25 - Fantasia

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Eu ainda tremia quando abri o notebook para conversar com o Viki

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Eu ainda tremia quando abri o notebook para conversar com o Viki. Torcia para que ele não notasse meu estado nervoso, afinal de contas, ele não precisava saber o quão angustiante foi para mim encontrá-lo gritando em agonia durante o sono, nem como me senti impotente por não saber o que fazer ou dizer enquanto ele chorava em meus braços. No momento, era ele quem precisava de suporte e proteção de alguém. Meu coração sensibilizado dizia que eu poderia ser essa pessoa, mas minha mente analítica dizia que não. 

Não era o momento. Era muito cedo. Eu... não estava pronto.

O que não quer dizer que estava de boa com o fato. Muito longe disso. Eu já começava a sacar a natureza dos meus sentimentos e, embora nunca tivesse sentido nada parecido por ninguém antes, não era idiota de negar o quão era real e profundo.

Como alguém se afeiçoa a uma outra pessoa assim, tão rapidamente? 

Sempre achei esse papo de amor à primeira vista uma balela de gente sem-noção, pessoas alienadas ou viciadas em comédias românticas e romances clichê. Eu sequer acreditava no amor, ao menos na concepção difundida por aí. Eu tive amigos que se apaixonaram, se casaram e são felizes, então ok, era possível, mas eu não acreditava ser uma pessoa capaz de sentir as coisas nesse nível.

Bem, o Viki já tinha explodido o termômetro todo. Eu me achava incapaz de amar? Ele era um forte candidato a desafiar tal premissa. Talvez eu não pudesse nomear meus sentimentos ainda, pois era um misto de preocupação, desejo, carinho, admiração... Eu queria guardá-lo numa caixinha e ao mesmo tempo exibi-lo ao meu lado; eu queria que ele fosse só meu e de mais ninguém; eu queria apagar aquele grito angustiado que me acordou pela manhã, e se eu tivesse o poder de invadir mentes como tinha de invadir sistemas, eu disseminaria ali um vírus que destruiria tudo de ruim que ele supostamente viveu. 

Eu queria fazer isso; queria tudo isso, mas não conseguia aceitar o que isso significava porque era tudo muito recente, muito precoce.

Eu não acreditava no amor à primeira vista. Ponto.

— O que é isso? — Viki me arrancou dos meus dilemas, apontando para um ícone na minha área de trabalho. Tratava-se de um gorilinha mostrando o dedo do meio; o nome do aplicativo: Fuck You!

— É um app que desenvolvi.

— Gato, o que você fazia exatamente no exército? Já notei que você entende desse lance de computador; fez a egípcia quando perguntei como invadiu meu celular, agora eu me deparo com esse seu computador todo style, cheio de telinhas pretas com números rolando, nada igual aos que eu vejo por aí... 

Eu sorri. Viki era muito esperto.

— Inicialmente, fui um soldado comum, depois trabalhei na Segurança Cibernética.

— Sei... e você vai me contar só isso? Pode abrir o jogo, vai! Quero o babado completo! 

Olhei para ele, que me encarava com o sorriso de uma criança prestes a abrir um presente de natal. Ele abraçava aquela almofada da drag queen, os pés sobre o sofá estavam descalços, e ele encaixava a almofada nos joelhos erguidos. Seu cabelo estava preso no alto, vestia uma camiseta bem larga que revelava uma parte do ombro, e uma calça de malha que parecia aquelas peças feitas para dançar.

Indomável (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora