.
Sustentei sua inspeção por alguns segundos, mas não aguentei e voltei para dentro dos seus braços. Ficamos assim até que, pontualmente às 19h, meu celular vibrou com a chegada de uma mensagem. Só então eu o soltei.
Tinha chegado a hora.
Ele me encarou por mais alguns instantes, e eu pude jurar que vi seus olhos brilharem. Ignorando o que eu mesmo sentia naquele momento, ajeitei meu cabelo, soltando-o do coque que eu tinha feito mais cedo. Alisei minha camisa branca, que compunha com a calça skinny rasgada e um coturno um visual alternativo que eu sabia que o Otávio odiava.