9º Capitulo

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Eu- Esperem. -disse sentando-me em cima do lavatório.- Sentem-se.
A Gemma sentou-se em cima do cesto da roupa suja e a Molly na sanita.
Eu- Quanto tempo passou desde que eles foram embora?
Gemma- Há um mês, mas o que é que isso tem a ver?
Eu- O período desde aí nunca mais me apareceu.- disse a medo.
Molly- E devia já ter aparecido?- disse um pouco ansiosa.
Eu- Sim.- desci e levantei a blusa e pus as minhas mãos na barriga a olhar para o espelho.- Será que é possível ter acontecido?
Gemma- Possível é, mas tens a certeza?
Eu- Não sei, nunca tive grávida por isso não sei como é.
Molly- E é do Harry?
Eu- Molly! Quem é que achas que eu sou, eu não faço isso com qualquer um.
Gemma- Mas vocês não sabem o que é um preservativo?
Eu- Sabemos, mas não estava planeado aquilo acontecer não achas?
Molly- Mas tiveram cuidado? Eu sei que sem preservativo podes não ficar gravida mas ele sabe quando tem que se conter.
Eu- Eu sei lá, aquilo fui tudo rápido, mas ele deve ter tido cuidado não?- disse já um pouco aflita.
Gemma- Pronto isso resolve-se já, Molly vai á farmácia comprar um teste de gravidez.- disse ela nervosa.


Uns 20 minutos depois, com o coração aos saltos a Molly chegou, retirou o saco com a caixa de debaixo da blusa e passou-ma para as mãos. Eu coloquei-a em cima do lavatório e fiquei a fitá-la.
Gemma- San tem de ser, nós estamos aqui.- fez-me uma leve festa no ombro.

Com as mãos a tremer, retirei o papel e li "retire a vareta do estojo", assim retirei o teste. "Segure a ponta da vareta debaixo do fluxo de urina durante 10 segundos, depois espere 3 minutos. Se apareceram duas linhas o teste é positivo". Sentei-me na sanita colocando a vareta entre as pernas.

Eu- Com vocês aqui não consigo?
Gemma- Já o fizeste milhentas vezes.
Eu- Mas agora não é a mesma coisa.
Molly- Assim está melhor?- disse abrindo a torneira para o barulho da água me ajudar.
Eu- Obrigadinha.- disse fechando os olhos e começando a fazer.- Pronto já está.- coloquei a vareta em cima da caixa.
Gemma- Agora é só esperar.

Comecei as voltas pela casa de banho, estava nervosa, sim nervosa, aquele teste tinha que dar negativo senão não sei o que faria á minha vida.

Molly- 3 minutos parecem uma eternidade. San para quieta.
Eu- Já passou o tempo, vejam vocês eu não consigo.

Elas as duas pegaram na vareta e no papel olharam para um e para o outro, olharam uma para a outra e depois para mim.
Eu- Digam-me que não por favor.

Elas viraram o teste para mim, assim que vi quase que senti dor de morte, duas linhas estavam ali mesmo á minha frente, dobrei-me sobre mim própria, com a mão inconscientemente fechada sobre a barriga, este foi o único teste em que sempre quis chumbar.Ellas colocaram-se ao meu lado.

Gemma- E agora?
Molly- Tens que lhe telefonar a contar.
Eu- NÃO.- levantei-me. Eu não lhe vou contar.
Gemma- O que? Ele tem que saber.
Eu- Se lhe disser...-disse relembrando

Flasback on
Ele apertou-me nos seus braços e nas suas pernas, ambos nus e suados.
Harry- És perfeita.- disse enquanto as suas mãos percorriam as minhas curvas.
Eu dei-lhe um leve beijo na mão.
Harry- Adorava que deste amor nascesse um filho.
Eu- Harry, não achas demasiado cedo?- disse a rir.
Harry- Não disse que o queria já, mas seria o nosso amor transformado numa pessoa e uma maneira de ficarmos juntos para sempre.
Flasback off

Eu- Se lhe dizer, ele vai ficar comigo tão simples quanto isso.
Molly- E não queres isso?
Eu- Não, não quero.
Gemma- Ele sempre teve um sonho de ter um filho e tu vais esconder-lhe isso.
Eu- Para já vou, depois logo se vê.

No dia seguinte levantei-me bem cedo, deixei-lhes um papel bem cedo, a Molly ia embora hoje já me tinha despedido e pedido por tudo para não contar nada ao Harry, eu própria lhe contaria um dia. Sai de casa, tinha ganhado coragem.
O gabinete do planeamento familiar ficava ao lado da paragem de autocarro que ligava uma das cidades mais movimentadas da cidade, até á zona de entretenimento. Entrei, aquela sala de espera era agoniante.

Enfermeira- Samantha?- chamou a técnica de aconselhamento, uma enfermeira chamada Sofy.
Segui a enfermeira até uma pequena sala mas confortável, ao contrário daquela sala de espera. Sentei-me na cadeira que ela me indicou e ela sentou-se na sua.

Enfermeira- Bem, está gravida. De aproximadamente 6 semanas.- fez uma pausa olhando-me.- presumo que não sejam noticias agradáveis pela sua cara.
Eu- Não propriamente.- sussurrei.
Até aquele momento não tinha sido real. Havia sempre uma margem de erro nos testes, pouco % mas eu agarrava-me a eles como se acontecesse muitas vezes o teste dar erro. Mas uma enfermeira a dizer-me que era verdade era uma prova inegável.
Enfermeira- Já disse ao pai?
Eu- Não- disse com a voz tensa.
Enfermeira- A decisão é sua- disse Sofy suavemente.- mas é mais fácil passar por uma coisa destas, seja qual for a sua opção, com alguém ao seu lado.
Eu- Não lhe vou dizer, ele está fora do assunto.
Enfermeira- Está fora do assunto ou quer que ele fique de fora?- insistiu Sofy.
Eu- Não posso ter este bebé.- virei-me para a enfermeira.- Não nesta altura da minha vida.
Sofy acenou com a cabeça, sem julgar.
Enfermeira- O aborto é uma das opções que disponibilizamos- disse ela.- mas é muita caro, 1500 euros.
Eu empalideci, sabia que era caro mas não assim tanto, não sabia onde arranjar aquele dinheiro.
Eu- 1500 euros, está bem.- disse despedindo-me da enfermeira.

Segui até um parque com um lago, sentei-me na relva e atirei uma pedra. Era uma sensação estranha, saber que a minha vida ficaria para sempre ligada a de Harry. Coloquei a mão sobre a barriga. Sempre achamos que ficaríamos juntos para sempre . Agora, para sempre era algo real.

Never Too Late /h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora