Breathless

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Tony manteve sua cabeça apoiada no meu ombro e eu fiquei acariciando seus cabelos pretos e lisos. Seus olhos piscavam lentamente. Eu sentia seu calor sobre meu corpo. Aquele momento, apesar de tudo que Tony e eu representávamos um para o outro há algum tempo atrás, não era estranho. Era aconchegante ficar deitado lá no sofá com ele, assistindo um filme qualquer e rindo dos personagens idiotas ou efeitos especiais mal feitos.

"Talvez seja muito cedo para dizer..." Tony começou "Mas eu gosto bastante de você, Steve. Você é uma das únicas pessoas com quem eu me sinto à vontade. Não preciso ser o Sr. Anthony Stark ou o Homem de Ferro. Sou só o Tony normal. Sem máscaras." completou, sem tirar os olhos da TV.

Sorri, sabendo que ele não iria ver.

"Acho que eu posso dizer o mesmo de você. Não tenho medo que descubra meus segredos. Você não me colocou num pedestal para começo de conversa. Não esperava muito de mim. Então eu não precisava atender nenhuma expectativa."

"Eu sempre te admirei, Steve. Só nunca fui humilde o bastante para admitir."

Meu sorriso foi quase malicioso.

"Está admitindo agora."

"Não escondemos mais nada um do outro agora."

Satisfeito com a resposta, meu rosto se suavizou e eu beijei os cabelos dele, que retribuiu apertando e acariciando minha mão que estava sobre minhas pernas.

Depois da meia noite, quando ficamos com fome, fomos até a cozinha tentar fazer alguma coisa para merendar.

"Você não sabe cozinhar, sabe?" perguntou, mais em um tom afirmativo do que interrogativo.

"Sei sim."

"Duvido." falou, balançando a cabeça e mexendo em um apoio de copos que estava sobre o balcão.

"Quer apostar?"

Tony riu, ligou o som e deixou o volume bem alto, já que não tinha vizinhos (duvido que ele se importaria com isso, se tivesse).

"Se ficar bom, podemos assistir aquele filme idiota que você quer. Se não ficar, vamos ver toda a trilogia de Star Wars."

Revirei os olhos, rindo.

"Não me parece justo, mas..."

Com isso, demos um aperto de mãos para selar o acordo.

Estávamos ambos vestindo calças moletom e blusas meio largas com estampas engraçadas. As roupas do Tony eram muito estranhas de vez em quando. Mas eu gostava.

"Me passa o leite, por favor." pedi. Era o último ingrediente para completar minha receita especial de milkshake.

"Faz um para mim também viu, Cap?"

"Tô fazendo." respondi.

Tony andava pela cozinha me trazendo tudo que eu precisava, e estralava os dedos no ritmo da música, cantarolando alguns trechos junto com o cantor. Não pude deixar de lembrar daquela noite quando eu ouvi suas músicas pela primeira vez e então aquelas melodias ficaram na minha cabeça pelos dias seguintes. Era inevitável. Tony era viciante assim como tudo que o envolvia.

Derramei o líquido em dois copos grandes e bem decorados que encontrei no armário e entreguei um deles a Tony.

"Tome. Prova e diz se está bom."

Ele tomou um gole, franziu a testa encarando o copo, olhou para mim sem mover a cabeça e logo depois tomou mais um gole. E outro. E outro. E mais outro. Então, após poucos segundos, me entregou o copo vazio e falou:

"Tudo bem. Não vou mais subestimar sua habilidade culinária." disse, revirando os olhos "E vamos assistir aquela besteira. Quero mais."

Eu ri, triunfante. No entanto, Tony não parecia chateado por ter perdido. Ele estava feliz, na verdade. Seus olhos carregavam uma paz que eu só havia visto poucas vezes. Quando ele dormia comigo, quando ouvíamos nossas músicas ou quando eu o encarava por um certo tempo. Acho que esses momentos estavam ficando cada vez mais frequentes, no fim das contas.

"Eu sou muito bom mesmo. Você não teria nenhuma chance de qualquer forma." brinquei.

Tony se aproximou de mim, segurou meu rosto com ambas as mãos e me beijou. Seus lábios eram quentes, macios e molhados. E eu adorava. Depois de alguns segundos, nos separamos mas nossos narizes continuaram se encostando.

"Então..." comecei.

"Não vamos discutir a relação, vamos?" disse, hesitante, levantando apenas os olhos para me ver.

"Vamos ter que fazer isso alguma hora, Tony."

Ele bufou e deu alguns passos para trás.

"Não, não vamos."

"De que outra forma vamos resolver isso?"

"E o que tem para se resolver?" perguntou retoricamente, com cara de tédio.

Revirei os olhos e cruzei os braços.

"Você sabe!"

"Me esclareça." disse, fazendo um gesto que lembrava uma reverência.

"Tony, não podemos continuar com essa vida de hm... Bem, precisamos estabelecer algumas regras. Definir as coisas."

Ainda com cara de tédio, ele respondeu:

"Como o que, por exemplo?"

"Como... Nós somos namorados ou só ficantes? Se formos o segundo caso, por que eu ainda estou na sua casa? Não faz sentido para mim." falei, frustado e virei de costas, indo até o outro lado da bancada.

Tony passou as mãos pelo rosto.

"Olha, tava tudo tão bom. Por que você tem que estragar com essas besteiras?"

Estreitei os olhos e meu queixo caiu um pouco.

"Como é, Tony?!"

"É, quer dizer... A gente não podpode só continuar sem ter que nos rotular?"

"Se você não quer que sejamos algo mais, porque você falou todas aquelas coisas quando eu acordei depois do acidente?"

Tony ficou calado alguns instantes, mas logo se recompôs, estalou a língua e balançou a cabeça. Então me disse:

"Sei lá, Steve. Eu nem sabia o que estava falando."

Eu nem acreditei quando ouvi aquilo. Fiquei sem palavras e decidi que se aquilo era verdade, não valia a pena insistir naquela discussão. Saí daquela cozinha pisando duro, mas não fui muito longe. Senti a mão firme do Tony apertando meu braço. A lembrança do dia em que eu pensei que Tony estava com uma garota em casa me veio à memória como flashes.

"Espera, amor."

Minha cabeça deu um nó. Mas meu coração ficou um pouco mais quente com aquilo. Não evitei um sorriso, que logo disfarcei.

Tony se pôs bem à minha frente. Segurou meu rosto e encostou sua testa na minha, fechando os olhos e suspirando.

"Eu menti."

Não entendi bem o que ele queria dizer. Mas não me movi.

"Naquele dia... Cada palavra que eu disse era verdade. É tudo verdade." ele deixou claro. "Mas eu tenho medo. De tudo ficar mais complicado caso eu decida te chamar de... Namorado. Sei lá."

Segurei o rosto dele e deixei que meus lábios encontrassem o caminho até os seus. Nos beijamos lentamente. E de certa forma, sinto que a melhor descrição para aquele beijo seja "honesto, sincero e real".

Então Tony me empurrou com força até a parede atrás de mim e me pressionou contra ela. Me beijando cada vez mais rápido até meu fôlego se tornar quase inexistente. Ele distribuiu beijos desde a minha boca, passando pelo meu pescoço e até meu ombro. Senti sua língua quente e molhada passeando sobre meu maxilar. Puxei seu cabelo. Nós dois estávamos ofegantes. Cada vez mais precisávamos um do outro. E eu precisava dele mais perto. Muito mais perto.

Like Toy Soldiers • StonyOnde histórias criam vida. Descubra agora