15º Capitulo

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Subis as escadas, confusa pelo que havia acontecido. Zayn sempre tivera sido uma pessoa calma, amorosa, sincera...aquela atitude não era nada dele.
Bati á porta com cuidado. Não obtive qualquer resposta, mas mesmo assim, coloquei a mão no puxador e tentei abrir....tentativa falhada, ele tinha-a trancado.

Eu- Zayn sou eu, por favor abre...-pedi calmamente, enquanto deixava a minha cabeça encostar-se na madeira fria da porta.
Zayn- Quero estar sozinho, por favor...

A sua voz tremula e os soluços, mostravam o seu estado lastimável... Zayn não era de mostrar muito as suas emoções, e se ele estava a chorar, é porque era mesmo grave.
Soltei um enorme suspiro, e de novo tentei.

Eu- Quero falar contigo, por favor Zayn...

Desta vez, nenhuma resposta. Pensei em desistir, mas o barulho da chave a rodar na fechadura da porta fez-me mudar de ideias.

Zayn- Entra...- ele disse, entrando de novo no quarto.
Segui-o até lá. Zayn havia-se sentado na cama, com a cabeça apoiada nas longas mãos. Ajoelhei-me á frente dele, ficando então ao mesmo nível. Com os polegares, limpei as lagrimas que caiam pela sua face escura, ele estava realmente abatido, tê-lo ali a minha frente era doloros até para mim.

Eu- Conta-me o que se passa, fala comigo por favor.
O meu tom era calmo, sereno... estava muito preocupada! Ele suspirou...olhou nos meus olhos, mas nada disse. Num impulso, acabei por envolve-lo nos meus braços, abraçando-o intensamente.
Eu- Zayn por favor, fala comigo! Estou muito preocupada, não gosto de te ver assim!- franziste a testa, e mordiscaste o lábio. Era algo que não podias controlar...
Zayn- Sinto-me confuso...sinto-me perdido- disse limpando as lagrimas com as costas da mãos- Sinto-me a pior pessoa do mundo por desejar o que não posso ter!

As lagrimas eram cada vez mais fortes, e impossíveis de controlar. Sentia-me cada vez mais confusa, pois não percebia aonde ele queria chegar.

Eu- Explica-te melhor por favor, para que eu te possa ajudar! O que tu queres que não podes ter?

Zayn- Eu não devia San- disse afastando-se.
Eu- Zayn, eu estou a tentar ajudar-te mas se não quiseres ser ajudado eu vou-me embora.- disse enquanto me levantava e dirigia-me á porta.
Zayn- És tu San, só tu.
Eu- Eu o que?- disse ainda de costas.
Zayn- És tu quem eu quero.- disse fugando de seguida.- Fizeste-me mais falta estas semanas do que pessoas me fazem a vida inteiro, e aí percebi.

Fiquei petrificada, rodei o meu corpo de forma a olhá-lo de frente.
Zayn- Eu sei que está errado querer-te, tu serás sempre do Harry mas podes ter a certeza que não vos quero separar, e o coração é que te escolheu mesmo sabendo que ia sofrer por não ter hipóteses.- disse cruzando os braços.
Eu- Nem sei o que te diga- disse ainda meio atordoada- não esperava isto Zayn, sempre te fui clara quanto ao que sentia a teu respeito, admiro-te muitas mas lamento, só te vejo como um amigo.- disse directa pois sabia que nestas alturas é o melhor em vez de estar a criar ilusões.
Zayn- Não peças desculpa, tu és perfeita demais para mim.
Eu- Não digas isso Zayn, tenho muita pena de não te ver da mesma maneira pois sei que me farias feliz, mas eu gosto.- ele logo me interrompeu.
Zayn- Gostas do Harry eu sei, mas não me peças para aceitar porque eu não consigo.- disse de forma triste.
Eu- Só quero que saibas que não me vou afastar, vou ser eu mesma, tu ainda vais ser muito feliz.
Zayn- Pois.
Eu- Posso dar-te um abraço?- custava-me vê-lo assim mas ao mesmo tempo não posso fazer mais nada por ele.

Desci até á sala, Louis e Harry estavam entretidos a jogar na televisão, peguei nos meus cigarros e fui até lá fora. Precisava de digerir isto, eu sempre fui clara porque ele deixou que as coisas chegassem a este ponto, não se manda o coração não é? Mas mesmo assim temos de ter um pouco de controle.

Gemma- Então amiga o que se passa?- Perguntou ela interrompendo os meus pensamentos.
El- É o zayn?- tocou num ponto fraco.
Eu- Como sabes?- perguntei atrapalhada.
El- Não sei, mas vieste de lá agora podia ter a ver com ele.
Eu- E tem.
Gemma- Então?- sentou-se ao meu lado.
Eu- Ele ...bem ele disse que gostava de mim.- disse dando um bafo no cigarro.
El- Oh meu deus, não acredito.- disse levando as mãos á boca, incrédula.
Gemma- E agora?
Eu- Agora nada, eu fui-lhe direta.
Gemma- Sabes que ás vezes magoas as pessoas quando és direta demais.
Eu- Desculpa Gemma se não quero dar azo a conversas, e quero que ele ultrapasse isto, porque se o Harry sabe nem quero pensar.
El- Mas não vais falar com o Harry sobre isto?
Eu- Claro que não, ciumento como ele é estragava logo a nossa passagem de ano.
Gemma- Mas se depois descobrir vai ser pior logo agora que vocês estão bem.
Eu- Por estarmos bem é que não vou contar, e não vamos falar mais disto meninas.- Dito isto ganhei forças para me levantar e fui até á cozinha.

(...)
Louis- Já está na nossa hora, eu e a El vamos dormir.- disse despedindo-se de todos na sala. Só Zayn é que já tinha subido também.
Eu- Eu vou também.
Harry- Já amor? Tu não costumas deitar-te tão cedo.
Eu- Mas estou cansada da viagem, e ainda quero tomar um duche, até amanha.- disse subindo sem sequer me ter despedido, hoje ainda estava meio abananada amanha tudo estaria melhor.
Harry- Sabes o que é que ela tem Gemma?
Gemma- Não sei de nada.- disse virando a cara.

(...)
Andava ás voltas na cama, o sono parecia não chegar, até que um feixe de luz entra pelo quarto e o Harry entra a rir.
Harry- San estás acordada?
Eu- Diz- fingi estar ensonada.
Harry- Não vais acreditar nisto.- disse Harry-, mas ouvi barulhos de cascos no telhado.
Levantei-me devido á estupidez daquilo que ele disse.
Eu- Deves estar a brincar.
Harry- Não estou.- insistiu Harry.- Enquanto estavas no duche.
Eu- Barulho de cascos?- perguntei tentando perceber.
Harry- Como se fossem renas.
Eu- Imagino que o pai Natal esteja escondido no roupeira.- ri-me de toda esta situação, só ele me faz rir com estes seus filmes.
Harry- Estou a falar a sério.- disse franzindo o sobrolho.- Espera... ouve isto. O que te parece?

Eu inclinei a cabeça, ouvindo o que realmente parecia qualquer coisa a raspar e a bater numa superfície sólida. Olhei imediatamente para o teto, franzi o sobrolho e virei-me para a parede onde a cabeceira da cama estava encostada. Encostei assim a orelha á parede, seguindo-se a vez de Harry fazer o mesmo.

Eu- Estás a ouvir o Louis e a Eleanor.- anunciei eu.
Harry- A El e...
Acenei com a cabeça que sim, e bati na parede para que Harry percebesse.
Eu- Renas, uma ova.- Harry riu-se.
Harry- A El e o Louis?
Afastei os cobertores e meti-me na cama.
Eu- Quem mais poderia estar ali?
Harry- Eu sei. Mas o Louis?

Liguei o candeeiro da mesa de cabeceira, cruzei os braços por cima do peito, de ouvidos á escuta para ouvir o som da madeira e o grito seguintes do outro lado da parede.
Eu- O que se passa com o Louis?
Harry- Oh não sei. Não achas mais fácil imaginares a Eleanor a fazer isso do que o Louis?
Eu- Não costumo pensar em nenhum deles a fazê-lo.- ergui as sobrancelhas.- Tu custumas?
Harry- Bem, claro. Já me veio á cabeça uma ou duas vezes.
Eu- Que passatempo tão digno.- respondi irónica.
Harry- Oh, vá lá.- riu-se o Harry.- Aposto que eles já pensaram em nós.- num movimento rápido virou-se para mim.- Podíamos dar-lhes qualquer coisa para ouvirem o que achas?- sugeriu Harry.
Eu- Claro que não.- respondi rápido.
Harry- Nem parece teu, não me digas que não queres.
Eu- Não não quero, só de saber que pensas noutras a fazer isso sei lá se enquanto o fazemos não pensas também.
Harry- Não vais ficar com ciúmes agora, tu também deves pensar não queres é admitir.
Eu- Eu tenho mais em que pensar Harry, não sou perversa a esse ponto, que nojo!
Harry- Pronto amua lá, és sempre a mesma coisa não sabes brincar és tão antiquada de pensamentos que pareces uma velha.

Ambos se instalamos nas respetivas almofadas. Ele nem se aproximou. através da parede fina ouviu-se um lamento grave e doce. Harry riu-se e virou-se de lado. Muito depois de ele ter adormecido, dei por mim a pensar que tinha ouvido Louis e El a fazerem amor e a tentar imaginar o que já teria passado pela cabeça de Harry.

Never Too Late /h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora