The Walking Dead - A Marcha dos Mortos

VINTE

Além da pequena colina na qual subimos, erguia-se uma imensa massa de corpos ambulantes seguindo para o norte. Mortos de todos os tamanhos, formas, gêneros, raças e etnias. Caminhavam como um só, na mesma direção, tomando a forma de um mar de corpos em decomposição. Não sei para onde seguiam, seu destino era um segredo a todos que presenciavam sua enorme magnitude. Apenas o que sei era que precisávamos de um abrigo, pois aquele imenso tsunami de errantes cruzaria nossa rota para Alexandria e nós não podíamos está desprotegidos.

- Fui pega pelos primeiros zumbis da horda e tive que lutar para conseguir despistá-los e fugir. - Kelly comentava, narrando os fatos do que acabara de acontecer com ela.

- O problema é que, faz algum tempo que não vemos nada que possa servir como abrigo - Daryl complementou, segurando sua Besta, como se toda a munição para destruir aquela multidão morta estivesse ali.

- E aquilo? - Beth apontou para um pequeno casebre abaixo de nós, escondida nas sombras de uma imensa árvore.

- Ah, e ficar no caminho daquilo - Kelly falou, fazendo um gesto com as mãos que abranjia todos os mortos. - Não, obrigada. Sei que esta não é uma das melhores maneiras de viver mas desejo continuar minha vida assim mesmo.

- Bem, se observamos de forma mais precisa, veremos que a rota deles não passa exatamente pelo lugar onde a casa fica, e sim pelas proximidades.

- E em que você se baseia para dizer isso, Daryl Dixon? - A garota de cabelos cacheados questionou, olhando fixamente para ele e ignorando a expressão de Beth que parecia dizer: "toma essa!".

- No sentido que eles seguem, considerando que continuem com um movimento uniforme seguindo em linha reta, jamais passaram pela casa.

- Ah, então vamos se basear em possibilidades e estatísticas para garantir nossa sobrevivência? Não, agradeço. Prefiro me apegar a algo mais certo.

- Kelly, - fui eu a falar - não temos tempo para encontrar outro abrigo, antes de conseguirmos alcançar a estrada isso aqui estará lotado de mortos. Aquele lugar é nossa melhor opção. A única que temos.

- Destesto quando você tem razão, Lauan.

- É, eu também. - E fomos. Kelly, um pouco relutante, nos seguiu, segurando a mão direita de Daryl, com um olhar pesaroso por causa do evidente som da massa morta que se aproximava.

...

O pequeno casebre feito com madeira, parecia prestes a desmoronar. Seu interior, preenchido apenas por uma mesa, algumas cadeiras, utensílios de cozinha e um antigo forno à lenha, estava em estado deplorável, com mofo devorando as paredes. A porta abriu com uma facilidade que foi preciso colocarmos a mesa em sua frente para que ela nos transmitisse um fração mínima de segurança.

- E agora? - Kelly falou, com a voz trêmula, sua postura de segurança e determinação havia desmoronado e pela primeira vez desde que aconteci vi o semblante do medo em seu rosto.

- Agora aguardamos e rezamos para eles passarem o mais distante possível daqui. - Daryl disse, segurando a mão dela ainda mais forte, querendo transmitir um pouco da confiança que sentia para a garota.