Capítulo XXXII

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E a noite continua igual, é uma tragédia tão segura e firme, e nós não conseguimos muda-la. Nem sequer queremos, o tom escuro do céu é o tecido fino, frágil que molda os nossos corpos.

Ponho a minha camisa seca sobre o seus ombros molhados, e aperto delicadamente todos os botões. As pontas dos seus cabelos molhados raspam nos meus dedos, e puxo-a para se deitar comigo nas folhas secas perto da lagoa.

Ela aninha o seu corpo no meu, e o seu peito molda-se perfeitamente no meu, enquanto eu observo as estrelas uma a uma.

-Zayn, não foi culpa tua. - ela move o meu queixo na sua direção, e a beija o meu maxilar tenso.

-Eu devia ter-te ouvido a gritar.

-Eu não devia sequer ter descido com ele. - ela sorri, fracamente. - Mas queria dizer-te que me curaste... queria dizer-te que durante uns minutos me esqueci.

-Então, era esse o meu objetivo esta noite.. - eu beijo a sua testa e puxo-a mais para mim.

-Temos de ir embora agora.

-Não, não temos, Violet. A noite é nossa, e somos donos de nós próprios. - eu deslizo a minha mão pelo seus cabelos e ela levanta o seu corpo e senta-se ao meu lado.

-Eu fico. Mas por favor fala, conta-me tudo aquilo que a tua alma permitir. - ela abraça os seus joelhos e mantenho-me deitado.

-Estou vazio de tudo menos de ti, não há nada a ocupar-me a mente, exceto tu. És o meu alívio. - ela morde os lábios, e não desvia o olhar de mim. - Sinto-me eterno contigo, e acabaram os meus desejos de deixar uma marca no mundo, porque sei que já te marquei a ti. - ela parece respirar a minha voz, e os cantos dos seus lábios ajustam-se agora num sorriso. - Descobri que sorte é estar vivo ao mesmo tempo que tu. Imagina se, por algum motivo, estivéssemos em gerações diferentes? Se nunca nos cruzássemos? Se eu nunca tivesse a oportunidade de olhar nos teus olhos? - sinto um pequeno aperto no peito. - E se eu nunca tivesse oportunidade de conhecer os teus lábios? Gostava de ter voz suficiente para abrir a alma de todos e mostrar-lhes que fazer história é amar. O mundo precisa de mais amor. Não concordas? - eu estico um braço para lhe tocar nas faces rosadas e ela fecha os olhos ao meu toque.

-Ensina-me, por favor. - ela sorri. - Quero saber moldar as palavras como tu. És poeta e eu amo-te. - ela segura os meus dedos e passa-os nos meus lábios. - Se eu não tivesse a chance de te ver, tenho a certeza que o mundo arranjaria uma forma de eu te encontrar. - ela volta a aconchegar-se em mim, e deixamos o silêncio aquecer-nos o corpo.

***

Violet's POV

Nada parece adequar-se à ocasião, todas as roupas que já experimentei tornavam-se demasiado vistosas ou demasiado desportivas.

Para além disso, ninguém pode imaginar o nervosismo e a momentânea adrenalina que me percorre o corpo. Foi ontem ao ouvi-lo que tomei esta decisão, como é óbvio o Zayn não sabe do que estou prestes a fazer, mas não há nada que me faça voltar atrás.

Estudei as linhas do metro, tal como estudei as palavras dele ontem, vou chegar rápido, e vou procurar não me arrepender disto.

O caminho parece mais curto do que o que vi na Internet, ou talvez o meu nervosismo tenha criado uma ilusão de maior rapidez.

Entro no edifício poderoso e intimidante, e sento-me numa das cadeiras destinadas às pessoas que esperam pelo mesmo que eu. Vejo a ânsia nos olhos delas, a vontade de matar a saudade, e no mesmos olhares vejo também o medo de alguma mudança.

Torna-se demasiado intenso analisar as expressões dos desconhecidos à minha volta, por isso desvio o meu olhar para o pequeno rasgão nas minhas calças de ganga enquanto me abstraio do barulho à minha volta, só consigo ouvir o bater do meu coração, é suficiente para me ocupar a mente. Enquanto os meus dedos continuam a contornar a falta de tecido nas minhas calças.

-Violet Winter, correto? - um dos guardas prisionais dirige-se a mim.

-Sim, sou eu. - eu sorri e brinco nervosamente com os meus dedos.

-A reclusa Margaret está pronta a receber. Quero apenas avisa-la que não é permitido qualquer tipo de contacto físico e a visita tem um tempo limite. - eu aceno afirmativamente com a cabeça e engulo um seco, isto é realmente avassalador. - Sente-se mais segura se um guarda a acompanhar?

-Não, não preciso, obrigada. - eu hesito, mas apercebo-me que preciso do máximo de privacidade possível.

-Muito bem, vou apenas leva-la à sala então. - eu sigo-o, e concentro-me na minha respiração acelerada quando ele para em frente a um porta azul com uma pequena janela.

Ela é tal e qual como o Zayn descreveu, os cabelos loiros escorridos e a pele clara e delicada.

O guarda empurra a porta pesada por mim, e eu agradeço com um sorriso antes de entrar no mesmo espaço que ela.

-Olá. - eu sorrio e ela retribui imediatamente.

-Olá. Violet, certo? - ela pergunta.

-Certo. - eu puxo a cadeira para me sentar à sua frente e observo os seus olhos brilhantes.

-Como está o Zayn? - ela morde o lábio e o meu coração parte com a sua voz rouca e doce.

-Bem, muito bem. Não devias estar preocupada com ele. - eu encaro as suas mãos algemadas em cima da mesa.

-Porque é que vieste até aqui? - ela dá a volta à conversa, e o ar fica momentaneamente preso na minha garganta.

-Porque é que vieste para aqui? - eu respondo, e os nossos olhos cruzam-se mas rapidamente se movem para lugares distintos.

-Porque fui eu que o arrastei para todos os erros que ele cometeu. - ela brinca com os dedos limitando-se ao pouco espaço que as algemas lhe dão. - Eu não sou nenhuma santa, Violet. - ela ri, e surgem duas pequenas covinhas perto dos seus olhos. - Eu consumi drogas, muitas drogas. - ela passa a língua pelos lábios. - Eu não menti quando disse que o sujeitei a tudo. - ela faz uma pausa. - Ele era louco por mim, e eu amava a mente aberta dele. - ela termina, e empurro os ciúmes o mais fundo que consigo, não agora.

-Quanto tempo estás aqui? - eu foco-me nas argolas brilhantes que apertam os seus pulsos.

-Cinco anos, a minha pena está quase a terminar. - ela engole um seco, e eu reparo nas pequenas queimaduras nos seus braços claros por baixo do seu macacão laranja. - São marcas de cigarros. - ela esclarece-me e eu arrepio-me. - Violet, eu não estou arrependida da decisão que tomei. Eu já tinha vivido o suficiente, ele ainda era novo. Eu estou feliz. - ela sorri, e há um brilho nos seus olhos.

-Como é que podes ser feliz aqui? - eu agarro nas suas mãos, e uma buzina estridente estourar nos nossos ouvidos.

-Não me podes tocar. - ela afasta os pulsos, e eu culpo-me pela falta de atenção. - Violet, eu tive um filho aqui. - ela diz-me e um aperto no meu estômago faz-me querer vomitar.

-Um filho? - eu repito, e a porta pesada é de novo aberta.

-O tempo da visita terminou. - o guarda informa-nos.

-Por favor, mais cinco minutos. - eu imploro, mas antes que o guarda possa ceder, outro homem vestido com a mesma farda entra na sala e agarra brutamente nos ombros da Margaret para a levar embora.

E assim que abandono o espaço monótono e assustador, eu caio rapidamente numa realidade que não esperava confrontar. O Zayn tem um filho, um filho de outra mulher.

***

HEY, HEY, HEEEEEY!!!

Desculpem a demora, as minhas férias foram tipo brutais, e as vossas?

n estou nd preparada para o regresso às aulas! Anyways, digam-me o que acham destas novidades todas, e não me mandem hate ahahaha

Tenham calma, n desesperem com esta cena do filho, okay?

ADORO-VOS E TAVA CHEIINHA DE SAUDADES VOSSAS!

Breath ➸ hot Where stories live. Discover now