The Walking Dead - A Marcha dos Mortos

VINTE E UM

A descomunal sinfonia de grunhidos atingia nossa audição, fazendo-nos tremer e se encolher cada vez que um zumbi extraviado passava se arrastando pela parede da pequena casa.

Havia algum tempo que a horda de mortos começara a passar por ali, e parecia que não acabava mais. Kelly acabou por cair no sono, e Daryl, apesar da relutância em seder, estava quase dormindo. E eu, abraçado com Beth, sentia seus batimentos cardíacos acelerados, suas respiração pesada e a tensão que tomara conta de seu corpo.

- Calma, tudo vai acabar bem. - eu falei, tentando acalmar Beth.

- Não tenha tantas certezas disso, basta um estalar de dedos para atrair a atenção dos mortos que estão passando - ela respondeu, com a voz aos sussurros.

- Vamos mudar de assunto, tentar tirar os zumbis que se movem lá fora da cabeça. - falei, sabendo ser algo impossível de se fazer.

- Eles dois, parecem bem juntos, felizes até. - Beth retirou um pequena mecha loira de seu cabelo de cima dos olhos.

- É, de fato, parecem. - Comentei, observando nossos dois amigos aninhados em um canto de parede, embalados por um sono profundo e sereno. Eles estavam muito cansados, há algumas noites que os dois não dormiam, e eu já estava me preocupando com o estado deles. E vê-los ali, conseguindo descansar em meio aquela balbúrdia, me dava um alívio impressionante. Talvez eles tenham apenas cedido ao cansaço, ou então a pressão dos acontecimentos seguidos tenham esgotados suas forças... o motivo não importava na realidade, o importante era que tinhan conseguido descansar, e isso já era mais que suficiente.

- Carol não vai gostar nada disso. - Beth falou, apos um curto período de silêncio que pareceu se prolongar por horas e horas.

- Quem é Carol? - questionei, em busca de respostas.

- Uma velha conhecida - foi somente o que ela disse.

- Ah, entendi. A namorada dele, não é? - procurei saber.

- Não exatamente. Digo, parece ser, mas ninguém sabe se é de verdade.

Os mortos continuavam sua marcha, fazendo com que odores desagradáveis atingissem nosso olfato. Os ventos balançavam os galhos das árvores, causando rangidos que se misturavam com o terrível som do mar de errantes que se deslocava naquele momento; uma névoa tinha consumido a noite, deixando aquele momento ainda mais sinistro do que realmente era. Fiz um carinho nos cabelos de Beth e a beijei na testa, notando então que minha bela dama havia sucumbido ao sono pertubante.

Agora só restava eu e a multidão de corpo que caminhava do lado de fora, e enquanto o vento frio do anoitecer batia em meus braços desprotegidos, fiz a única coisa capaz de me acalmar: comecei a cantarolar um música. Ali estava eu, eu apenas com a marcha dos mortos que se moviam do outro lado da parede.