Entre o Que Fomos e o Que Não Dissemos

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Não sei se teu silêncio me esquece
ou se tenta não me chamar
Se tuas palavras ausentes
são medo ou forma de se cuidar

Não sei se tua falta é descaso
ou dor disfarçada demais
Se finges que é tudo amizade
pra não desatar o que foi mais

Te escuto em ecos que invento
em mensagens que não vêm
em cada coisa que lembro
como se dissesse: "também"

Será que tu sentes saudade
do riso que só a gente tem?
Ou será só daquela fase
em que eu era o teu "eu também"?

Às vezes, parece que ama
mas sem querer admitir
Noutras, sem chama
como de quem já quis desistir

Não sei se é medo de errar
ou se é só falta de amor
Se é carinho que tenta esconder
ou se é só o fim sem rancor

Fico aqui nesse limbo incerto
entre abraço e entre adeus
sem saber se teus silêncios
são teus ou se também são meus

Queria que fosse mais claro
como o sol ao meio-dia
se tu me amas em segredo
ou se só sente falta da minha companhia

Mas sigo nesse talvez eterno
nessa espera que me consome
procurando em ti um gesto
que chame meu nome — com fome

De amiga ou de amor? Não sei
Só sei que dói do mesmo jeito
Toda falta que me deixaste
me faltava... por inteiro, no peito

Você sente minha falta
como se isso fosse resposta
mas eu vivo presa na pergunta:
do que exatamente você sente saudade?

Da amiga que ouvia até o mundo calar
ou da mulher que te amava em segredo
e que você um dia teve de escolher?

Você sente falta da presença ou do sentimento?
Da minha voz ou do que ela dizia sem falar?
Do carinho sem nome ou do amor sem coragem?

Não falo mais com você
mas fico com essa frase tua entre os dedos
como segurar uma pétala e se cortar no espinho:
"sinto sua falta" — mas de que forma?
Com que peso? Com que intenção?

Me fala com sinceridade —
se é só amizade
por que ainda dói como amor?
E se for amor de verdade
por que você partiu
E encontrou um novo alguém?

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