28 - Necessidade

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Desta vez, Erick realmente esperou no bar até fechar

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Desta vez, Erick realmente esperou no bar até fechar. Não fiquei surpreso, afinal de contas, ele já estava esperando há uma semana que minha fase mimizenta acabasse. 

Ao longo daquela semana, nos três dias em que ele apareceu por ali, ficou um bom tempo fazendo o que costumava fazer: algo relacionado às três câmeras de vigilância, um celular, um tablet e zero palavras. Quando o horário estava avançado, ele se oferecia para me levar para casa, mas eu o mandava embora sob a desculpa de que sabia muito bem me cuidar.

É claro que eu sabia me cuidar, mas esse não era o verdadeiro motivo para evitar o boy.

Se eu queria evitar o homem mais gostoso, lindo e interessante que já conheci na vida? Claro que não! Não havia nada que eu quisesse mais do que me jogar no colo desse americano fodástico, mas meu coraçãozinho andava sensível demais.

A realidade era que, depois que contei minha história para ele, eu senti tanta vergonha que queria desaparecer. Eu nunca tinha me aberto sobre o meu passado com nenhuma outra pessoa antes, e foi horroroso ouvir as palavras que saíram da minha boca; aquelas verdades medonhas, puxadas dos cantos mais escuros da minha alma... foi como acender um holofote sobre tudo aquilo que passei, que ouvi e senti e... eu jamais pensei que me sentiria tão... sujo, inútil... covarde.

Eu não estava conseguindo levar de boa. Ficava me martirizando, me perguntando como pude deixar aquele velho asqueroso fazer tudo aquilo comigo no passado. E por que fui contar tudo ao Erick? Agora eu não conseguia olhar para ele sem sentir que ele estava com pena de mim, ou me julgando, ou até mesmo sentindo... nojo de mim.

— No que você está pensando? — Sua voz grave soou tão perto do meu pescoço que senti o calor do seu hálito me tocar, espalhando um arrepio ao longo da minha espinha.

Não era justo ele ter aquele sotaque. Não mesmo!

Terminei de trancar a cozinha e caminhei até a saída, com ele em meu encalço. Só respondi depois de ter trancado as portas externas.

— Não tô pensando em nada demais, só que você ficou mesmo por aqui...

Empatando sua noite?

Suspirei fundo antes de dar uma resposta ao meu... o quê? Eu nem sabia o que o Erick era para mim, ou eu para ele! Três fodas não eram suficientes para classificar uma relação. Resolvi criar coragem e ergui a cabeça para encarar aquela face deliciosamente emburrada.

Minha Santa Criadora dos Olhos Azuis...

— Infelizmente, empatou um pouco, sim. — Eu queria ter soado mais firme, mas estava mais para uma criança de oito anos brigando pelo pirulito roubado. — Eu gosto de conversar, me divertir com os gatinhos que chegam no meu balcão, e você me olhando com aquela cara de "sou o dono do boy"... não ajudou em nada.

— Viki... por que tá fugindo disso? — Ele gesticulou com uma das mãos, apontando para mim e para si. — Fala comigo! Eu sei que esse lance é bem recente, mas eu quero entender... fiz alguma coisa errada? Eu achei que a gente tinha começado alguma coisa...

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