The Morning Report

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Era como se eu tivesse acabado de fechar os olhos. Chegamos em casa depois do casamento mais de dez horas da noite. Como tive que repassar milhares de vezes o incidente com o Liam para Polly, contando detalhe por detalhe, e depois mostrar pra ela quem era o tal de "Liam Payne do One Direction" acabei indo dormir bem depois do que eu gostaria. Praticamente virei abóbora.

Agora tateio o criado-mudo que fica ao lado da minha cama em busca do meu celular que parece estar cinco vezes mais alto que o normal. Na verdade, ele está mesmo mais alto que o normal e também com uma música diferente da que eu uso normalmente como despertador. Era uma mistura de música eletrônica com algum hit do Kanye West.

— Droga, Poliana! — Tiro o edredom de cima do meu rosto e me sento de uma vez. — Nunca mais mexe no meu celular!

Esfrego os olhos com uma mão e procuro o celular pela cama com a outra.

— Desliga essa droga pelo amor de Deus. — Polly escancara a porta do meu quarto. — São cinco horas da manhã!

— O que?! — Arrasto-me para fora da cama e jogo todas as cobertas no chão. Que toque irritante, Jesus! — Por que você programou meu celular pra me acordar às cinco da manhã? E ainda com essa música horrenda.

Ela entra no quarto batendo os pés. Poliana de manhã é o mau humor em pessoa. Abre o guarda-roupa, pega a minha mochila e a vira de ponta cabeça despejando as minhas coisas no chão.

— Hey! — eu reclamo vendo minhas coisas voarem.

— Você acha que eu ia fazer isso? — ela berra balançando a mochila descontroladamente fazendo com que as coisas caiam de qualquer jeito. — Você sabe que eu odeio acordar cedo e esse barulho deve ter acordado o prédio todo.

Shhh. — Apoio meu indicador nos lábios de Polly. — Ele parou de tocar.

— Graças a Deus. — Polly se joga na minha cama, derrotada, se enrolando no meu edredom.

O celular estava mesmo dentro da mochila. Pego ele do chão no mesmo segundo que ele volta a tocar.

— Desliga esse despertador! — Poliana joga o travesseiro na minha direção, mas eu não faço nada. — Eu odeio o Kanye West — ela resmunga.

Fico olhando o aparelho vibrar na minha mão.

— Não é o despertador é uma ligação.

— Quem é o doente que decide ligar a essa hora? — O mau humor de Polly está de vento em popa. Ela se enrola mais entre as cobertas deixando só a cabeça pra fora.

— Eu.

Ela me olha como se eu fosse doida.

— O quê?

— Eu estou me ligando! — respondo olhando para a tela do celular — O número que está aparecendo aqui é o meu!

Poliana levanta da cama em um pulo e para do meu lado. Ela observa o celular tocar ainda no mesmo volume de antes.

— Atende! — Ela me chacoalha. — Antes que eu quebre essa droga.

Eu me afasto dela só pra garantir. Começo anda em círculos, dando duas voltas no pequeno espaço livre em frente à janela antes de atender. Aquilo não fazia sentido nenhum.

— Hum... Oi? — Minha voz soa insegura e com sono.

— Você está com o meu telefone.

Paro de andar abruptamente quase dando de cara com o armário.

— Quem é?

— O dono do telefone que você está segurando.

Eu prendo a respiração.

De Lua, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora