Capítulo 11

985 148 14
                                    

Capítulo 11

-Eu juro que se houvesse alguma competição para maior idiota nos Jogos Olímpicos, tu ganhavas a porcaria do ouro, - cuspiu o Luke, estacionando o carro na garagem.

Revirei os olhos e não lhe respondi; simplesmente saí do carro que só por acaso era meu e entrei em casa. O meu padrasto estava sentado no sofá a ler qualquer coisa no seu tablet, e os meus irmãos estavam ao lado dele a ver televisão; se a minha mãe não estivesse no quarto, então devia ter ido ao supermercado.

-Como é que correu o concurso de talentos? - perguntou o Warwick ao ver-nos entrar em casa.

-Oh, foi ótimo! - exclamou o Luke, sarcasmo a escorrer-lhe pela voz. - Até o Ashton ter alguma espécie de ataque e arruinar tudo!

-Não te armes em vítima, Luke, ninguém lá dentro sabe o que aconteceu, não ficou nada arruínado, - tornei a revirar os olhos.

Franzindo o sobrolho, o meu padrasto levantou-se e puxou-nos para a cozinha, antes de olhar atentamente para nós os dois. Sempre que os meus irmãos faziam porcaria e tentavam culpar-se um ao outro, o Warwick olhava para eles para perceber quem é que estava a falar a verdade e quem é que estava a tentar safar-se; devia achar que eu e o Luke éramos dois putos que não tinham mais nada que fazer da vida senão andar a fazer asneiras.

-Alguém me quer explicar o que é que aconteceu? Vocês nunca discutem, por isso deve ser grave, - o Warwick levantou as sobrancelhas como que a tentar incitar-nos a falar.

O Luke virou-se para mim, o seu olhar cheio de significado.

-Contas-lhe tu ou conto eu? - perguntou-me, quase como se me estivesse a ameaçar.

-Não há nada para contar, - fervilhei. - E o assunto não é teu.

-O assunto tornou-se meu no momento em que me contaste a tua teoria da conspiração. E eu tornei-me parte dele quando te vi magoar uma miúda sem motivo nenhum. Já me tinham dito que podias ser sem-coração quando querias, mas "sem-coração" nem chega a descrever a maneira como estás a agir neste momento.

O desprezo com que ele me falou fez o meu sangue borbulhar ao ponto de eu ser obrigado a formar punhos com as mãos para poder controlar a força que se começava a espalhar pelo meu corpo de alguma forma.

-Quero-te fora desta casa até ao final da noite, - cuspi. - Vamos ver só o "sem-coração" que eu posso ser.

O Luke não pareceu minimamente surpreendido com a minha exigência; já o Warwick arregalou os olhos e agarrou-me pelo braço.

-Ashton, mas que raio te está a dar!? - exclamou. - Não vais expulsar o Luke desta casa.

-Observa então, - olhei para ele de forma determinada, antes de puxar o meu braço para ele me largar.

Subi as escadas até ao meu quarto e tranquei a porta atrás de mim. Na cómoda estava uma fotografia emoldurada que a minha mãe pusera lá de mim e do Luke depois de ele voltar de uma visita aos pais, pelo que peguei na moldura e a atirei com toda a força que tinha à parede em frente. Pelo canto do olho, vi um candeeiro que sempre odiara, mas que a minha mãe e o meu padrasto me obrigavam a manter no quarto - não hesitei em lhe dar o mesmo destino que dera à moldura.

-Ashton, abre esta porta! - ouvi o Luke gritar, batendo com o punho na porta. - Agora! Ashton!

-Desaparece, - cuspi.

-Não te vou dar um murro, não vou mandar vir contigo! - prometeu ele. - Só quero falar! 

Olhei para a porta, hesitante, mas acabei por a ir abrir. Antes que eu tivesse tempo de dizer fosse o que fosse, o Luke levantou o seu punho e fê-lo colidir com o meu nariz, levando-me a dar uns passos atrás devido ao impacto enquanto levava a minha mão à cara.

Voodoo Doll • Ashton Irwin {AU}Where stories live. Discover now