Cap.27 - Silêncio Depois da tempestade.

24 3 0
                                        

  Foram necessários dezesseis minutos entre a polícia arrombar aquela porta e me libertar do quarto que mais parecia uma vitrine de revista

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

  Foram necessários dezesseis minutos entre a polícia arrombar aquela porta e me libertar do quarto que mais parecia uma vitrine de revista. Mas, pra mim, aqueles minutos pareceram uma eternidade. Cada segundo entre o grito do Wesley e o barulho da madeira se partindo me deixou suspensa no ar, sem saber se era verdade ou só mais uma ilusão criada por Gabriel.

  Ele dizia que estava me protegendo. Que aquele quarto era pra mim. Que o mundo lá fora era cruel demais pra uma mulher grávida de gêmeos. E que só com ele eu estaria segura.

  Mentiras.

  Doentes.

E agora, três dias depois, eu estava deitada na cama de hóspedes do Wesley, com o travesseiro levemente manchado pelas minhas lágrimas da noite anterior. A colcha que me cobria era de algodão, macia, clara, limpa — um contraste direto com o que eu sentia por dentro.

Minha cabeça estava um caos. Dormir era um desafio. Comer, uma obrigação. Falar… parecia impossível. Tudo dentro de mim queria gritar, mas o mundo fora do meu corpo ainda me parecia distante demais.

Então, houve uma batida suave na porta.

— Raquel… posso entrar? — Wesley.

Minha garganta apertou. Eu queria dizer “sim”, mas a voz engasgou. Ele esperou. Me dei conta de que ele sempre fazia isso. Esperava. Me dava tempo. Me dava espaço.

— Pode… — consegui responder, quase num sussurro.

A maçaneta girou, e ele entrou com passos leves, carregando uma bandeja. Suco de manga com limão. Duas torradas. Um potinho com uvas cortadas.

— Trouxe um reforço — disse com um pequeno sorriso. — E antes que você diga que não está com fome, a Hanna e o Kalleb estão.

Escutei seus nomes e algo dentro de mim se aqueceu. Hanna e Kalleb. Meus filhos. Meus pequenos milagres. A razão pela qual eu aguentei aquele cativeiro mental e emocional.

— Obrigada… — murmurei, sentando com certa dificuldade. A barriga começava a pesar.

Ele colocou a bandeja ao meu lado e se sentou na ponta da cama, olhando pra mim com aquele jeito cuidadoso que eu não via em ninguém desde… desde antes de tudo.

— Quer conversar? — perguntou com a voz baixa.

— Eu… não sei o que dizer, Wesley. — Eu olhei para o chão. — Tá tudo tão embaralhado na minha cabeça.

— Fala o que vier. Sem ordem. Sem certo ou errado. Tô aqui pra ouvir.

Fechei os olhos. As palavras vieram como um turbilhão.

— Eu me sinto suja. Me sinto culpada. Eu aceitei as coisas dele. O café, as roupas, os carinhos forçados. Fingi que tava tudo bem, que tava segura. Eu fiz tudo errado. Eu deixei… eu deixei ele me beijar.

Nossa História - 𝑾𝒆𝒔𝒍𝒆𝒚 𝑻𝒆𝒊𝒙𝒆𝒊𝒓𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora