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Capitulo Nove

Travis

 

Não há palavras para explicarem a dor de cabeça que senti ao acordar. O tamanho da dor era o suficiente para insinuar o quanto havia bebido na noite anterior. Muito. Muito mesmo.

Grunhi ao esfregar os olhos, removendo a cama de sono que sobrará. Lentamente levantei da cama, tendo cuidado para não fazer nenhum movimento brusco que afetará a dor já presente.

Caminhei até o banheiro, meus olhos se deparando com comprimidos e um copo cheio d’água delicadamente separados em cima do granito. Imaginei que fosse obra da Ravenna, mas sinceramente duvidava de sua capacidade em fazer algo legal por mim.

Meu pensamento se envolveu nela e comecei a questionar-me sobre a reação dela a me ver na porta de sua casa. Por ter bebido do jeito que bebi; não me lembrava do que ocorreu após a minha chegada. E certamente não estava entusiasmado em descer e descobrir.

Mas, de qualquer forma, teria que ser feito. Se ficasse escondido no quarto, afogando em minha vergonha, ela subirá e o confronto aconteceria. Com a intenção de acabar logo com a situação constrangedora, desci as escadas e fui até a cozinha, onde tinha certeza de que ela estaria.

Como previsto, a encontrei com metade de uma torrada em sua boca e o seu copo com suco de laranja vazio por um terço.

Com a boca cheia de pão, ela tentou sorrir, mas falhou e suas bochechas coraram. A cena foi inacreditavelmente adorável e como impulso, sorri de volta, mas logo parei; um clima tenso se situando no cômodo.

              - Dormiu bem? – Ela questionou; sua boca agora vazia.

Confuso, assenti, confirmando. Estava esperando que ela brigasse comigo por aparecer do nada, bêbado ainda por cima.

              - O que aconteceu ontem... Depois que eu cheguei?

Minha pergunta foi simples e inocente, mas a reação de Ravenna ao escutar as minhas palavras fez parecer que eu havia matado um cãozinho.

              - Você não se lembra? De nada?

Desespero estava estampado em seu rosto lindo, e logo assumi que o pior havia acontecido ontem.

              - Não... Ravenna, o que aconteceu?

Ela não respondia, sua boca abria e fechava repetidamente, mas não dizia nada.

Até que ela falou – Nada. Não se preocupa.

Sua voz rouca e emotiva revelou que algo havia sim acontecido.

Assentiu e se levantou do banco. Começou a fazer caminho até a saída da cozinha, mas a impedi, agarrando o seu braço.

              - Rave, me conta. Desculpa se eu fiz algo que você não gostou, me arrependo imensamente.

Ao contrario do que eu esperava, os seus olhos encheram de lagrimas, mas um sorriso forçado apareceu em seus lábios.

Retomando posse de seu braço, ela continuou com os seus paços apressados, até desaparecer nas escadas.

Sentei no chão, nauseado. E foi de tanto forçar a memoria que as lembranças voltaram.

Apareci, caímos, admiti que sentia alguma coisa por ela, a beijei e depois desmaiei. Tudo isso em questão de minutos. Algo que aparece ser tão pouco, mas que causará uma enorme transição em nossas vidas.

Levantei-me do chão, cabeça explodindo e juntas doloridas. Independente das minhas dores, subi as escadas, chegando a pular alguns degraus para andar mais rápido.

Assumi que estaria em seu quarto e acertei ao entrar, encontrando uma Ravenna encolhida sobe sua cama.

Pegando nós dois de surpresa, a deitei, colocando as duas pernas em cada lado de seu corpo.

              - Eu lembro. – Sussurrei antes de conectar as nossas bocas.

O sentimento era incrivelmente melhor do que quando se tá bêbado.

Dessa vez, senti a paixão e os tais “fogos de artifícios”. O beijo era um dos melhores que eu já havia compartilhado com alguém. Meus dedos se entrelaçaram com o seu cabelo macio, enquanto suas mãos pequenas se situaram no meu pescoço, o ocasional arranhão fazendo arrepios percorrer pelo meu corpo.

Pegando-me de surpresa, Ravenna nos girou, fazendo com que ela ficasse em cima de mim. Sua estatura ficava ainda mais sensual da visão que eu tinha. Ao se abaixar para me beijar mais uma vez, o decote de sua blusa baixou o suficiente para me agradar, seus doces lábios me impedindo de dizer qualquer profanidade.

Cautelosamente, minhas mãos assumiram posição em suas coxas. Sua linguagem corporal estava me incentivando a continuar, então lentamente as levei até a sua bunda, apertando a de leve.

Um suspiro escapou de sua boca, sua falta de ação deixou com que eu assumisse o controle, e nossas línguas entraram em um combate para o domínio.

A falta de ar me perturbava como uma mosca chata, e contra a minha vontade, me retrai, somente o suficiente para recuperar o fôlego.

Voltei para continuar o beijo, mas Ravenna tinha outra coisa em mente e sua boca se direcionou ao meu pescoço. Doces e delicados beijos foram plantados pelo perímetro, ocasionalmente ela passava perto do meu ponto fraco e quando finalmente o achou, um gemido escapou da minha boca.

Ela se levantou, me olhando de forma travessa.

              - Ta se divertindo ai, Trav?

Sem palavras, apenas sacudi a cabeça, dizendo que sim.

              - Pena que teremos que parar. – Ela fez bico e a expressão inocente só me fez querer a beijar mais.

              - Por quê? - Encontrei a minha voz.

              - Tenho que te ensinar a atirar o mais cedo possível. Temos uma missão a cumprir logo.

Sem qualquer outra explicação, ela se levantou, forçando os quadris para baixo um pouco mais do que necessário. Grunhi, enquanto ela sorria satisfeita com a minha reação.

Tentei me fazer de indiferente com sua escolha de parar, mas ao passar perto dela, não me conteve e roubei um beijo, mordendo o seu lábio inferior.

Estava surpresa com a minha atitude e eu; nada mais e nada menos do que absurdamente feliz. 

Redenção - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora