Capitulo 1

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Eu sempre pensei que quando ficasse mais velha aquilo tudo mudaria, mas não aconteceu. Ter que conviver novamente e com frequência as mesmas memorias de criança é uma situação muito pertubadora. Eu realmente pensei que ele tivesse mudado, passou um bom tempo agindo diferente comigo e minha mãe, estava até tentando ser carinhoso e atensioso. Mas de uma hora pra outra tudo pode mudar. E foi assim que aconteceu. É um caos pessoal acordar de madrugada ouvindo seu pai, aquele que deveria proteger e cuidar de sua família, batendo e humilhando sua mãe. Vi essa cena por muitas vezes em minha infância, mas minha mãe sempre se calava quando eu tentava tocar no assunto.
O tempo passou, e apesar de tudo que ocorreu, cresci forte mas bem tímida. Falta exatamente dois meses para completar meus dezoito anos e me tornar responsável por todos os meus atos. Com isso poderei ir embora para um lugar distante com minha mãe, só para não vê-la mais sofrer. Eu tinha todos os motivos para me tornar uma garota rebelde e indomável, mas sou uma garota doce e simpática. Vou muito bem na escola onde falta poucos dias para concluir o ensino médio e poder me matricular na universidade que quero. 

Chamo-me Carla, amo desenhar, e em todos os meus momentos livres, quando posso, desenho tudo que vier a minha mente ou tudo que vejo, desde a desenhos surreais a coisas bem simples. Tenho perfeitamente meus dezessetes anos com muita saúde e beleza, mas não sou obcecada por aparências pois para mim o que importa é o carater da pessoa. Recebo muitas cantadas e elogios dos meninos da escola, contudo toda vez que isso acontece fico mais tímida ainda e não consigo falar nada além do que obrigada. Tenho cabelos longos e pretos, pele clara e altura conforme uma garota de minha idade, lábios rosados e um sorriso cativante.

Em toda minha vida escolar nunca me interessei em fazer amizades com alguém das turmas no qual passei. Mas houve uma breve e fantástica exceção. Agatha. É minha melhor e inseparável amiga desde o nosso 6° ano do ensino fundamental, foi tão marcante e surpreendente o modo como nos aproximamos que não tem como esquecer. Nossa turma estava representando o colégio numa gincana esportiva anual, pois havíamos ganhando a gincana interna do colégio para saber qual turma o representaria naquele ano, nisso no meio de uma prova em duplas acabei ficando com Agatha como parceira na modalidade de corrida 100 metros com barreira. A gente tinha começado a prova bem, estávamos ganhando, mas por um segundo na hora de um dos últimos saltos, acabo me distraindo e caio de um modo tão engraçado que todas as pessoas que estavam no ginásio começaram a rir de mim, contudo nessa queda torço o tornozelo e enquanto todos riam eu estava sentindo uma dor física insuportável. Foi quando levantei um pouco minha visão vi Agatha voltando, ela renunciou a vitória de mais um título para o colégio em prol a mim ajudar. Quando chegaste do meu lado envolveu meus braços em volta do seu pescoço e me ajudou a levantar, com dificuldade ela me levou para uma ambulância que havia no local e enquanto caminhávamos até lá ela sussurrou no meu ouvido "Não chora eu não irei sair do seu lado". Eu estava chorando muito e com medo. Agatha ficou do meu lado até a chegada da minha mãe e quando está chegou eu já tinha sido atendida, com o tornozelo imobilizado, com uma receita médica para alguns medicamentos junto com um encaminhamento para um exame. No dia seguinte, no qual era um domingo, recebo a inesperada visita dela, quando minha mãe nos deixa a sós em meu quarto começamos a conversar, a nos dar bem e foi assim como tudo começou. Durante todos esses anos de amizade compartilhamos vários momentos que nos deixaram cada vez mais inseparáveis. Ao contrario da minha pessoa, Agatha é bem falante, conversa com todo mundo e é muito extrovertida. Com cabelos loiros acastanhados, olhos verdes e pele clara também chama muita atenção dos garotos de qualquer lugar, é muito cuidadosa com seu corpo onde tenta sempre mantê-lo em forma, tem uma personalidade forte e uma mente brilhante.

Faltavam cinco dias para as aulas acabarem e tanto eu como Agatha estávamos muito felizes, pois assim que a gente termina-se o colegial iramos para a faculdade. Entre eu e ela havia um traço em comum: ambas gostamos de desenhar, só que o meu gosto pelo desenho é mais para o lado da arquitetura, engenharia, desenhos mecatrônicos e robóticos, já ela gosta dos desenhos relacionados a moda, design de ambientes. Neste dia o tempo estava muito agradável, o sol resolveu tirar uma folga do dia, não apareceu, e por todo aquele dia ficou totalmente nublado e com aquela carinha que iria chover, mas isso não ocorreu. Como de costume e desde quando nos conhecemos sou quem passo na casa de Agatha para irmos juntas, e porque hoje seria diferente? Por mais uma ventura do destino moramos na mesma quadra do condomínio residencial, só que não tão perto. A casa dela é um pouco maior do que a minha, quando chego passo pelo jardim e vou até a porta toco a campainha e a chamo:

Do rabisco ao suicidioOnde histórias criam vida. Descubra agora