Never Too Late /h.s

Ultimo Capitulo

Já fez uma semana desde que foi o funeral dos meus pais, nesta semana refugiei-me em casa e tomei uma decisão.
A minha vida tinha que mudar eu não aguentava viver assim, foi a decisão mais importante da minha vida.

Gemma- Queres viajar durante 1 ano?- perguntou-me incrédula, sentando-se.
Eu- Um ano é uma forma de dizer, não tenho data de volta.- assenti.
Gemma- Porquê isto agora?- perguntou sem saber as minhas razões.
Eu- Sabes o que senti quando acordei hoje? Nada!- afirmei.- Nem paixão, brilho, esperança, calor. Nada! Já não posso dizer que é só uma fase má. E isso assusta-me.
Gemma- É por causa do Harry?
Eu- A ideia de que vou estar com ele para sempre ou simplesmente vê-lo é pior do que a morte.
Gemma- Isso é ridículo, num dia amam-se, no outro percebem que já não querem aquilo. Então falham, caem, magoam-se imenso. Vocês só tem que se endireitar e vão a um psiquiatra ou aquelas coisas de casais, não podem simplesmente desistir.
Eu- Eu não estou a desistir. Preciso de mudar.- afirmei com todas as certezas que era o melhor.
Gemma- Aqui tens pessoas que te apoiam, família e amigos que te amam.
Eu- Sentes o meu amor por ti? Sentes o meu apoio?- perguntei sem esperar resposta. -Não! Não há mais nada. Já não me emociono.- ela permaneceu em silêncio.- Vou para Itália.
Gemma- Itália? Porque?
Eu- O que é que almoças-te hoje?
Gemma- Não sei, acho que foi uma salada.- disse sem perceber onde eu queria chegar.
Eu- Exactamente. Eu tinha um grande apetite por comida, pela vida mas desapareceu. Quero ir para um sitio onde me possa maravilhar. A língua, o gelado, as massas, qualquer coisa.- enumerei as coisas que Itália me podia dar.- Desde que namoro com ele, começamos e acabamos. Nunca dei 2 semanas para me conhecer.
Gemma- Desculpa mas não te consigo compreender.
Eu- Não esperava que compreendesses, mas esta decisão é importante para mim, este ultimo ano foi desgastante, eu preciso deste tempo.
Gemma- O que pensas fazer mais?
Eu- Vou para Itália, India, Bali esses países ai e quem sabe outras culturas, tudo. É o que eu vou fazer.
Gemma- Não tenho argumentos, há praias boas, mas porque?
Eu- Simplesmente porque sim.- disse dando de ombros, não havia explicação certa.
Gemma- Vou dizer logo e despachar isto, e se não funcionar?
Eu- Vou fazer para que resulte.- disse segura, claro que vai resultar.
Gemma- Partes quando?
Eu- Amanhã, hoje vou fazer as malas e telefonar á Tia.
Gemma- Desculpa perguntar mas não vais dizer nada ao Harry?
Eu- Vou e preciso de ti para isso.- ela assentiu com a cabeça e eu continuei.- Amanhã eu vou á casa dele e preciso que á hora combinada me vás buscar, não quero correr riscos.
Gemma- E se ele te fizer mudar de ideias?
Eu- Não vai fazer, só lá vou porque acho que lhe devo isso.

(...)
As malas já estavam no carro da Gemma, e tudo estava combinado. Tomei o meu caminho até á casa do Harry. Respirei fundo e toquei á campainha, esperando breves minutos que ele abrisse.

Harry- San!- disse num suspiro de admiração.
Eu- Olá Harry-.-sorri em resposta.
Harry- Entra.- disse abrindo mais a porta e afastando-se dando-me passagem. Caminhei um pouco e ouvi a porta fechar-se atras de mim, virei-me de frente para ele.

Eu- Eu vim dizer-te que fui injusta contigo.- ele fez um pequeno sorriso.- Eu não devia ter pensado que tu me andavas a mentir para me afastar e que a tua intenção era só magoar-me, só percebi agora.
Harry-San eu amo-te eu não tive culpa nenhuma daquilo que aconteceu, acredita em mim.
Eu- O problema é que eu já não consigo acreditar em ti. Parece que já não te conheço.- suspirei.- E a confiança é mesmo assim. Eu até posso estar a ser injusta contigo mas eu não consigo Harry. Eu entreguei-me a ti e tu... bem eu queria resolver outra coisa.- levei a mão ao bolso tirando o anel que ele me tinha dado quando começamos a namorar, o anel da Tia Anne.
Harry- Não San.- disse cruzando os braços.
Eu- Este anel já não me pertence, já não faz sentido ficar com ele.
Harry- Eu quero que fiques com ele na mesma, é importante para mim.
Eu-Harry.- peguei na sua mão e abria-a.- Acabou.- coloquei lá o anel e fechei-a.

Abri a porta e sentei-me nas escadas da entrada, esperando por Gemma e sabendo que Harry ainda não tinha acabado.
Senti-o sentar-se ao meu lado.
Harry- Vai haver uma mudança certo?- perguntou, ele conhece-me tão bem.
Eu- Eu vou viajar, vou começar pela India, sem data de chegada.- disse olhando o nada.- Eu vou embora, de vez.
Harry- Não á nada que eu possa dizer pois não?
Eu- Não.- disse olhando-o.- Devo voltar numa semana sem dinheiro e com alguma doença.- disse sorrindo.
Harry- És a minha heroína.- senti a sua mão sobre a minha. A sua outra mão foi ao encontro da minha mala e lá deixou um papel, percebi pelo seu olhar que era a sua despedida, algo que ele nao me ia dizer pessoalmente e saberia que só o poderia ler quando estivesse sozinha.

O som da buzina do carro da Gemma desperta-nos, levantou-me e encaminho-me para o carro, abrindo a porta mas algo me parou.

Harry- Ei!.- ouvi ele em tom de chamada, olho para trás ele permanecia sentado na escada como antes.- Se ficares, vamos comer comida Indiana todas as noites.- disse sorrindo
Eu- Nunca me pediste para ficar.- entro de seguida no carro.- Vai, vai, vai.- disse rápido para a Gemma começar a andar.

Chegamos ao aeroporto e descarreguei as poucas malas que levava, e dirigimo-nos ao balcão, tratei de tudo e a hora tinha chegado.

Eu- Sabes o que é engraçado? É a primeira vez que não tenho alguém á minha espera em casa. Nem tenho casa para voltar.
Gemma- A tua casa será sempre aquela, voltas quando quiseres.- sorriu-o.- Vais fazer amigos de mochila ás costas.- gargalhou e depois olhou-me séria.
Eu- O que foi?
Gemma- Sabes porque fui tão dura contigo? Eu adoro o que faço, a minha família, o meu irmão.- disse rindo, visto que ás vezes não eram os melhores amigos.- Tudo, mas quem me dera poder ir contigo.- abracei-a simplesmente.- Adoro-te e tenho orgulho em tu. Agora vai!.- as despedidas são difíceis por isso comecei a caminhar sem olhar para trás.

Perdi a conta das horas em que estive no avião, mas assim que cheguei e me instalei, fui até á minha mala, encontrando lá o papel que o Harry me deixara, as ultimas palavras trocadas "Tive que te deixar ir, e confesso que foi a coisa mais difícil que já fiz. Mas o que eu poderia fazer? Se meu amor não foi o suficiente pra te fazer ficar, o que mais seria?"
Decidi terminar esta fase com uma mensagem para o Harry, liguei o computador e comecei a escrever.

"Considera uma prova do meu amor ter passado tanto tempo a considerar isso, a tentar fazer com que tudo funcionasse.
Uma ferida dolorosa, uma desilusão de amor, que não queremos esquecer porque a dor sabe tão bem.
Queríamos que as coisas continuassem iguais Harry, mas contentamo-nos em viver infelizes por medo que tudo mudasse, que a vida e a nossa relação acaba-se em ruinas, e acabou mesmo..
Talvez a minha vida não tenha sido tão caótica, o mundo é que é caótico, e a armadilha é ligar-nos demasiado a ele.
As ruinas, as ruinas da nossa relação são um presente, são o caminho para a transformação. Temos de estar ambos preparados para todas as transformações e mudanças.
Merecemos mais do que ficar juntos por termos medo de sermos destruídos por estarmos juntos.
Um dia disseram-me algo importante e quero que te lembres sempre disso: Quem ama de verdade nunca desiste, na minha opinião essa frase é incorrecta, quem ama de verdade desiste sim, mas não deixa de amar. Quem ama de verdade não consegue encontrar a felicidade em outro alguém, mas aprende a viver sorrindo mesmo estando incompleto.
Quem ama de verdade nunca esquece o toque, o olhar, e os momentos vividos com aquele que se ama. Quem ama de verdade não deixa de amar não importa o tempo que passe, apenas espera que o tempo resolva tudo, e acredita na filosofia de que o que vai, volta .
Nunca te esqueças disso.
Promete-me ser feliz que eu farei o mesmo."

Fechei o computador e desliguei o telemóvel naquele momento ia começar uma nova vida, sem as pessoas do passado.

#FIM#