Kim caminhava pelo corredor do hospital em direção a ala oncológica. Ela encaminhou-se ao elevador e apertou o botão, o mesmo subiu por uns minutos e parou no 4°andar. Neste momento, Kim deveria estar na escola, mas não estava preparada para enfrentar Sr. Abby que a encheria de perguntas, ou Tiffany e Eillen, que com certeza ameaçariam bater nela, caso as delatasse. Kim necessitava descansar sua mente um pouco e ficar temporariamente afastada dos problemas.O elevador parou com um solavanco e as portas se abriram lentamente para o longo e branco corredor, com diversos cartazes motivacionais pregados na paredes. Em passos lentos, Kim dirigiu-se no quarto de número 212, onde estava sua mãe.
Kim aproximou-se da porta, levou a mão à maçaneta, girou-a lentamente e abriu a mesma. Sua mãe estava dormindo. Ela entrou e fechou a porta devagar para evitar barulhos. Kim sentou na cadeira ao lado da cama e ficou observando-a dormir. Era doloroso vê-la ali, deitada e acabada, rodeada de monitores, máquinas e fios, lutando para se manter viva, lutando para não dar seu último suspiro. Kim segurou na mão de sua mãe e murmurou: "Como vou viver sem a senhora?"
Kim tinha medo de que sua mãe morresse, ela já havia perdido o pai, não aguentaria perder outra pessoa especial em sua vida novamente. Ela saiu de seus devaneios quando, Aiden Carter, o médico, entrou na sala, segurando uma prancheta.
-Olá Kim, não esperava te encontrar por aqui hoje. Você não deveria estar na escola? - murmurou.
- Hoje não tem aula - ela mentiu para o belo médico a sua frente. Dr. Carter aparentava ter pouco mais de 30 anos, tinha pele morena; cabelos escuros e atraentes olhos cor de mel.
- Preciso falar com você - seu semblante estava sério. Ambos saíram do quarto e dirigiram-se ao corredor.
- É sobre minha mãe? - Kim indagou, cruzando os braços.
- Sim, infelizmente, trago notícias ruins -fez uma pausa - Como você sabe, o câncer de Sr. Nina está em um estágio avançado e o corpo dela está muito fraco, além de que, não estamos obtendo resultados significantes no tratamento.
- O que o senhor quer dizer com isso? - indagou, com medo do rumo daquela conversa.
- Sinto muito, mas não podemos fazer mais nada - suspirou, olhando para kim com um expressão triste. Dr. Carter tinha dificuldade em dar más notícias a seus pacientes ou familiares, mesmo trabalhando há anos, num lugar em que pessoas morrem todos os dias.
- Quer dizer que... - Kim não conseguia terminar a frase, não conseguia pronunciar "morte" a palavra mais temida por ela.
- Você tem que aproveitar o máximo de tempo que ainda resta com ela - disse o médico suspirando, e retirou-se.
Ela encostou-se na parede e deslizou pela mesma até ficar sentada. Lágrimas silenciosas escorriam pela face de Kim, ela estava mal, péssima, morrendo de medo por dentro. O desespero não a deixava raciocinar direito.
Sua mãe poderia morrer a qualquer momento e Kim queria poder ajudá-la; queria poder salvá-la, mas nada poderia ser feito para evitar a morte.
Kim levantou-se, enxugou as poucas lágrimas que ainda restavam em seu rosto, e estampou um sorriso no mesmo, tentando fingir que estava tudo bem. Kim dirigiu-se novamente para o quarto. Mas dessa vez, sua mãe estava acordada.
- Kim o que você está fazendo aqui? Não deveria estar na escola? - Sr. Nina indagou com voz fraca.
- Como eu disse ao Dr. Carter, hoje não tem aula - respondeu Kim com uma pontada de tristeza na voz.
- Kim, está tudo bem? - indagou Sr. Nina, pois podia notar a feição de tristeza no rosto de Kim.
- Sim, está - respondeu sem convicção.
-Não minta para mim, Kim. Eu sou sua mãe.
-Está tudo bem, não precisa se preocupar.
-Não parece, aconteceu algo na escola?
- Não mãe, não aconteceu nada na escola. A única coisa que aconteceu, foi que eu fui convidada para ir em uma festa - comentou.
- Estou tão feliz em saber que você está se enturmando - disse Sr. Nina num tom alegre - Você vai à essa festa, não vai?
- Não estou com vontade de ir.
- Por favor, vá nessa festa - implorou.
- Mas eu quero ficar aqui, do seu lado.
- Mas você já fica o tempo suficiente do meu lado. - disse pegando na mão de Kim - Você tem 16 anos, precisa sair um pouco, se divertir, fazer amigos, e não permanecer o dia inteiro presa nesse lugar entediante, assistindo-me morrer aos poucos.
- Não fale isso, mãe - repreendeu Kim.
- Mas é a verdade - suspirou - A vida é tão curta e tão rápida para não ser aproveitada. Talvez essa festa mude sua vida, Kim. Por favor, vá por mim - pediu, olhando-a com olhos brilhantes. Kim não poderia salvar sua mãe, não poderia impedi-la de morrer, mas poderia realizar os desejos dela.
- Okay, eu vou...- Kim respondeu com um sorriso singelo.
- Obrigada, querida - agradeceu Sr. Nina, esboçando um sorriso inigualável, como há muito tempo não se via.
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Celeste - Série " Angelicais"
FantasiaKim Russel nunca foi uma garota popular. Do contrário, ela era a menina invisível da escola e alvo de bullying. Mas Kim tem sua vida mudada drasticamente quando é convidada a ir na melhor festa do ano, pelo garoto mais popular da escola. Mal sabia e...