Capitulo Um
Sua moto uivou em protesto enquanto ela estacionava no asfalto de terra, a poeira correndo pelo ar na madrugada daquela sexta úmida. A logo Starbucks brilhava em contraste ao céu escuro, pequenas estrelas complementando o como leve respingos de tinta branca.
Ao entrar, o sino tocou, mas a pouca quantidade de clientes que tinha dentro do estabelecimento não se importaram o suficiente para parar o que estavam fazendo e ver quem era. O lugar era decorado de forma simples, paredes beges e o chão tinha aparência de madeira. Sendo assim, ela se situou em uma mesa que ficavam em um dos cantos escuros do café, se escondendo nas sombras, na tentativa de se tornar invisível. Porém, falhando drasticamente.
Ela pensou que ninguém havia prestado atenção nela, mas um garoto em particular teve interesse na garota misteriosa que acabará de entrar no local. Ele a observou sentar, ele a observou olhar pela janela ansiosamente, ele a observou até demais, logo decidindo parar de observar e agir.
- Oi.
Ela levantou a cabeça, preparando o seu rosto com a expressão mais ameaçadora que ela conseguia produzir. Olhos verdes a encarava de volta, cabelo cor de chocolate espetado em todas as direções moldurava o seu rosto perfeitamente e seu sorriso brincalhão a cativou por um segundo. Logo percebeu que talvez estivesse encarando de mais e mudou a direção de seu olhar.
- O que você quer? – Ela resmungou, esperando que o seu tom de voz fizesse com que o interesse repentino do garoto diminuísse um pouco.
Apesar da surpresa momentânea, ele se recompôs em um piscar de olhos, o seu sorriso aparecendo mais uma vez, portanto, com um entusiasmo menor do que antes.
- Posso te pagar uma bebida?
- Não.
Ela verificou as janelas antes de olhar para ele de novo. Com a demanda de vir sozinha, estava com medo de ser pega com ele e seus planos irem ralo abaixo.
- Por quê? Está esperando alguém?
- Sim.
- Ótimo! Adoro conhecer pessoas novas! - Ele obviamente estava tentando a irritar com o papo furado dele, sucessivamente conseguindo.
Ela o fuzilou com o olhar antes de tentar explicar - Olha, você tem que ir embora, não é seguro. – Gaguejou.
Ele achava que não fosse nada demais, apenas uma forma sutil de dizer que a presença dele não era bem vinda. Mas o seu instinto disse que havia algo a mais, um duplo sentindo, e ele era curioso demais para deixar aquilo de lado.
- Por quê? – Ele perguntou, levando o que disse a brincadeira. Como ela queria que fosse.
- Porque-
O som de gritos e vidro quebrando a interrompeu; levou um segundo, mas ela finalmente percebeu o que estava acontecendo.
- Abaixa! – Ela gritou.
Apenas alguns escutaram e obedeceram.
O restante já estava morto.
Com apenas um movimento brusco, ela arrasto o garoto imóvel e chocado para de baixo da mesa, mas se manteve de pé e sacou a sua arma, esperando com que os atiradores chegassem à mira dela. E quando eles finalmente apareceram de novo, ela não hesitou em atirar. Eliminando pelo menos três, decidiu que fosse hora de escapar.
Correu para a cozinha, mas não percebeu que o mesmo garoto a seguiu.
No meio de tudo aquilo, sentia que teria alguma chance de sobreviver, nem que seja mínima, seguindo a.
- O que você está fazendo? – Ele questionou agitado.
- Você não tem medo de morrer não? – Ela perguntou; curiosa para saber por que ele seguiria uma estranha que carrega uma arma.
- Se você quisesse me matar, poderia ter feito isso há muito tempo.
- Ainda dá tempo, quer testar?
Ele automaticamente se diminuiu; sua bolha de confiança estourando.
Ignorando a presença dele, ela foi à procura da porta dos fundos e xingou quando viu o imenso cadeado na porta. Suspirando, ela mirou e atirou, fazendo com que o objeto explodisse em pedacinhos, liberando o caminho.
Chutou a porta enferrujada, abrindo a por completo e saiu no estacionamento vazio. Estava ainda mais escuro do que antes, se possível, e a leve brisa, se tornou um vento forte.
Ele não conseguia acreditar como ela podia estar tão calma numa situação dessas, mas imaginou que talvez não fosse a primeira vez que algo assim ocorra com ela. A realidade da corrupção desse mundo finalmente se acomodando em sua cabeça.
Suspirando, ele perguntou, - Para onde vai?
Ela apenas riu e subiu na sua moto, - Quer ir junto?
Imaginava que fosse negar, mas ficou surpreendida quando ele aceitou o convite sarcástico e não pôde deixar de se sentir ligeiramente satisfeita.
Ele subiu na moto e se inclinou para frente, mas não ao ponto em que estivesse totalmente encostados um no outro.
- Sou o Travis, a proposito.
- Ravenna. Eu diria que é o meu prazer, mas não é.
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Redenção - Vol. 1
Mystery / Thriller"Sou o Travis." "Ravenna. Eu diria que é o meu prazer... Mas não é." A história de um garoto que não conhecia corrupção e de uma garota que era a definição da palavra.