Domar o Rinoceronte

Capítulo 42. Domesticação do rinoceronte. Consequências.

***De volta a Great***

Great não dormiu por dois dias depois que Dial desapareceu. Ele reagia com entusiasmo a cada farfalhar e som de uma porta se abrindo, mas quando via alguém que não era Dial, lágrimas vinham aos seus olhos. Ele se preocupava e se culpava pelo desaparecimento do guarda adjunto. Naquelas quarenta e oito horas, o garoto se transformara num papagaio que parecia ter esquecido todas as palavras, exceto a frase: "Dial voltou?". A juntar ao caldeirão de culpa do jovem, Lien não lhe dirigia a palavra.

Na segunda-feira, Travell levou Great, que se tinha tornado mais um zombie, à escola. Nan disse-lhe para não ir, porque já tinha previsto o final. Antes da aula, o rapaz decidiu ir à casa de banho, onde não esperava ouvir os colegas a falar sobre como era fácil seduzir o Great e como o Dial tinha chegado na altura certa... A adrenalina e o medo tomaram conta da mente do rapaz e ele não se apercebeu do que estava a fazer....

Travel ouviu no alto falante uma luta no banheiro dos rapazes e entedeu imediatamente do que o chefe falava.  Quando correu para o banheiro, três rapazes e um professor tentavam afastar o Great do Thomas, em quem ele batia.

- Great! Pára com isso! - um tom de voz forte como água fervendo percorreu o corpo do jovem e ele largou a camisa do Tomás, que estava coberta de sangue.

Nessa altura, chega a diretora da escola e exige que o pai venha à escola, esquecendo-se que o rapaz tinha perdido o pai há pouco tempo.

- Parvo! - Pegue o número do tutor do Great e diz aos pais daqueles dois para virem também. Eu levo-o a casa.

No caminho para casa, Travel olhou para o olhar vazio do jovem e sentiu pena do rapaz. Tinha perdido o pai e agora estavam a esconder-lhe que o Dial estava bem. O homem ligou a Nan, explicando a situação e dizendo que tinha dado à diretora o seu número de telefone do trabalho. Nessa altura, Great não ouvia nada nem ninguém, enquanto na sua cabeça, como uma repetição, vinham as palavras de Dial: "Desculpe interromper... Aqui tem o dinheiro para um táxi, pode ir para casa sozinho..." Um tom calmo, mas no momento em que Great se sentou, ele viu tanta dor nos olhos do cara que seu coração se apertou. Depois, convenceu-se a si próprio de que iriam conversar em casa... só que a conversa não era com Dial, mas com Lien, que até lhe tinha dado uma bofetada na cara. E, com a cabeça, o rapaz percebeu que era culpado e que o merecia, mas a criança abandonada que havia dentro de si não queria sentir-se culpada, porque doía muito.

Nan decidiu não contar à tia os problemas na escola, por isso, assim que Great chegou a casa, Max obrigou-o a comer umas torradas que voltaram a sair quase de imediato e, depois, por ordem de Lien, deu-lhe uma dose de comprimidos para dormir sob o pretexto de um sedativo. Por mais zangado que Raed estivesse com o jovem, compreendia-o melhor do que ninguém. No dia seguinte, foi decidido deixar o Grande em casa até que o psicólogo pudesse falar com ele. Nanfa vai à escola com o marido e com as provas do plano estúpido de Tomás e Buka...

No gabinete do diretor, os pais das "vítimas" estão indignados, exigindo indemnizações por danos morais e materiais aos seus filhos.

- Os seus filhos mereceram todos os golpes e todas as manchas negras que receberam! - Lien interrompe as lamentações da mãe do Tomás no tom mais despreocupado.

- Do que está falando ? O teu Great partiu o maxilar do meu Tommy! - A mulher grita, mas Lien levanta-se e pede o tablet emprestado ao diretor.

- Os seus dois idiotas provocaram um esgotamento nervoso no Great! Ele não comeu nem dormiu desde esse dia! Faz menos de um mês que ele perdeu o pai. Ele não pode ter nenhuma explosão emocional! Além disso, tive de procurar o meu filho noutra província durante toda a noite. E ele partiu numa moto! Agora vão ver com os vossos próprios olhos o que os seus filhos fizeram..." Lien levantou a voz, ficando de costas para os pais, enquanto abria o vídeo editado da correspondência de Tom e Buck, as suas conversas nas câmaras de vigilância da escola e o vídeo de sexo que Tom tinha filmado clandestinamente no seu celular.