O sigo para fora do carro e quando me aproximo dele, Liam apoia uma mão no meu ombro, me conduzindo em direção a um caminho que me parece ser o único pedaço de concreto por perto. Não está escuro ainda então não somos os únicos ali. Muitas crianças correm de um lado para outro, seguidas pelos pais atentos, casais andam tranquilamente de mãos dadas e grupos de adolescentes conversam e bagunçam.
Percebo que para qualquer lugar que eu olhe só tem pessoas e muito verde. Alguns bons metros a frente há um lago onde as pessoas estão realmente nadando, jogando água uma nas outras ou apenas molhando os pés. Mas o que me chama a atenção mesmo é um prédio largo em tons de bege e branco que está do outro lado da margem. Solto uma exclamação bem audível que faz Liam rir baixo.
— Eu conheço esse lugar. — Dou alguns passos a esmo na direção da construção antiga, mas ela está longe, do outro lado do lago. Daqui ela é só borrão e mesmo assim a reconheço. — LIAM! Eu conheço esse lugar — repito, agora meio desesperada.
Liam me encara como se eu fosse uma espécie em extinção.
— Acho que você está hiper-ventilando — ele diz em tom sério, mas eu ignoro.
— Notting Hill — falo tão alto que uma criancinha que passava ao meu lado dá um pulo. A essa altura Liam já está gargalhando, mas eu não consigo ligar dessa vez. Pelo amor de Deus, é um dos meus filmes favoritos. Eu o tinha visto no mínimo umas 50 vezes, claro que eu ia reconhecer. — Anna está gravando um filme de época ali — aponto para o prédio —, e o Will a escuta falar mal sobre ele para um colega de elenco e então ele vai embora com o coração partido. É muito triste.
— Não sabia disso. — Liam olha para o horizonte em direção ao cenário da cena que eu acabei de descrever. — Para mim aquilo era só o Kenwood House, mas agora tudo começa a fazer sentido.
Recobro a dignidade e volto a ignorar as asneiras que ele diz.
— O que é esse lugar?
— É um parque. Hampstead Heath. — Ele começa a andar devagar e eu o sigo.
Liam se senta em um banco de madeira que está bem próximo ao lago. Por algum motivo reparo em como ele está vestido para qualquer ocasião menos uma ida ao parque. Não sei como ninguém repara que Liam Payne está sentado casualmente em um banco de camisa e calça social.
— Você me trouxe em um parque. — Não é uma pergunta, é uma afirmação, mas mesmo assim ele concorda silenciosamente. — Por quê?
— Conversar, lembra?
— Certo — respondo por que não quero ser chata perguntando de novo "por quê".
De todos os lugares do mundo ou de Londres, aquele era o último que eu achei que estaríamos. Observo a água correr tranquilamente a minha frente, fazendo pequenas ondas quando alguém mergulhava mais fundo.
Um casal de velhinhos está sentado no banco mais próximo observando o escurecer em silêncio.
— Não estamos conversando.
— A ideia foi sua. — Emendo sem olhá-lo. — Achei que você queria conversar sobre algo especifico.
— Eu quero — Liam responde. — Sobre você.
Respiro fundo e tento não deixar a vontade de levantar e ir embora me vencer. Aquela atenção toda dele comigo não era normal, me deixava sem graça, sem saber o que fazer. Eu não chamava a atenção de ninguém quanto mais de uma celebridade.
— Tá, isso soou estranho. — Liam deve ter lido minha expressão. — Não sou nenhum pervertido, o.k.? Só achei você uma garota bacana.
Bacana. A palavra fica girando em minha mente, porque na verdade não significa muita coisa. Pelo menos nada que justifique ele ter ido atrás de mim no trabalho.
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De Lua, com amor
FanfictionNasci em uma noite de outono. Minha mãe diz que no caminho para o hospital a única coisa que conseguiu distraí-la das dores das contrações foi a lua cheia, laranja e gordinha que brilhava no céu. Ela estava tão grande e majestosa naquela noite que...