Cap.32. - Vozes que Ecoam (parte 4 de 4)

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 sei o que você pensa

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sei o que você pensa. Que eu sou o cara de sorte. Que tenho tudo. Uma família linda, uma mulher forte e que me ama, dois filhos perfeitos e uma carreira brilhando num clube gigante como o Al-Nassr.

Mas a verdade é que... eu estou sufocando.

E antes que você me odeie pelo que estou prestes a contar, saiba que eu me odeio também.

Tudo começou de um jeito que nem parece errado. Apenas uma escapada. Um respiro. Uma noite com os caras do time. Eu não falei com a Raquel porque sabia que ela ia dizer não. Ia perguntar por quê. Ia me olhar com aqueles olhos cansados, desconfiados, tentando parecer firme quando, por dentro, ainda está reconstruindo tudo o que quebraram nela.

E eu entendo. Juro que entendo.

Mas também tenho medo. Medo de viver o resto da minha vida como o coadjuvante da dor dela. Como o "companheiro compreensivo" que tem que ser herói 24 horas por dia. Medo de admitir que eu também cansei.

Não cansei dela. Nunca. Cansei da pressão. Da perfeição que esperam de mim.

Naquela noite, eu disse que ia para a concentração mais cedo. Um treino especial. Mas fui direto para um bar de luxo com alguns companheiros de time. Era espaçoso, fechado, iluminado por luzes de LED e cheio de gente bonita e despreocupada.

Eu bebi.

Ri mais do que devia.

E então ela apareceu. Morena, sorriso afiado, sotaque estrangeiro. Dançava como se o mundo inteiro fosse uma pista de fuga. Ela olhou pra mim e não viu pai. Não viu marido. Não viu responsabilidade.

Ela viu o Wesley. O cara que existia antes de tudo isso.

E eu me deixei ser esse cara por algumas horas.

A gente dançou. Bebeu. Riu. E, sim... se beijou.

Uma, duas, três vezes.

Só que o mundo não é mais o mesmo, e o que acontece numa balada em Riade não fica numa balada em Riade. Alguém filmou. Alguém postou.

Em minutos, já estava em todas as páginas de fofoca do futebol internacional.

Quando acordei na manhã seguinte, com dor de cabeça e uma ressaca moral esmagadora, vi que meu celular tinha 38 chamadas não atendidas. Metade era do meu empresário. A outra metade da Raquel.

E aí eu soube.

— Wesley, me explica essa merda AGORA. — era a única mensagem dela no WhatsApp. Com um print. Eu me vi beijando a garota, a legenda dizia: "Jogador do Al-Nassr flagrado aos beijos com morena misteriosa em festa VIP."

Eu congelei. Tentei ligar. Não atendeu.

Corri pra casa.

Quando entrei, ela estava na sala, com Hanna no colo e Kalleb no berço, os dois chorando. Mas ela... ela não chorava. Não ainda.

— Fecha a porta. — ela disse, sem nem me olhar.

Eu obedeci.

— Raquel, me escuta, por favor. Eu não queria que isso acontecesse. Eu...

— Cala a boca, Wesley. — ela levantou os olhos, e foi pior do que qualquer grito. — Você beijou outra mulher enquanto eu estava aqui, sozinha, criando nossos filhos. Curando uma ferida que VOCÊ viu ser aberta.

— Eu sei. Eu fui um idiota. Eu não queria magoar você. Eu só...

— Só não aguenta a pressão, né? — ela levantou. Hanna chorava mais alto agora. — Só quer uma vida normal. Só quer sair, beber, esquecer que tem filhos e uma mulher destruída em casa.

— Eu não quis esquecer você! — eu explodi. — Eu quis esquecer o peso. A responsabilidade constante. Todo mundo me vê como o herói que te salvou, mas NINGUÉM me pergunta como eu me sinto.

— VOCÊ quer medalha, Wesley? — ela gritou. — Quer um troféu porque ficou do meu lado? Eu não te pedi isso. Eu nunca te implorei pra ficar. Se era demais pra você, devia ter ido embora antes de me trair.

— Eu te amo, porra! — berrei. — Mas não consigo mais respirar. Tudo é sobre trauma, tudo é sobre medo, tudo é sobre ELE. Eu também preciso viver!

Ela me olhou como se eu fosse um estranho.

— Então vive, Wesley. Vai lá. Dança, beija, se joga. Mas não volta. Porque aqui... aqui você e eu  acabou.

Ela foi pro quarto, com os bebês. Eu fiquei ali, parado, sentindo minha própria alma escorrer pelos olhos.

Eu destruí a mulher que eu amava.

E não sabia se conseguiria consertar alguma coisa depois disso.

E não sabia se conseguiria consertar alguma coisa depois disso

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