Berenice

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Berenice trapezista circense.
Vivendo para alegrar.
Fazendo sempre um lindo espetáculo.
Toda noite a comemorar.

Nos dias de ensaio.
Passava o dia pelo ar.
Sempre com a cabeça nas nuvens.
Dando asas aos pensamentos.

Mas sempre as escondidas.
Existia um palhaço que observava.
Toda noite na mesma hora.
Sozinho ali ele ficava.

"Olha só como ela é linda"
Triste ele pensava.
Voando no meio das estrelas.
Com suas asas imaginárias.

Infelizmente eu sou um simples palhaço.
Passando a felicidade para as crianças.
E mesmo não sendo importante.
Meu coração vai sempre ser sempre dela.

Então em silêncio ele chorou.
E agoniante foi sua tristeza.
Pela bailarina das asas imaginárias.
Que só abraçaria no reino dos sonhos.

"Cade meu palhacinho? "
Triste ali ela também ficou.
E naquele picadeiro.
Sozinha o show tocou.

Palhacinho palhacinho.
Sozinha agora me vou.
Pois saiba que eu te admiro.
E que por ti foi esse show.

Infelizmente sou só uma bailarina.
Não sou como você.
Que anda por ai feliz.
Sorrindo para quem vê.

Adeus circo feliz.
Amanhã tem outro ensaio.
Amanhã estou de volta.
Aqui no mesmo horário.

Quando estava de saída.
Um psiu ela ouviu.
Parado na arquibancada.
Sem graça o palhaço viu.

Correndo foi ao seu abraço.
Do palhacinho sem graça.
Juras de amor fizeram.
Na eternidade que por ali ficava.

Palhacinho palhacinho.
Saiba que eu te amo.
Desculpas eu por tudo.
Por ser assim tão estranha.

Bailarina, não tem o que perdoar.
Desculpa peço eu.
Você sendo assim tão linda.
Não sendo digno de ti.

Então ali eles se beijaram.
Gritos de vivas sobressaltaram.
De um picadeiro silencioso.
E um céu todo estrelado.

Feliz o palhacinho sorriu.
Um lindo vôo a bailarina fez.
De um circo que presenciou.
Um amor digno de rei.

As confissões de um lápis surdoOnde histórias criam vida. Descubra agora