Não era para Erick estar ali. Para alguém que pretendia chamar o mínimo de atenção possível, aquele bar aleatório seria o pior local para passar despercebido. Isso porque não havia como fugir dos avanços daquele barman atrevido, que não fazia cerimô...
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Eu estava bem cansado, mas nem podia imaginar o quanto tudo aquilo estava sendo pior para o Erick. Estávamos acordados há mais de 36 horas, e tudo o que eu queria era encostar em qualquer canto e apagar. Mas, antes de tudo, eu queria que ele pudesse descansar, o que parecia uma missão impossível.
Talvez fosse coisa de quem serviu no exército, mas a resistência dele me impressionou. Enquanto eu tinha dado várias cochiladas pelos bancos do hospital, ele se manteve alerta. Resolveu os trâmites relacionados à morte da mãe: papelada, preparação, cremação, e eu nem sei como ele conseguiu que as coisas ocorressem com tanta brevidade. Desconfiei até que ele deu seu jeitinho invadindo algum sistema para isso.
Eu também dei meu jeitinho no que me competia. Sem que ele soubesse, eu acionei minha rede de amigos. Não eram exatamente amigos dele, mas todos já o conheciam e, graças a mim, consideravam o Gringo parte do bando. No começo da tarde, Pedroso, Renata, Alessandra, Guilherme, Claudio e até a avó compareceram à capela ecumênica do hospital para oferecer apoio ao Erick.
Ele não esperava por isso, mas eu tive que intervir quando soube que eram apenas ele e a mãe. Eu não ia deixar que ele passasse por aquele momento sem uma despedida adequada. Foi notória sua surpresa quando todos chegaram e o abraçaram, e em alguns momentos, eu pude ver que estava emocionado por ter pessoas ali, gente que não conhecia Sarah, sua mãe, mas o consideravam o suficiente para se deslocarem até ali a fim de estarem com ele.
Podem falar o que for, mas minha família arco-íris é maravilhosa!
Quando, no fim do dia, meus amigos se despediram e perguntaram o que eu pretendia fazer, se voltaria com eles ou se ficaria na cidade, o Erick pediu que eu permanecesse com ele, pois havia um local onde poderíamos passar a noite. Eu já havia solicitado o dia de folga no bar, então não protelei em ficar.
Pouco depois, estávamos subindo pelo elevador de um prédio a caminho do tal local. Meus olhos ardiam e meu corpo doía em partes que eu nem me lembrava de possuir. Na medida em que a possibilidade de descanso se aproximava, mais o cansaço pesava, e eu podia jurar que cochilei no elevador por ao menos trinta segundos.
Descemos e paramos diante de uma das portas do corredor pouco iluminado. Ele digitou uma senha, então adentrei naquele lugar desconhecido. Com um comando de voz, ele acionou as luzes, e eu me vi num espaço muito diferente dos que estava acostumado a frequentar.
Tratava-se de uma área inteira sem paredes dividindo os ambientes. O acabamento rústico, o piso de madeira e o estilo da mobília lembravam muito aqueles cenários de filmes em que as pessoas moravam em lofts com elevador de portas pantográficas. Não consegui conter o sorriso.
— Qual a graça? — sua voz soou ao meu lado. Sempre atento... era impressionante como ele não deixava passar nada.
— Que lugar é esse? — Eu continuava sorrindo, pois já tinha chegado às minhas próprias conclusões só de olhar ao redor.