Capitulo 2

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Acordei naquela manhã meio indisposta para enfrentar mais uma maratona de provas, mas tinha que ir. Pois se faltasse essas notas no meu histórico escolar eu daria uma boa alongada na minha entrada na faculdade Art'Aq e esse é o maior sonho da minha vida e isso definitivamente não poderia acontecer! Criei coragem e fui tomar banho para ir à aula. Hoje não iria com Agatha, pois ela chegaria um pouco atrasada porque iria acompanha a mãe em uma consulta médica. Então tive que ir ao colégio sozinha coisa que não gostava de fazer nenhum pouco porque era ai que os garotos davam mais em cima de mim e isso me deixava muito tímida. Assim quando cheguei no colégio Caio, assim que me ver, vem correndo ao meu encontro e com isso logo fala:

- Bom dia Carla! - E sem nenhuma vontade de falar com Caio o respondi mesmo só por educação.

- Bom dia. - Todo contente pensando que iria bater um papo bacana comigo me respondeu logo de imediato.

- Onde está Agatha, sua fiel e escudeira amiga?

- Virá um pouco mais tarde hoje.

- Hum. Vai fazer alguma coisa de interessante hoje à noite?

- Me desculpe Caio, mas não iriei ao um encontro com você.

- Às vezes só quero entender porque você é assim, todos os garotos aos seus pés e você não quer nenhum. - Falou isso e pegou outro rumo para caminhar. Entrei na sala e me sentei na minha cadeira de sempre, que era quarta cadeira da fila do meio. Não demorou muito para a aula começar e todos os alunos da sala entrar para começarmos mais uma maratona de três provas bem cansativas, estava totalmente sem ânimo para fazer essas provas mas não tinha para onde correr. Enfim tive que encarar tudo aquilo. Quando iniciei a terceira e ultima prova ouvi o barulho da porta se abrindo quando olhei em direção a porta de minha sala vi Agatha entrando meio abatida com um rosto pior do que da minha mãe na noite de ontem, no mesmo instante fiquei preocupada com minha amiga, mas tive primeiro que terminar minha ultima prova para ir conversar com ela. Minha sorte foi que eu sabia de tudo o que contia naquela droga de prova, pois aquele era um conteúdo que eu havia aprendido bem. O sinal tocou e mais um dia de maratona de provas passou e a primeira coisa que eu fiz foi ir até minha amiga para saber o que tinha acontecido ou que estava acontecendo. Assim que eu me aproximei dela percebi que ela estava chorando, mas chorando de um jeito que eu nunca havia visto antes em qualquer rosto de uma pessoa. Preocupei-me mais ainda e de imediato perguntei:

- Me diz o que esta acontecendo Agatha! - Ela gaguejando quase sem conseguir falar entre seus soluços no choro, consegue me falar algumas palavras...

- Minha mãe está com câncer Carla, com câncer!

- Calma amiga ainda pode ter tempo de isso ser curado.

- Não bote esperanças num copo sem água Carla. Não bote! Ela demorou para iniciar o tratamento -  Falou isso num tom tão arrogante e ao mesmo tempo totalmente triste. Quando eu ouvi isso dela de imediato dei um abraço forte, pois era o que eu deverei fazer naquele momento. Ela me abraçou tão forte, com o passar dos segundos ela foi se acalmando e quando já estava calma perguntei o que estava realmente acontecendo com sua mãe e ela me respondeu:

- Acompanhei minha mãe hoje e quando entramos no consultório do doutor Marcelo, este disse que o exame já estava pronto e que tinha uma noticia para dar, olhei para o rosto da minha mãe e ela olhou pra mim, mas depois abaixou a cabeça e pediu para o médico falar o resultado. Ele falou poucas palavras e essas palavras me detonaram. Falou que sentia muito, pois o câncer que minha mãe tinha não havia mais jeito de ter cura ou tentar fazer tratamento e que tinha poucos dias de vida, porque o estado dele já estava muito avançado. Fiquei sem reação e a única coisa que fiz foi começar a chorar tentei perguntar minha mãe porque ela não tinha me falado isso antes, mas não consegui e também não precisei, ela mesma pediu ao doutor Marcelo que nos deixasse a sós e quando ele saiu ela começou a falar o motivo que não tinha me falado isso antes. Disse-me que também descobriu isso há pouco tempo e que não acreditava no que estava acontecendo, só não tinha me contado isso antes porque não queria me ver triste pelo resto de seus dias de vida. Nesses últimos momentos estava sentindo muito mais fraca do que antes, perdendo peso, uma fadiga muito intensa, mamilo doendo muito. Quando ouvi tudo isso tive forças para conseguir falar algumas palavras, pedi para ela parar de falar e que eu queria passar todas suas ultimas horas de vida ao seu lado dei um abraço nela e disse que eu a amava muito! Depois de tudo isso ela me trouxe ao colégio e agora estou aqui, estou tentando me dizer que isso é minha realidade desse momento e que isso não é um pesadelo. - Quando terminou de me falar tudo dei novamente um abraço nela e disse que não sairia do seu lado nesse momento. Levei-a para refeitório, pois do jeito que ela estava se não comesse algo urgente passaria mal. Mas ela disse para mim que não queria comer nada porque estava sem apetite e vontade, mas eu a fiz comer porque não queria ver ela mais mal do que está! Devagar foi comendo e depois de um bom tempinho conseguiu comer tudo. Minha mente não ficou comigo durante as duas ultimas aulas só relembrando o que minha amiga havia me falado há poucas horas. Levei-a para sua casa e depois fui para minha, mas assim que estava abrindo a porta de casa escutei uns barulhos vindos da cozinha. Nem fechei a porta direito e corri para lá assim quando cheguei no ambiente vi minha mãe no chão e o desgraçado do meu pai batendo nela com socos. Minha única reação ao ver aquilo foi pular em cima dele e tentar enforca-lo com uma chave de braço, mas ele era mais forte que eu e não sei como ele me tirou de cima dele, levou-me para meu quarto e começou a tentar me bater também, lutei contra ele, tentei me defender dos murros que este tentava me dar; mas em um ato impulsivo dele me empurrou contra parede que nisso bati minha cabeça na parede que acabei desmaiando com o impacto. Só lembro-me de ver a minha vista escurecendo e depois não ver mais nada. Quando comecei a abri meus olhos a primeira coisa que eu pensei foi em minha mãe e como ela estaria, levantei-me um pouco tonta e fui saindo do meu quarto a procura de minha mãe, passei pela sala e vi aquele homem, que pra mim não o considerava mais como meu pai, no sofá dormindo e com a televisão ligada. Andei pela casa toda aflita procurando ela, passei pela cozinha primeiro porque foi lá a ultima vez que a vi, mas para minha infeliz sorte não estava lá, quando voltei a rondar a casa novamente ouvi uns soluços de choro vindos do banheiro abri a porta e a vi sentada no chão com muitos machucados roxos pelo corpo e com a boca sangrando. Essa cena marcou completamente minha mente, queria muito mesmo abraçar minha mãe, mas não podia por conta de seus machucados. Peguei o kit de primeiros socorros que por minha sorte estava naquele banheiro e comecei a limpar e fazer curativos nos ferimentos dela. Minha maior vontade naquele momento era convencer ela a ir embora daquele lugar, dessa casa que só nos trazia lembranças ruins por longos e dolorosos anos, mas do jeito que ela estava, do jeito emocional e físico, aquele não era um bom e apropriado momento. Passei um certo tempo fazendo os curativos e quando terminei a levei para dormir em meu quarto, rapidamente dormiu e quando isso ocorreu fui tomar alguma coisa para dor de cabeça pois estava sentido ainda fortes dores por conta da batida que havia levado naquele momento. Assim tomei um comprimido e fui tomar um banho. Meu dia de fato não havia sido nada bom. Primeiro que a mãe de minha melhor amiga estava preste a morrer e segundo chego em casa e vejo aquele repugnante homem fazendo aquilo com minha amada mãe. Bom depois de tudo isso o que eu estava precisando era de uma noite tranquila de sono. Retornei ao meu quarto e dei mais uma olhada nela, para mim aquela noite calma de sono faria bem a ela. Só fiz pegar um travesseiro e deitar no chão ao lado de minha cama, não me incomodava em dormir no chão o que eu queria era ver minha mãe ficar melhor depois do que ela passou. Dormi rápido, meu corpo estava cansado, minha mente estava cansada, só aquela poucas horas de sono não aliviaria meu cansaço. Mas o que eu poderia fazer?

Do rabisco ao suicidioOnde histórias criam vida. Descubra agora