dezenove ✽

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Capítulo Dezenove

Travis

Meu fôlego escapava lentamente, o ar se tornando brevemente branco onde eu respirava. Fechei os meus olhos por alguns segundos, mas logo os abri. Encarando o malfeitor à minha frente.

- A Ravenna não tem culpa de nada. Porquê vocês querem tanto a menina?

Victor revirou os olhos e cruzou os braços, corporalmente manifestando-se contra a minha ingenuidade.

- Você não entenderia.

Suspirei, - Posso tentar...

Ele bateu o pé mais uma vez, amarrotando o seu terno caro. Por desconforto, desabotoou a jaqueta e se despiu dela, jogando a até o Greg para segurar.

Com o dedo longo e irregular apontado para o meu rosto de forma acusadora, e sua face alagada com fúria, expressou violentamente
- Você não conseguiria compreender! Com a sua vidinha perfeita e impecável, deve achar que tudo é simplesmente sublime. Mas, advinha só, não é!

Sacudi a cabeça desleixado.

- Sei mais do que você imagina, Victor. A vida não é um jardim cheio de rosas, mas não se pode olhar tudo através de olhos maléficos.

- O mundo só me ofereceu aspectos perversos. Acostumei-me com o vil.

Impressionava-me o quanto o homem forte e contundente, revelava um passado tão obscuro.

Pode-se assumir que a ocupação do pai possa ter sido um contribuinte avantajado para os modos do menino, mas havia algo a mais. Algo perambulava nas profundezas de seu olhar, algo indecifrável e cabalístico.

O desconhecido causava-me interesse.

- O que houve com você para lhe deixar tão danificado? - Questionei perplexo.

Com a minha inquisição, seu semblante tornou-se tenebrosa. Logo soube que não receberia uma resposta coerente.

- Adeus, Travis. - Respondeu vagamente.

Por conseguinte, um material preto foi posto sob minha cabeça e quaisquer visão que me fora oferecida, acabou-se.

-x-x-x-

A amarga escuridão durou apenas alguns segundos. E não existe palavras para descrever a desopressão que me preencheu quando o manto foi retirado. Bufei, deixando com que o meu ciclo respiratório voltasse ao normal.

Quando os meus olhos acostumaram se a claridade do quarto, e os meus sentidos retornaram por completo, percebi que além de estar sentado, o quarto em que eu me habitava, era um escritório.

A decoração era melancólica. Apetrechos sombrios enfeitavam o lugar, caveiras e um ocasional dragão de pedra me encarava com desgosto. A minha frente, havia uma mesa grande e acima dela, muitas folhas. Calafrios percorreram o meu corpo ao notar a pessoa por trás da mesa.

Não o conhecia, mas tinha uma ideia de quem poderia ser. Sua cabeça careca brilhava debaixo da pouca luz que penetrava pela unica janela que não estava coberta por uma cortina vermelha, como as outras. E seus olhos pequenos e negros pareciam invadir a minha pessoa. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios, dentes amarelados marcando presença.

- Travis, não é mesmo?

Não respondi a sua pergunta, em vez disso, questionei - Como cheguei aqui?

Ele sacudiu a cabeça, rindo - Você é bem frágil quando o assunto é drogas. Dorme igual um bebezinho.

- Vocês me drogaram? De novo?!

Meus olhos circularam o quarto, encontrando com os de Greg. Seu rosto estava limpo de qualquer expressão piedosa, mas o seus olhos revelavam o contrário. Mentalmente me pedia desculpas pelo ato, fazendo com que eu me questionasse se tinha conseguido um aliado.

- Não se preocupe, era só pra você dormir. Assumo que saiba quem eu sou, já que magicamente apareceu na porta de minha casa. - Ele disse, seu sotaque Nova Iorquino distinguindo-se entre as palavras ditas.

- Eu não sei de nada.

O plano era manter a minha boca fechada. Eu era o desentendido da história, talvez assim, conseguiria me manter vivo. Ravenna não tinha feito aparência até agora, e as minhas esperanças a respeito estavam lentamente evaporando.

- E eu não acredito nem um pouco nisso.

O seu sorriso contrastou com o que acabara de dizer.

- Não me faça te obrigar a me dar as informações que eu quero, rapaz. Já deve saber que eu sou bom no que eu faço. - Ele completou, o sorriso malicioso nunca abandonando o seu rosto.

Quase o respondi de forma sarcástica, mas um batido na porta me interrompeu. Escutaram-se berros e todos viraram para tentar observar a comoção. Os gritos que ecoavam pela sala eram abafados, mas podia-se escutar a palavra "Victor" ser repetida várias vezes.

Á minha frente, os olhos de Matt ficaram semi cerrados com desgosto.

- Quem ousa dizer o nome do meu filho?!

Assustei-me com o tom de sua voz. Era rigorosa e estridente. Tentei não diminuir a minha postura debaixo de seu olhar, mas era quase impossível. Ele esbanjava poder e dominância, intimidando todos no quarto.

De repente, a porta abriu é com um sorriso praticamente idêntico ao do pai, Victor disse - É bom estar em casa.
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FINALMENTE POSTEI ALGUMA COISA - não chegou a mil palavras, mas o ultimo capítulo está chegando e se prepare, porque vai ser gigante e com muita porrada e sangue 🌞

Obrigada por ler, vote e comente ❤️

- Ju

Redenção - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora