White Lights

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Nossos rostos estavam colados. Juro que por um momento aquilo pareceu totalmente natural e até...certo. Eu me senti seguro. Aquela música ainda estava tocando. Minha mente vagueou muito antes de cair num limbo onde só nós dois existíamos. Só nós.
Senti uma mordida no lábio inferior. Então de repente, Tony me empurrou e se levantou abruptamente. "O que eu fiz?" Pensei. Ele parecia perturbado. Seu maxilar estava tenso.

-Porra. -ele disse, entre respirações.

-O que foi? -perguntei, com medo da resposta.

-Não podemos fazer isso.

Ele olhava para todos os cantos da sala, menos para mim. E aquilo me deixava um pouco chateado. Por que ele não conseguia me olhar? Ele estava arrependido? Com vergonha? Eu estava.

-Você parece tão... inocente comparado a mim. Você é tão certinho... Não que isso seja um defeito. Eu gosto disso. Você é o meu oposto.

-O que quer dizer? -eu não estava mesmo entendendo mais nada.

-Eu não quero magoar você, okay? Então só... Não tenta fazer isso de novo.

-Isso não é um problema. Nem sei porque fiz isso. -disse, cruzando os braços e me recostando no sofá. Mentindo. E fingindo não me importar.

Sua expressão de arrependimento instantaneamente mudou para confusão. Um breve sorriso, quase invisível, atravessou seus lábios. Não conseguia adivinhar o que Tony poderia estar pensando.

-Qual é! -ele falou com um olhar irônico que me deixou intrigado.

-O quê?

-Nada. Deixa para lá. Eu só estava tentando dizer que você é... Porra. Não dá.

E com isso ele se mandou para o quarto, me deixando com nada menos do que milhões e milhões de interrogações na minha cabeça. Dessa vez eu não ia deixar passar. Fomos longe demais para voltar agora. Ele também sabia disso. Ignorar esse fato só pioraria tudo.
Subi as escadas seguindo seus passos e entrei no quarto. Não o vi lá dentro, então apenas virei a direita me dirigindo ao banheiro. E como eu imaginei, ele estava com os braços apoiados na pia.

-O que quis dizer? -perguntei.

Ele deu um suspiro longo como se estivesse prestes a dar um mergulho e se virou para me olhar. Isso foi meio que um alívio para mim. Não sei dizer ao certo o porquê.

-Olha, Rogers...

"Lá vem com essa de novo!", pensei. Mas em vez de tornar meu pensamento audível, apenas revirei meus olhos. E aí Tony interrompeu a si mesmo.

-O que foi isso?

-Isso o quê?

-Você revirou os olhos. O que quer dizer?

-Você fala isso mas age como se fosse um pouco mais que um amigo. Não é coerente. -decidi ser sincero pelo menos uma vez.

-Mas eu não estou sendo incoerente! Eu tô te dizendo que... -ele suspirou - Olha só, eu já fiquei com tanta gente! Eu nem sei porque eu me sinto tão diferente quando eu tô com você. Mas a questão é que eu não posso torná-lo parte disso.

Meu coração não se decidia entre se derreter ou odiá-lo. Eu nem sabia ao certo o motivo daquela discussão. E esse fato a tornava ainda mais estranha e inconveniente. Acho que à essa altura eu já estava a fim dele. Mas não conseguia admitir isso nem para mim mesmo. Muito menos para ele.

-Capitão Bundinha... -disse ele, subtamente.

Quase me rendi a um sorriso com essa lembrança, mas percebi que ele não estava brincando. Ele estava mesmo debochando de mim. Eu não acreditei naquilo!
Me arrependi e me amaldiçoei por todos os momentos legais que tínhamos tido até aquele. Não foi real. Devia ser só uma brincadeira que eu acabei levando a sério. Minha raiva só aumentava.

Like Toy Soldiers • StonyOnde histórias criam vida. Descubra agora