Capitulo 5

662 53 0
                                    

Quando acordei, uma das primeiras coisas que fiz foi abrir um longo sorriso, era meu ultimo dia de aula. Enfim ensino médio concluído e com isso eu já estava com um pé dentro da faculdade que eu tanto queria. Arrumei-me e tomei café como de costume. Despedi-me de minha mãe e fui até a casa da Agatha era nosso ultimo dia de aula e a gente não podia ir separadas para a escola, tínhamos que ir juntas. Quando cheguei na casa dela esta já estava me esperando, tão contente como eu.

- Preparada para nosso ultimo dia? - ela fala com um sorriso bem feliz no rosto.

- Ainda me pergunta isso?! Mas é claro que estou! - e assim contentes fomos para o colégio. Chegando nesse todos estavam no mesmo clima que o nosso, nem as três ultimas provas que estavam diante de nós tirou nossa alegria. Não demoramos muito para as conclusões das provas, quando todos da minha sala terminaram ainda faltavam meia hora para bater para o intervalo, o professor que estava com nós era um dos professores que minha sala mais gostava e o mesmo gostava muito da gente e com isso ficamos conversando, rindo, relembrando daqueles anos de convivência e ali estávamos há poucos minutos para nos separarmos. Eu sou tímida, mas naquele momento eu me soltei até me estranharam com aquilo mais todos ficaram de boa. Fizemos declarações de despedidas e nessas declarações ainda levei cantadas em plenos poucos minutos para acabar a aula. Mas como sempre eu disse não, e nesse não eu tinha motivo para dizer, e que motivos eu tinha! Ricardo. Estava mesmo apaixonada por ele. Assim que tocou o sinal o professor nos avisou que não era mais preciso retornar para salas, pois as aulas estavam oficialmente terminadas! Todos deram um grito, tipo daqueles de 'Hee liberdade'. Eu e minha amiga fomos logo ficar no ginásio, e assim que chamamos lá Agatha me falou uma coisa que eu estava completamente esquecida.

- E ai Carlinha já alugou seu vestido para o baile amanhã? - quando ela me falou isso eu quase saio correndo para ir alugar.

- Meu vestido! - pego na mão dela e saio correndo tipo a arrastando comigo. Passamos em varias lojas, mas assim que eu perguntava se havia vestidos para alugar para amanha à noite diziam que todos já estavam alugados. Eu e Agatha já estávamos desistindo dessa procura impossível, parecia mais fácil achar uma agulha no palheiro do que achar um vestido para mim. Passamos por uma ultima loja e aquela seria a ultima pela qual eu tentava procurar um vestido. Assim que entramos a vendedora nos perguntou o que estávamos procurando, assim que falamos que queríamos um vestido para ser alugado para à noite seguinte ela nos respondeu que havia apenas um, pois o resto já estava todos alugados. Pedimos para ver e em poucos minutos a atendente o trouxe. Era um verde, mas era um verde de uma cor diferente, uma cor exótica. O achei perfeito e aluguei. Quando cheguei em casa eu não ouvia barulho de nada, estava muito tranquilo e eu estranhei. Então fui abrir a porta com minha chave, mas percebi que esta estava aberta, só encostada. Assustei-me porque aquilo jamais tinha acontecido, minha mãe jamais deixaria a porta daquele jeito, entrei e coloquei meu vestido no sofá e joguei minha mochila no chão. Passei por todos os cômodos da casa procurando minha mãe e a cada canto que eu passava que eu não a achava me desesperava mais, já estava ficando muito aflita, pois o meu maior desejo naquele momento era de encontrar ela. Passei por todos os cômodos e não há vi, tentei me acalmar, respirei fundo, e fui procurar com mais calma, assim que eu passei na cozinha a vi desmaiada no chão, inconsciente, tentei me manter calma para poder raciocinar melhor. Corri para sala porque meu celular estava dentro da minha mochila, eu me tremia muito e sem saber para quem ligar disquei o primeiro numero que vi na caixa de chamadas, quando atenderam só fiz pedir ajuda.

- Alô, por favor me ajuda, minha mãe esta aqui inconsciente e não sei o que fazer. - não sabia com quem eu estava falando e quando falaram no outro lado da linha eu me acalmei mais, só podia alguma coisa do destino, pois quem estava falando comigo naquele exato momento era nada mais nada menos que Ricardo.

- Se acalma, já estou indo para sua casa, vou com meu pai ele é medico. Vai te ajudar. Já estamos indo. - depois de alguns minutos os dois chegaram. O pai de Ricardo achou melhor levar minha mãe para o consultório dele, me preocupei mais ainda, mas ele me falou que naquele lugar não era muito apropriado para ajudar minha mãe naquele estado. Quando chegamos no consultório do pai de Ricardo ele fez uns exames em minha mãe para minha alegria ela estava bem. Mas precisava de cuidados, pois estava com machucados roxos, do tipo que depois ficam após uma surra que levou de alguém. Ele me falou que minha mãe iria acordar só no outro dia, pois o mesmo tinha lhe dado uma injeção para aliviar as dores, mas só que esta fazia a pessoa dormir.

- Agora que tudo está mais calmo poderia me dizer o que aconteceu? - pergunta o pai de Ricardo, não querendo falar, mas falei, pois não aguentava mais minha mãe naquele estado.

- É meu pai, desde minha infância eu o vejo humilhando e agredindo minha mãe. Já conversei com ela pedindo para não ficar mais morando na mesma casa que ele, mas ela insistir em ficar. Não sei o que fazer. - ele me aconselhou.

- Isso é um caso muito delicado e você já devia há muito tempo ter feito uma denuncia anônima contra seu pai. Porque do jeito que esta não ira acabar de um jeito muito bom.

- Eu sei disso seu Marcelo, mas ele ameaça minha mãe. - como o mundo é pequeno, o pai de Ricardo é o medico de dona Isabel mãe da Agatha. Ele me falou mais algumas coisas do tipo que quando acontecesse aquilo de novo eu poderia ligar pra ele. Então nos deixou em casa. Ainda fiquei mais um tempo acordada pensando, me perdendo em meus pensamentos, pensando em tudo que estava acontecendo, pensando principalmente em minha mãe. E naquele momento o que queria saber era o porquê que aquele desgraçado tinha feito aquilo com ela. Definitivamente eu não o considerava mais como o meu pai, da minha boca não sairia mais a palavra pai quando eu fosse dirigir a palavra a ele. Passei um bom tempo ao lado da minha mãe pensando, pra me aliviar peguei meu caderno de desenhos. Desenhei o que eu estava sentindo, não sei bem descrever o que eu desenhei. Mas quando terminei percebei que era um desenho surreal, daquele que você ver uma imagem, mas ver duas numa só. Fui tomar um banho depois disso e quando tudo estava mais tranquilo fui dormir. Amanha seria sábado e também o baile. Deitei minha cabeça no travesseiro e pensei 'conclui o ensino médio, amanha será o baile só quero que daqui por diante tudo acabe bem, dia após dia.'.

Do rabisco ao suicidioOnde histórias criam vida. Descubra agora