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Capitulo Oito

Ravenna

Já estava se entardecendo e o sol lentamente se escondia, levando o seu calor junto, trocando o pelas brisas frescas. A casa parecia mais vazia do que o normal, e nem a xicara de café quente em mãos estava me confortando.

Se eu me arrependi de ter deixado o Travis na casa dos meus tios? Talvez, mas eu sabia que seria melhor. Sem ele aqui, eu não teria que me preocupar em revelar demais, e ele não se aproximaria demais. Minha decisão foi feita para livrar-nos de dores futuras, então porque isso já estava me machucando?

Suspirei, cansada de pensar no assunto, mas parecia a única coisa que perambulava na minha cabeça.

A companhia tocou e imaginei que fosse uma escapatória dos meus pensamentos. Mas, também podia ser alguém que havia descoberto o meu esconderijo, sendo assim, peguei a minha arma de reserva e coloquei no espaço entre a minha calça de moletom e costas.

Lentamente abri a porta, me deparando com o Travis. Incrédula, observei a figura cambaleante.

Ele inclinava para um lado e depois para o outro, dando a entender que estava prestes a cair. Eu o puxei pelo braço, arrastando o bêbado soluço para dentro da minha sala.

Inesperadamente, sua força caiu sobre mim e fomos tropeçando até o chão.

Grunhi, empurrando o para trás, porem ele não se levantou.

              - Henry disse que beber ia curar o meu coraçãozinho ferido. – Ele sorriu bobo.

              - Henry é um idiota. Os músculos dele são maiores do que o cérebro.

Travis riu alto, não saindo de sua posição.

              - Ele disse que você está com medo de se apaixonar por mim.

Engoli em seco, mentalmente anotando um lembrete de costurar a boca do meu primo fechado.

              - Ele estava bêbado, Travis, você não possivelmente acreditou.

Ele sacudiu a cabeça, fazendo bico.

              - Ele não bebeu Rave.

 Suspirei, meus olhos grandes pela nossa proximidade.

              - Ele mentiu. – Não conseguia pensar em mais desculpas.

Com uma sobrancelha arqueada, ele questionou – Então, se eu te beijar agora, você não vai sentir nada?

Indignada, respondi – Você não pode-

Interrompendo-me com os seus lábios, o gosto do álcool barato acrescentou uma característica peculiar ao beijo. Peguei-me de surpresa ao retornar o ato, puxando o mais perto pelo pescoço. Era apressado e desesperado, como se estivéssemos esperando há muito tempo por esse momento, o que é irônico já que nos conhecemos há apenas três dias.

Lentamente nos separamos, sem fôlego e de boca inchada. Olhamos um para o outro, mesmerizados, até que começamos a sorri, nossos risos abafados preenchendo o silencio do cômodo. 

              - Acho melhor você ir dormir. – Sussurrei, empurrando o seu cabelo para trás, analisando o seu rosto. Certo tipo de carinho por ele surgiu dentro de mim e sabia que se algo fosse acontecer com ele, eu ficaria arrasada.

              - Quero passar mais tempo com você.

Um sorriso se abriu em meu rosto – Pelo menos tome um banho.

Ele concordou e o ajudei a levantar após fazer o mesmo. Com um braço sobre o meu ombro, levei o até o quarto de visita. Travis situou-se na cama enquanto fui pegar os comprimidos para dor de cabeça e um copo d’água.

Na minha ausência, a fadiga tomou conta de sua pessoa e o silencio no quarto foi interrompido por seus leves roncos.

Fechei a porta e saí; meus dedos se dirigindo aos meus lábios para certificarem se de que tudo aquilo realmente tinha acontecido.

Eu estava seguindo as instruções para uma catástrofe, mas parecia o correto, parecia perfeito. 

Redenção - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora