Capítulo 4 - Despedidas

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Íamos sair de casa às 10h00. E eu realmente não queria ir pra São Paulo.

Levantei às 8h00, me arrumei com uma roupa qualquer, não fiz nenhuma maquiagem. Sabe, eu não estava no clima. É como se eu estivesse de luto.

Tomei café com o que tinha. Meu pai tinha comprado pão de forma, presunto e queijo, porque não tinha manteiga, requeijão.

Enfim, tomei café, escovei os dentes e estava pronta. Na verdade, eu já estava pronta pra sair de casa, agora pronta pra encarar essa mudança não.
Soph e Rafa também estavam acordados, pra se despedir e voltar pra casa deles.

Por fim, começaram as despedidas. Primeiro, me despedir de todos os familiares e todos os meus outros amigos que tinham ido lá dar "tchau" e "boa sorte".

Aí chegou a parte de se despedir da Soph e do Rafa. E foi aí que eu comecei a chorar mesmo.

Abracei a Soph e disse:

- Escuta aqui dona Sophia, promete que a nossa amizade vai durar pra sempre e que você não vai arrumar confusão?

- Olha, a parte da nossa amizade ser eterna eu com certeza prometo, agora a parte de não arrumar confusão, não garanto nada.

Nós duas rimos. Mas continuamos assim. Abraçadas, por um bom tempo.

- Bem, você tem um namorado te esperando.

Nos soltamos e eu fui até ele. Pensei que ele ia me abraçar e dar um selinho, como sempre fazia, mas não, ele colocou uma mão por baixo do meu cabelo e outra na minha cintura e me beijou. Aquele beijo, ao contrário de todos os outros, foi um pouco triste, mas estávamos em total sintonia um com o outro assim mesmo, nossos corpos se completavam como duas peças de quebra-cabeça.

Aquele beijo durou cerca de alguns minutos, e eu me soltei tanto porque meus pulmões gritavam por ar e porque eu já tinha que ir embora.
Ele me abraçou e disse:

- Meu amor, como você disse, nós vamos tentar esse relacionamento à distância, e se não der certo vamos tentar de novo. Eu te amo muito. Aos olhos de outras pessoas, talvez isso seja muito meloso ou fofo demais... - nessa hora eu o interrompi.

- Não, isso não é meloso. É fofo sim, mas na medida certa. E além de tudo, é romântico.

- Obrigada, mas deixa eu terminar.
Eu ri e ele continuou:

- Então, aos olhos de outras pessoas isso pode parecer meloso ou fofo demais, só que eu não ligo. Sabe, eu não ligo. Foda-se. E agora vou dar uma de criancinha dizendo que a boca é minha e falo o que eu quiser. - eu ri de novo - Mas enfim, eu te desejo tudo de bom nossa nova vida, que você arraume muitas AMIGAS - ciúmes - e nada de amiguinhos, acho que você não quer ninguém morto, não? - eu respondi que não dando risada. - Se cuida linda.

Uma lágrima solitária escorregou de seus olhos marejados. Eu não fiz nada, porque dos meus olhos caiam muito mais lágrimas. Olhei pra Soph e ela também estava chorando. Eu a chamei com um gesto de mão, e ela correu até nós. Ficamos os três abraçados por uns 10 minutos, até que minha mãe me chamou.

- Manu, temos que entrar no carro já. - minha mãe gritou. Ela iria dirigir.

A mudança toda saiu ontem à noite e meu pai foi junto, pra ajudar a descarregar as cacaixas e falar onde deveriam colocar os móveis

- Tchau gente. - falei em meio à muitas, MUITAS lágrimas.

- Tchau Manu. - disse Soph.

- Tchau linda. - disse Rafa.

Me soltei deles e entrei no carro.

++++++++++++

Cheguei em São Paulo. Olha, aqui é bem grande e tem muita coisa que não tinha lá em MG. Mas ainda prefiro minha terra.

Chegamos em casa, a nova casa. Eu me surpreendi, parece até um pouco maior que a antiga.

Subi direto para o meu quarto. Os móveis estavam todos em seus devidos lugares, na verdade na casa inteira os móveis todos estavam. Eu só teria que arrumar minhas coisas mesmo, isso seria o de menos. O de mais, seria me acostumar com isso tudo.

As caixas estavam todas no meu quarto, eu só teria que desempacotar tudo. Dessa vez, eu não teria ninguém pra me ajudar.

Eu, meus pais e meu irmão fizemos um trato, cada um arrumaria seu quarto e seu banheiro. Quanto ao resto da casa, cada um ficou com um cômodo. Meus pais ficaram com o andar de baixo inteiro, e eu e meu irmão com o andar de cima, menos o escritório que seria arrumado pelo sócio e melhor amigo do meu pai, que mora aqui em São Paulo.

Enfim, comecei com o banheiro. Guardei toalhas, meus produtos de beleza, e todas as outras coisas.
Quando acabei, olhei em voltei e notei que faltava o principal, papel higiênico. Olhei nas minhas caixas e não achei. Tive que descer lá em baixo pra pegar.

Cheguei lá e o vi. Olhos e cabelos castanhos. Pele branca, usava um vans preto, uma calça larga preta e uma blusa de mangas compridas, azul, meio justa, o que deixava seus músculos e provável tanquinho definidos. Lindo.

Caminhei até minha mãe e senti seu olhar em mim, ignorei.

- Mãe, preciso levar papel higiênico lá pro meu banheiro - falei baixinho, pra que só ela escutasse.

- Tem naquela caixa ali - ela apontou para uma até então aleatória. Andei até lá, abri a caixa e havia alguns rolos numa sacola.

Peguei a caixa toda. Não ia usar todos os rolos, mas enfim.

O menino continuava me encarando.

Peguei a caixa e meu celular bipou. Uma nova mensagem. Me levantei, abri a mensagem e li:

"Saudades, pequena.
R."

Dei um sorriso olhando a tela do celular, comecei a andar e aí esbarrei em alguém.

- Desculpa! - falei e quando encarei seu rosto, me surpreendi.

- Sem problemas. Prazer, sou Gabriel Padilha.

- Manuela Fernandes, o prazer é todo meu.

- Vejo que não se mudou a muito tempo, não?

- É não faz muito tempo...

- FILHO, VAMOS! - gritou o amigo do meu pai.

- Meu pai me chamou... Tenho que ir.

- Percebe-se - nós dois rimos.

- Bem, vou indo. A gente se vê por aí.

- Nos vemos por aí - dei um sorriso, ele sorriu de volta e foi embora.

Eu. Não. Posso. Estar. Apaixonada.

Laços de CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora