The Red Door

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Como a maior parte do serviço foi feita pelo Homem de Ferro, eu não tive um dia muito cansativo. Madeiras sendo jogadas de um lado para outro. Destroços para cá e para lá. Num instante acabamos. Ambos saímos do lugar ainda dispostos. Mas para falar a verdade, eu precisava de um banho antes de fazer qualquer outra coisa. Minha camisa azul clara estava coberta de suor.

Por isso, fomos para casa e eu fiquei lendo uma revista enquanto esperava que Stark terminasse o banho. Ele saiu com uma toalha entrelaçada na cintura e os cabelos espetados ainda pingando gotinhas d'água. Passei por ele me trancando no banheiro.

Fiquei pensando no que estávamos vivendo. E o quanto era estranho, por exemplo, eu vê-lo só de toalha, ou ele ver minha cara no momento em que eu acordo. Acordar ao lado de Tony Stark era uma das últimas coisas que eu pensaria em fazer, mas que aconteceu. Isso me fez imaginar que podemos, a qualquer momento, vivenciar situações que nunca passaram por nossa mente antes. Acho que nada é impossível afinal. Eu mesmo sou uma prova disso.

Terminei de me vestir, e finalmente deci as escadas. Tony estava no sofá com o queixo apoiado na mão e o celular na perna esquerda. Ele observava cada movimento meu. Antes que eu pudesse sugerir que fizéssemos alguma coisa, Jarvis falou:

— The Red Door.

— O que? — eu disse, como se ele tivesse falado comigo.

— Localização: dois quarteirões à esquerda.

— Okay. Vamos! — disse Tony, pegando seu casaco de couro preto.

— Aonde vamos?

— Descobrir se você sabe se divertir. — um dos cantos de sua boca se voltou para cima quando ele falou isso.

E então saiu pela porta, reclamando sobre o tempo frio. Eu o acompanhei abraçando meu próprio corpo quando o vento cortante alcançou meu rosto.

Paramos em um lugar onde vários jovens entravam e saíam. Havia uma fila enorme na entrada. Mas Stark a ignorou e foi direto para as grandes e vermelhas portas.

— Desculpe, senhor. Vai ter que entrar na fila. — disse um jovem alto e moreno.

Tony abaixou seus óculos até a ponta do nariz e encarou o sujeito. De repente seus olhos ficaram arregalados e suas sobrancelhas quase encostaram na raiz dos cabelos.

— Oh. Meu. Santo. Deus. O senhor é o...

— Exatamente. — disse Stark, com um sorriso convencido. Eu revirei os olhos para isso e o garoto abriu a porta nos deixando passar. Milhares de murmúrios e reclamações podiam ser ouvidos atrás de nós.

Eu segui Tony até um dos balcões de bebidas. O ambiente era multicolorido e a música estava muito alta. Dezenas de meninos e meninas se balançavam de um lado para outro na pista de dança.

Uma garota morena servia drinks e corria para lá e para cá de acordo com os pedidos. Ouvi Tony pronunciar as palavras "Jim Beam", mas eu não sabia ao certo o que era aquilo. Depois de certo tempo, a garota entregou um líquido cor de cobre nas mãos dele.

Tony ficou me olhando por um momento com a cabeça levemente inclinada. Eu fiquei confuso com aquilo, então levantei uma sobrancelha e abaixei a outra. Ele se virou para o bar e pediu mais um. Imaginei que fosse tomar, mas em vez disso, ele estendeu a mão entregando-me a bebida. Hesitei por um momento oscilando o olhar entre o copo e o homem que o tinha me dado, mas acabei deixando o líquido preencher minha boca e minha garganta. Aquilo desceu queimando como fogo. Tenho certeza que fiz milhares de caretas, pois Stark estava bem à minha frente rindo de tudo que eu fazia a partir daquele instante.

— Mais duas. — ele pediu.

Estreitei os olhos em sua direção entendendo que a guerra tinha começado. Começamos uma competição de quem bebia mais rápido, ou quem bebia mais. Nem sei.

— Capitão bundinha. — ele sussurrou com sua típica voz rouca matinal.

Eu sorri, ao perceber que aquele apedido já não me incomodava mais. Porém, logo fiz uma careta de dor quando senti uma pontada na cabeça. Levei ambas as mãos até minhas têmporas e sentei-me na cama.

— Meu santo Deus. Isso dói para caramba.

— Uh, pensei que fosse falar uma palavrão, Cap.

— Tanto faz.

Ele virou-se e pegou uma pílula e um copo d'água. Eu bebi sem nem perguntar o que era. Minha cabeça doía tanto que eu nem estava pensando.

— Me desculpa por ontem — disse Stark, me encarando com seus olhos castanhos penetrantes.

Uma grande interrogação se formou em minha mente. Meus olhos passearam por cada canto do quarto em busca de respostas para a noite anterior, mas nada veio. Não me lembro de muitas coisas.

Após o terceiro ou quarto drink, as cenas são como um borrão. Luzes piscando, pessoas gritando... Tony estava dançando comigo. Várias garotas nos cercavam e eu me lembro de ter sentido uma língua passar pelo meu pescoço. Daí eu me viro para encarar a pessoa, mas não consigo ver nada.

— Pelo quê? — perguntei — O que houve ontem?

Seus olhos se comprimiram e sua testa enrugou. Ele estava confuso. Mas imediatamente respondeu:

— Nada, nada. Esquece.— e riu nervosamente.

— Ah. — assenti, ainda desconfiado.

— Tá bom então.— bateu uma palma— Vamos comer alguma coisa? Eu sei que eu estou com fome. Você não está com fome? Eu estou. — ele disse, apontando para seu próprio peito e dando de ombros, enquanto levantava-se e caminhava até a porta.

Eu precisava descobrir o que tinha acontecido na noite passada. Não era qualquer coisa que deixava Tony Stark assim. E o quer que tenha sido, foi muito significativo. Provavelmente seria para nós dois, se ao menos as memórias não tivessem fugido de minha mente.

Like Toy Soldiers • StonyOnde histórias criam vida. Descubra agora