Capitulo Sete
Travis
A mesa estava farta. Lotado de diversos tipos de alimentos, saudáveis e outros nem tanto. Normalmente, encheria o prato sem restrições, mas o meu apetite diminuiu. Não deixei de comer, pelo simples fato de não querer preocupar ninguém.
Forcei o meu entusiasmo por estar na mesa, mas pelos olhos semicerrados e julgadores de Ravenna, sabia que ela era a única que não estava acreditando no meu teatrinho. Sucessivamente, a ignorei, mas logo teríamos que voltar à sua casa e o confronto seria inevitável. Não saberia o que dizer, não queria dizer nada.
Terminamos o almoço em silêncio, a conversa mínima se evaporando e misturando com a tensão no ar. Ravenna não interagiu muito, como eu, apenas nos afogamos em nosso constrangimento. Olhares foram trocados, bochechas coraram e expressões de vergonha se estamparam em nossas faces. Tudo isso por causa da cena na escadaria.
- Que dia bonito né? – Tia Susie perguntou, sem jeito por causa do silêncio ensurdecedor.
Pelo canto do olho, observei o John se restringir para não rir, suas bochechas se tingindo com uma cor rosada pela força que estava fazendo. Logo, um por um começou a cair na gargalhada, até que eu mesmo não aguentei e comecei a rir junto. Sem notar, meu olhar caiu sobre a Ravenna, e apesar de seu humor, ela estava sorrindo, cativando-me por um breve momento.
- Espera... – Henry interrompeu, trazendo o silêncio de volta. – Porque estamos rindo mesmo?
Sorri mais uma vez com sua pergunta irônica. Ravenna abruptamente se levantou, chamando a minha atenção.
Ela estava sorrindo, mas pude perceber que estava pensativa e confusa.
- Acho melhor eu ir... Antes que fique tarde.
Ela se despediu com um pequeno aceno, seus olhos nunca chegando à minha direção. Antes que eu pudesse sequer impor algum questionamento em sua ignorância em relação a minha presença, ela já estava de costas e a caminho da porta principal.
Por um momento, esqueci-me dos bons modos que me foram ensinados e me levantei da mesa sem pedir licença.
Quando cheguei à fachada da casa às pressas, ela já estava montando em sua moto.
- Ia me abandonar aqui?
Ela sacudiu a cabeça, não olhando diretamente em meus olhos.
- Você vai ficar; treinar mais, essas coisas.
- Sem o meu consentimento? – Estava indignado por ela ter tomado essa escolha por mim, eu já era bem grandinho para decidir o que fazer por conta própria e ela não parecia perceber isso.
- Ai Travis, por favor, para de fazer drama. Não é como se você corresse algum perigo aqui.
Estava irritado com sua ignorância. Já não havia mostrado que eu me importava com ela?!
Grunhi frustrado e antes que pudesse me impedir, as palavras escaparam da minha boca – Já pensou que talvez eu queira ir para passar mais tempo contigo?
Ela finalmente virou o rosto em minha direção e os olhos azuis que eu aprendi a apreciar lacrimejaram com uma camada de lagrimas.
- Mas eu não quero Travis.
Em questão de segundos, ela havia montado em sua moto e estava fora de vista no caminho de terra.
Suas palavras me atingiram como uma bala, possivelmente doendo mais do que um tiro. Estava incrédulo, não conseguia compreender o fato de que ela realmente havia ido, sem avisar quando voltaria ou se voltaria.
Chutei o chão, poeira subindo no ar.
- Ei, o chão não fez nada com você.
Meu olhar se voltou à fachada da casa, Henry me observando, entretido.
- Verdade, foi a sua prima.
Arrependi de ter deixado as palavras escaparem de minha boca, Henry tinha braços grandes, podia me machucar se ofendesse a Ravenna. Surpreendendo-me, ele riu alto – O que ela não faz Trav?
Apesar da situação, não pude deixar de sorri.
Não havia parado para pensar em tudo que a Ravenna conseguia fazer. Andava de moto, lutava, sabe atirar e ainda conseguia manter-se atraente, ela era extraordinária.
- Ei, chega de fantasiar com a minha prima. Vamos cuidar desse seu coraçãozinho ferido.
Sacudi a cabeça enquanto ele se aproximava.
- O que vamos fazer?
Levantou a mão e balançou as chaves de seu Range Rover – Beber.
Pior decisão.
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Redenção - Vol. 1
Mystery / Thriller"Sou o Travis." "Ravenna. Eu diria que é o meu prazer... Mas não é." A história de um garoto que não conhecia corrupção e de uma garota que era a definição da palavra.