Cap.28 - Novos começos, velhas sombras

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  Três meses

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Três meses.

Faltam 2 dias pra completar nove, e cada dia é uma mistura confusa de ansiedade, medo, felicidade e dúvida.

Três meses desde que fui libertada.

Três meses desde que Gabriel foi levado algemado pela polícia com aquele olhar entre o apaixonado e o psicótico.

Três meses desde que Wesley segurou minha mão no ultrassom e, juntos, demos nome aos nossos filhos: Kalleb e Hanna.

E faz pouco mais de quatro meses que tudo mudou... de novo.

Porque o Wesley foi vendido para um clube da Arábia Saudita. E eu fui com ele.

Era final de tarde quando ele chegou com o contrato na mão. Eu estava sentada no sofá, com as pernas inchadas, assistindo um reality besta na TV. Ele entrou em silêncio, mas com aquele brilho nos olhos que só aparece quando algo grandioso está prestes a acontecer.

- Fechei com o Al Nass. - Ele disse. - Quatro anos. Começo em dois meses.

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Estava feliz por ele, claro. Ele merecia. Mas... e eu? E a nossa nova vida aqui? E a minha família, que só agora estava começando a me ver sorrir de novo?

- E...? - perguntei com calma. - Você quer que eu vá com você?

Ele veio até mim, ajoelhou, colocou a mão na minha barriga e disse:

- Eu quero construir tudo com você. Com vocês. A nossa família começa de verdade lá. Quero você ao meu lado.

Demorei um pouco pra responder. O medo do novo pesava. Mas o medo de ficar longe dele era ainda maior.

- Então vamos. - Disse, enfim. - Vamos embora.

A mudança foi um caos. Exames de rotina, papelada do hospital, médicos recomendados, o visto de residência provisório, adaptação ao idioma e uma saudade doída de casa.

Mas eu fui. Por ele. Pelos nossos filhos.

Nos instalamos em uma casa linda nos arredores de Al-Nassr, com um jardim florido e uma varanda perfeita para os futuros momentos com Hanna e Kalleb. O Wesley arranjou um médico incrível, me ajudou a montar o quarto dos bebês, organizou tudo com um cuidado tão grande que me emocionava ver.

Mas nem tudo foram flores.

A convivência diária nos mostrou lados que ainda não conhecíamos.

No Brasil, a gente se via com menos frequência. Agora, morando juntos, dividindo responsabilidades, enfrentando mudanças, os atritos começaram a aparecer.

A primeira briga foi por algo bobo. O leite condensado.

Sim, parece ridículo, mas ali foi só o estopim. Eu estava emocional, cansada, com fome, e queria comer meu brigadeiro antes da consulta. Ele, sem querer, usou o leite pra fazer um shake pós-treino.

Nossa História - 𝑾𝒆𝒔𝒍𝒆𝒚 𝑻𝒆𝒊𝒙𝒆𝒊𝒓𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora