Cap.33. - O Recomeço.

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Nada em mim era o que foi um dia

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Nada em mim era o que foi um dia.

Aquela mulher que atravessou um oceano para recomeçar, cheia de esperança, com uma barriga cheia de vida e o coração ainda tentando bater sem medo... ela não existia mais.

Depois da traição do Wesley, tudo dentro de mim colapsou. Não era só a dor de ver o homem que escolhi para ser o pai dos meus filhos se entregar ao impulso. Era a sensação de que eu estava sozinha de novo. E eu já tinha passado tempo demais sendo solitária na presença de alguém.

Ele me traiu. E pior, mentiu. Por semanas. Saiu escondido, voltou com cheiros diferentes, desculpas ensaiadas. E eu... eu quis acreditar. Quis tanto, porque amar às vezes é isso: a gente inventa mentira bonita pra sustentar um amor que já está ruindo.

Mas a foto estourando nas redes me abriu os olhos com a violência que nenhuma verdade suave teria conseguido. A mulher nos braços dele. O sorriso. O beijo. A legenda escrota.

E eu lá... com meus dois filhos dormindo no meu colo, imaginando o que fiz de errado pra merecer isso de novo.

No dia seguinte à briga, eu arrumei minhas coisas.

Não discuti. Não gritei. Apenas levantei, dei mamadeira pra Hanna e Kalleb, e fui fazendo tudo no modo automático. Wesley tentou falar. Disse que se arrependeu, que estava perdido, que era pressão, que não sabia mais como lidar com tudo.

Mas eu também estava cansada de lidar com tudo sozinha.

Fiz as malas. Peguei os documentos. Liguei para o consulado e pedi ajuda com o retorno para o Brasil.

E mandei uma mensagem curta pra ele:

|> "Tô indo embora. Não me procura. Pelo bem
|dos nossos filhos, não me obriga a te odiar mais
|do que eu já odeio agora."


Chegar ao Brasil foi como ser sugada pra dentro de uma memória.

O aeroporto, os flashes dos jornalistas, os olhares. Todos querendo saber do caso "Raquel Teixeira X Gabriel Barbosa", ou agora "Raquel Teixeira X Wesley Teixeira". Mas nada disso importava. Eu estava ali, com dois bebês no colo, os olhos inchados de tanto não dormir, e o coração... rachado, mas batendo. Ainda batendo.

O Tio Fagner e a Tia Bárbara estavam me esperando.

— Filha... — disse Bárbara, me abraçando tão apertado que quase me desmontei ali mesmo. — Vem pra casa. Você vai ficar bem.

Fagner apenas me olhou, passou a mão na minha cabeça com carinho e pegou Kalleb no colo.

— Esse garotão vai conhecer um vestiário logo, logo, hein? — tentou brincar, e eu soltei um meio sorriso. Não por achar engraçado, mas por precisar sorrir pra lembrar que ainda podia.

Os dias na casa dos Lemos foram uma mistura de colo e reconstrução.

Eles me davam espaço quando eu precisava ficar em silêncio. E também sentavam ao meu lado quando os choros vinham pesados demais pra segurar.

Bárbara cuidava de mim como se eu ainda tivesse dez anos. Fazia café, ajeitava meu travesseiro, dizia que o mundo não era cruel, apenas desequilibrado, e que eu tinha força demais pra me deixar desequilibrar junto.

Fagner... ele era mais silencioso. Mas me passava confiança com o simples gesto de sentar no chão da sala e brincar com as crianças como se nada mais existisse no mundo.

Eu precisava daquilo.

Precisava de uma casa com cheiro de comida feita na hora, barulho de panela, risadas espaçadas, colo que não cobra nada em troca.

Wesley ligou algumas vezes. Eu não atendi.

Mandou mensagem. Eu li, mas não respondi.

Talvez um dia eu consiga perdoar.

Talvez um dia ele entenda que a pior traição não é o beijo em outra mulher, mas a escolha consciente de me deixar sozinha enquanto fingia estar me ajudando a levantar.

Hanna começou a balbuciar as primeiras palavras em solo brasileiro. Kalleb riu pela primeira vez na cozinha da Tia Bárbara. Pequenas vitórias. Pequenas provas de que a vida continua, mesmo que o coração ainda esteja aprendendo a bater de novo.

Voltar para o Brasil foi o começo do fim de um ciclo.

Não sei o que virá depois. Mas sei que agora, pela primeira vez em muito tempo, eu estou me escolhendo.

E essa é a decisão mais difícil e mais bonita que já tomei na vida.

E essa é a decisão mais difícil e mais bonita que já tomei na vida

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⏰ Última atualização: Jul 20 ⏰

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