Capítulo 6 - Lendas

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Eu estava no meu quarto ouvindo uma música sertaneja no meu fone de ouvido, por causa da Bella. Antes eu só ouvia MPB e Rock. Assim, já estava ficando surpreso com as mudanças que ocorriam na minha vida.

Olhei a janela, e lá estava o meu fusca. A minha sexta-feira não tinha sido lá essas coisas. Foi até sem nexo, porque o pessoal ficou falando de um assunto só. E adivinha! Estavam comentando que eu tinha me sentado na mesa da Bella, como se fosse uma coisa de outro mundo. Acho que era tudo inveja, porque eu me sentei perto da garota mais perfeita da escola. Mas ignorei os olhares, porque se eu ficasse me importando, com certeza teria que colocar uma camisa de força depois.

No jantar, a minha mãe parecia estar muito feliz com a minha viagem a praia. Tive que deixar claro que não era dessa vez que ela ia ganhar um neto. Eu nem tinha namorada.

-Filho, eu fico feliz por você ir em uma viagem com os seus colegas.

-Valeu, mãe.

-É sinal que está acabando com a sua timidez.

-Mãe, eu não sou tão tímido assim.

-Não. Só corre quando chega visitas aqui!

-Mãe!

-Tudo bem, filho! Parei...Mas vê se arruma uma namorada lá!

-Mãe!

-Tudo bem. Já entendi...

No outro dia, acordei e nem acreditei. O sol estava invadindo o meu quarto. Em seguida, me arrumei, e coloquei a minha jaqueta jeans. Depois fui para a loja do pai da Mikaela. Todos estavam lá. A Mikaela ficou feliz em me ver, e o Jorge fechou a cara. Eram 20 quilômetros de Forks até a praia. Fomos de carro até lá. Quando chegamos, Mikaela resolveu fazer uma fogueira e pediu ajuda dos garotos para caçarem gravetos. Alguns decidiram nadar, e outros resolveram fazer caminhadas. Eu fui junto com as meninas, porque elas estavam morrendo de medo de caminharem pelo bosque.

Logo voltamos para a praia e várias pessoas apareceram, até alguns adolescentes da reserva. Todo mundo se reuniu em volta da fogueira. A comida foi distribuída também. E fiquei sentado ao lado de Ângelo, ainda bem que ele não conversava tanto. Notei que uma menina ficou me olhando. Era a April. Quando terminamos de almoçar, as pessoas foram saindo.

Depois que Ângelo saiu de perto de mim, April veio sentar-se perto de mim. Parecia ter uns 14 anos e tinha cabelos pretos longos, preso com elástico. Sua pele era castanho-avermelhada, e os olhos eram escuros.

-Você é Edward Rwan, não é? –Disse ela.

-Desde pequenininho.

-Meu nome é April. Você comprou o fusca da minha mãe.

-Então você é filha da Belly? Mas não lembro de você.

-Você deve lembrar só dos meus irmãos: Rocha e Roberto.

-Eles estão aqui?

-Não. Eles moram longe agora!

-Legal!

-Gostou do fusca?

-Sim.

-Mas é muito velho. –Ela sorriu.

Eu devia agradecer a ela por lembrar de um detalhe desse. Como se eu não soubesse...

-Não é tão velho assim – Eu defendi o fusca.

Ela sorriu novamente.

-Eu dava uma arrumada nele, quando a minha mãe ficava desesperada.

-Uma mulher montando carro...

-Pois é. –Ela disse.

Laureano ouviu nossa conversa.

-Conhece o Edward, April?

-Desde que eu nasci.

-Legal.

Laureano se virou para mim.

-Edward, é uma pena que não convidamos os Sullen para vir.

-A família do Dr. Sullen? –Perguntou a April.

-Você conhece a família dele? –Laureano perguntou.

-Os Sullen não vem aqui. – April disse com um tom nervoso.

Fiquei pensando naquela resposta. Por que os Sullen não viriam?

Eu olhei para ela.

-Quer ir comigo até a praia? –Eu disse a April.

Fomos e eu coloquei as mãos nos bolsos da jaqueta jeans.

-Quantos anos você tem, April? – eu perguntei.

-Fiz 15 anos.

-Nem parece...Você vai muito a Forks?

-Não. Mas pretendo ir muito te vê quando eu tirar a carteira.

Eu dei um sorriso.

-Por que os Sullen não vem aqui? –Eu disse.

-Não posso dizer nada sobre isso.

-Nem se eu te der um abraço bem forte?

-Edward, não seja assim, por favor!

Eu sorri novamente.

-Posso te contar algumas lendas? – Ela me perguntou.

-Pode. –Eu disse.

Nos sentamos na areia.

-Dizem que somos descendentes de lobos, e por isso não podemos matá-los. E há também os frios. –Disse ela.

-Como assim? Tipo frango congelado, presunto...Essas coisas?

-Não, Edward. De acordo com a lenda, minha bisavó conheceu alguns deles. Eles são inimigos dos lobos. Mas apareceram há muito tempo atrás alguns que não eram como os outros, então minha bisavô fez uma trégua com eles, com a condição de não aparecerem por aqui.

-Mas se eles não eram ruins...

-Há sempre perigo. Nunca se sabe quando poderão atacar humanos.

-O que eles tem a ver com os Sullen?

-Eles são os frios.

-E o que eles são? –Perguntei em dúvida.

- A família Flintstones! - Ela sorriu.

-É sério! O que eles são?

-Vampiros.

Eu fiquei sem palavras com tudo o que ouvi.

-Não conte para ninguém. - Ela disse.

-Tudo bem.

Eu estava arrepiado. Mikaela e Jorge estavam se aproximando.

-Aí está o Edward! –Mikaela disse.

-Essa é a sua namorada? –Perguntou April.

-Não. É apenas uma tagarela.

Eu me despedi de April, e disse a ela que poderia me visitar. Eu saí com a Mikaela e o Jorge.

-Aonde você foi? –Perguntou Mikaela.

-A April estava me contando algumas lendas.

Enquanto estavam indo para o estacionamento, algumas gotas de chuva estavam caindo. No carro, eu quis sentar em um banco atrás, e fechei os olhos para não pensar em mais nada.

E se fosse ao contrário? (Paródia de Crepúsculo)Onde histórias criam vida. Descubra agora