Knowing Me, Knowing You

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Qualquer outra pessoa ficaria deslocada se não conhecesse ninguém em uma festa exclusiva como aquela. Eu ficaria, Liam não ficou. Ele não conhecia ninguém, mas boa parte dos convidados o conhecia. E ele era tão simpático que a cada momento que eu o olhava ele estava em um grupo de diferente, conversando como se não houvesse amanhã.

— E aí, meninas? — Stuart se aproxima do bar, mostrando os dentes em um sorriso aberto. — Me chamou, Polly?

— Sim! — Ela estende para ele as duas garrafas de champanhe que segurava. — Preciso que você fique por uns 15 minutos aqui no bar, Stu! Por favor.

Ele fica tão confuso quanto eu, mas mesmo assim aceita.

— Só não demorem por que se o Jeffrey ver ele mata vocês.

— Pode deixar! — ela pisca para ele e me puxa para a área dos funcionários que fica fora do salão.

— O que está acontecendo? — pergunto vendo Polly pegar a minha mochila.

— Está na hora de você se arrumar, afinal você tem um encontro. — Poliana fala praticamente aos pulos.

— Polly, a festa ainda não acabou. Se eu sair agora o Jeffrey vai literalmente me expulsar do país aos chutes.

Ela tira o meu vestido da mochila e o leva para uma tábua de passar que o buffet carregava para todos os lados em caso de emergências.

— Essa obsessão de Jefrrey com uniformes amassados salvou a sua vida. — Ela já está com o ferro na mão passando cuidadosamente no tecido vermelho. — Não é atoa que ele é gerente do melhor buffet da cidade.

— Polly... — a chamo outra vez. Ela está tão elétrica que sua pele branca está arroxeando.

— Eu sei que a festa não acabou, mas você não vai deixar aquele garoto esperando mais. Pode deixar que eu te encubro. — Ela levanta os olhos para mim. — Vai soltando esse cabelo!

É inútil discutir, eu sei disso. Por isso me aproximo do espelho mais próximo e desenrolo o coque que demorei tanto para fazer. Passo os dedos pelos fios que estão um pouco duros devido a quantidade de laquê. Um segundo depois Polly já está ao meu lado espirrando um pouco de shampoo a seco no meu cabelo. Resolve um pouco, ele fica mais sedoso e brilhante.

— Por que você está tão nervosa? — resolvo perguntar de uma vez enquanto coloco o vestido. Ele é bem simples, na verdade. Com manga japonesa e algumas pregas que deixam a saia um pouco rodada.

— Também não sei! — Polly solta uma gargalhada e espirra um pouco de um perfume no meu corpo. Ela tira do bolso do uniforme o batom vermelho de mais cedo e me entrega. — Acho que estava faltando um pouco de emoção na nossa vida em Londres.

***

Saio do vestiário sorrateiramente, tentando evitar Jeffrey ou algum dos garçons que possam me entregar. Mas como disse Polly, se eles me vissem talvez nem me reconhecessem sem o uniforme e o coque. Procuro Liam com os olhos, tentando não pensar em como tudo aquilo era no mínimo estranho. O encontro parado em um canto mais a frente do salão, conversando com dois homens engravatados que parecem bem mais velhos do que ele. Aproximo-me mesmo que meu inconsciente queira sair correndo. Paro a alguns poucos passos de distancia e espero que ele me veja. Não tenho que esperar muito, logo ele me vê e abre um sorriso tão bonito que eu começo a me convencer que tudo aquilo é de uma estranheza agradável.

— Senhores — ele diz com a voz solene. — Se me dão licença.

Liam se aproxima ainda com aquele sorriso nos lábios. O sigo para o lado de fora e percebo que a última vez que estive tão nervosa foi para a audição de Mamma Mia em São Paulo em que eu cantei "The Winner Takes It All" para o diretor da peça original. As duas situações são extraordinariamente diferentes o que faz com que eu me sinta ridícula.

De Lua, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora