Falling Slowly

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Os ensaios de Wicked começariam só na semana seguinte, mas o diretor Lawrence achou melhor já reunir os atores principais para que nós nos conhecêssemos melhor e assim criássemos mais química na hora de atuar. Então, mesmo com a cabeça explodindo devido a ressaca da noite anterior eu acordo mais cedo que o costume para a aula.

Quando eu entro na sala do CdA a primeira coisa que faço é olhar o rosto de cada um que já está lá e ver se consigo ligar as pessoas aos nomes que eu havia visto na lista do elenco no dia anterior. Eu vejo Juan conversando com o mesmo garoto que ele vinha paquerando a tempos e que se eu não me engano se chama Stephen. Vejo Amanda, uma menina alta e loira que eu conhecia porque ela fazia a maior parte das aulas comigo, e vejo quem eu menos achei que veria. O garoto maluco de cabelos amarelos escuros e olhos cinza.

Ele nota a minha presença e anda até mim.

— Ora, ora. Se não é a nossa Elphaba! — Ele sorri de canto quando chega mais perto.

— Como você sabe que sou a Elphaba?

O garoto da uma risada baixa e curta.

— Por que esse é o seu papel. Ninguém aqui nessa sala tem mais jeito de Elphaba do que você.

— Você nem me conhece —retruco meio seca.

— Exato. E mesmo assim eu consigo ver você de Elphaba perfeitamente. — Ele cruza os braços. —Você tem um jeito de menina boa que sabe ser má. Ou que quer ser

— Tá. — Eu estalo a língua querendo terminar a conversa, mas eu me lembro que provavelmente é graças a ele que eu estou ali por que acho que cantar "What the Fuck" foi sim uma boa ideia. —  Quem é você mesmo?

— Dylan. Eu vou ser o seu Fiyero.

Não gosto de como ele diz aquelas últimas palavras. De como ele acentua a voz no pronome possessivo, mas não digo nada por que não quero que nada estrague aquele dia. A Sra. Higglan chega e todos tomamos os nossos lugares. Ela e o Sr. Lawrence se revezam nas congratulações antes de nos informar o cronograma de ensaios.

Não vai ser nada fácil. Vamos ensaiar no mínimo quatro vezes por semana depois das aulas, começando pelas leituras dos roteiros, ensaio das músicas e depois a peça propriamente dita. São tantas informações que ao sair da reunião eu estou a ponto de ter um surto que só piora quando ouço meu celular tocar. O medo de atender ao telefone e escutar a voz do passado nunca vai passar, mas assim que eu vejo o nome do Liam fico mais tranquila. Mas também não muito mais por que aquilo ainda era meio estranho.

— Hey, babe —Liam diz assim que eu atendo.

Tento ignorar o fato de que ele realmente estava começando a me chamar de babe, mas é bem difícil não ligar pra uma coisa dessas. Bem difícil mesmo.

— Hum... Hey! — Era ridículo eu não saber como falar com o Liam mesmo que tudo o que eu quisesse fosse falar com ele. — Como está aí na América?

— A gente vai fazer um show hoje em Nova Iorque e acabou. Pego avião e chego aí amanhã a tarde. - A voz dele está grave e rouca o que me faz sorrir um pouco. —E como você está, babe?

De novo. Aperto os olhos e tento fazer minha pulsação desacelerar.

— Bem — eu digo, mas logo corrijo. — Ótima, na verdade. Eu acabei de sair da primeira reunião da peça.

— Já pintaram você de verde? — ele pergunta e eu consigo saber que ele está sorrindo pelo jeito que as palavras saem da boca dele. Esse é o tipo de coisa que ele falaria sorrindo.

— Não. Só vão fazer isso mais perto da estreia. E eu não estou muito ansiosa pra me ver toda pintada de verde.

— Eu estou ansiosíssimo. Se você estivesse verde agora eu ia implorar pra você tirar uma foto e me mandar. — Liam ri e eu só solto um "vai sonhando" antes que ele continue: — Olha, amanhã quando eu chegar vou ter que ir direto para o estúdio e queria que você fosse também... — A voz dele cai alguns decibéis. — Os garotos querem te ver.

De Lua, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora