UM

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Miolos voaram e sujaram a parede do pequeno casebre quando meu taco acertou a cabeça de uma errante de vestido vermelho. Outros três mortos rastejavam em minha direção. Abati os três e continuei a andar, sem rumo, sem direção.

Era dia e o sol queimava minhas costas enquanto eu observava a coisa deplorável que nosso mundo havia se tornado. O odor de putrefação trazido pelo vento se tornava cada vez mais insuportável, me fazendo ter ânsias de vômito às vezes.

Fazia muito tempo que estava sozinho, desde o começo de tudo eu estava só. Algumas pessoas encontradas pelo caminho, nenhuma por muito tempo, um dias, dois no máximo. Sempre foi assim.

Minha companhia eram os mortos, uma espécie de divertimento, e eu adorava isso. E, neste momento, me sirvo de um delicioso feijão enlatado: um dos poucos alimentos ainda bons de se consumir após todos esse tempo de apocalipse.

Uma rajada de calor emanada pelo tempo atingiu meu rosto, fazendo meus olhos verdes lacrimejaram. E, apesar da quente temperatura e da incontrolável vontade de jogar este casaco azul, não posso. É uma maneira de me proteger contra as mordidas incessantes.

Uma maneira inválida. A realidade é que me acostumei a usar roupas assim, mesmo antes deste inferno.

À minha frente se erguia uma enorme construção de concreto com muitas, portas, instalações, janelas e etc. Um Shopping, tudo o que eu necessitava.

Meus suprimentos acabaram antes do previsto e agora eu teria que encontrar mais. Uma tarefa, talvez, um pouco fácil para mim.

...

Assim que entrei pela enorme porta de entrada, ouvi gritos. Não eram zumbis, era alguém vivo, uma garota para ser mais específico. Andei um pouco e, de frente para uma livraria, me deparei com uma garota loira cercada por cerca de uma dúzia de cadáveres - sem contar os que estavam estirados no chão, mortos.

A jovem loira de olhos brilhantes me observou entrar, uma expressão de pânico no rosto, a única coisa que tinha para se defender era um pequeno machado enferrujado e ensanguentado. Suas roupas pendiam do corpo com o peso dos detritos das cabeças dos corpos deteriorados e seu belo rosto, manchado de sangue.

Peguei meu taco e abri um buraco na têmpora do morto mais próximo: uma jovem de roupas destroçadas, pele cinzenta e murcha, olhos leitosos e dentes apodrecidos. Uma mordida se mostrava visível em sua jugular, provavelmente o modo como ela foi transformada naquele ser grotesco. O baque molhado do corpo apodrecido caindo no chão atingiu meus ouvidos e agora eu estava frente à frente com a garota que agora pouco gritava.

The Walking Dead - A Marcha dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora