(CONCLUIDA)
Lisa decidiu contar pra sua melhor amiga Jennie oque sente por ela a muito tempo, mas nada sai como esperado.
Lisa então decide tentar esquecer Jennie e acaba se envolvendo com outra pessoa, mas esse envolvimento acaba causando sentimen...
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Seis dias depois
- O coordenador não pode mais te dar licença das aulas, Jennie. Mesmo que o motivo seja importante, essa já é bem a terceira vez em pouco menos de um ano. - A voz distante de Irene era impossível de não reconhecer.
- Eu já falei que não vou, Irene! Pode esquecer! - Jennie resmungou teimosa.
Eu poderia não está as vendo, mas as ouvia perfeitamente. Era como se eu estivesse em uma consciência inconsciente. Eu sei que é uma explicação muito estranha, mas eu consigo as ouvir. Apenas não consigo acordar ainda.
- Mas você vai acabar reprovan-
- Até você Jisoo? Quantas vezes eu vou ter que dizer que não vou sair daqui?
- Okay, eu já entendi! Mas já que você não vai ir pra faculdade, pode ir pelo menos pra casa? Precisa tomar um banho, descansar um pouco e comer. Você tá aqui há seis dias já. - A voz desgostosa de Rosé mostrava que algo não lhe agradava.
- Até a tia Lana que é a mãe dela entende que precisa se cuidar se quiser cuidar da filha.
- Mas e se ela acordar enquanto eu não estiver aqui? E se ela ficar assustada ou algo acontecer com ela? Eu não quero que ela se sinta sozinha, Jisoo! - A voz chorosa de Jennie saiu.
- A gente aqui é o que? Partes da parede?
- Você me entendeu Rosé!
- Entendi, mas continua sendo uma burrice pra mim. Eu sei que você tá preocupada e quer muito ver ela, mas nessa situação não é uma boa ideia. Você vai ver ela de qualquer jeito mesmo que depois. Não é como se ela fosse fugir dessa cama, principalmente toda quebrada desse jeito.
Muito obrigada, Rosé! Você é uma amiga, amiga.
Depois de alguns segundos acabei não conseguindo mais ouvi-las. Então, agora vocês irão ouvir da minha mente inconsciente. Vejam como se fosse o meu eu do futuro relatando o que aconteceu nesse dia. O que é mais ou menos isso mesmo.
Eu não consigo sentir muito bem meu corpo, exceto algumas dores bem incomodas em quase todo ele. Mas se teve uma coisa que eu de fato consegui sentir varias vezes foi um peso sobre minha mão.
Eu sabia que era Jennie, estavam bem geladas como as mãos dela. E eu sentia pelo seu toque que ela não estava bem. Eu só queria conseguir acordar para ajuda-la, mas não é como se fosse da minha vontade. Hoje que estou conseguindo ouvi-las, diferente dos outros dias em que eu sentia apenas poucas coisas e ouvia apenas pequenos murmúrios.
...
Eu sentia, sentia que finalmente ia conseguir abrir os olhos e de fato acordar agora. E foi o que fiz, abri os olhos logo os fechando com a claridade da luz bem acima de mim.
Gemi fraco tentando trazer a mão ao rosto, mas uma pontada forte a atingiu antes que eu pudesse.
- Lisa? - Era a voz da minha mãe, certeza! Acho que ela me ouviu.
Forcei abrir os olhos, os acostumando agora com a ajuda da sombra da minha mãe tampando o brilho sobre os mesmos.
- Filha, você acordou! - Minha visão ainda estava meio embaçada, mas eu conseguia ver certo brilho formando em seus olhos, assim como seu sorriso crescer. - Você não sabe o quanto eu desejei que você abrisse logo os olhos.
- Mã... Mã... - Me sentia uma criança sem saber formar as palavras.
O que diabos havia de errado com meu cérebro?
- Calma, não tenta falar agora. Vou chamar o medico pra ver você. - Ela saiu correndo para longe de minha visão já mais acostumada com o quarto em um tom creme.
Não havia mais ninguém ali, as vozes das meninas que ouvi mais cedo haviam sumido e estava no fim da tarde. Isso explica a luz estourando meus olhos. E também explica nenhuma gritaria ou reação exagerada, pelo menos por agora. Meus tímpanos, que parecem bem sensíveis e com um zumbido chato agora, agradecem.
- Oi Lisa! - A voz masculina invadiu o cômodo.
Sabe aquele momento que você esquece que tá toda arrebentada e tenta fazer algo que vai machucar exatamente onde machucou? No meu caso é em todo lugar, mas agora foi o pescoço.
Tentei levantar ele para ver o rosto ou ter uma imagem melhor daquele lugar, mas entendi o recado do meu corpo logo em seguida.
- Espera, vou ajudar você um pouco. - Finalmente consegui ver seu rosto quando ele ajeitou o encosto da cama de forma que pude ficar sentada.
Não era só ele e minha mãe ali, junto havia mais duas enfermeiras.
- Melhor assim? Espera, acho melhor você não responder. - Sorriu amigável, lá ia eu mexer o pescoço de novo. - Vamos ver...
Ele começou a fazer todas as paradas de medico, tacando uma luz nos meus olhos, ouvindo meu coração e mais todas essas coisas que você já sabe. Eu estava bem, só minha perna, braço, cabeça e outras centenas de partes do meu corpo que doíam, nada demais.
- Bom, parece está tudo bem.
- Na aparência eu acho que não muito doutor...
- Mas o senso de humor com toda certeza tá intacto. - Sorriu.
- Fazer piada com a dor é um dom.
- Certo. Agora eu preciso levar você para fazer mais alguns exames e ver se está tudo certo. - Assenti.
As enfermeiras apareceram com uma cadeira de rodas e fui logo fui levada pelos corredores.
Passei horas sendo molestada. Tantas agulhas perfuraram meu corpo que eu acredito nem sangue ter mais pra dar. Depois passei por umas duas maquinas e finalmente pude voltar pro quarto. Antes eles me recompensaram com comida e eu agradeci.
- Que cara é essa? - Minha mãe perguntou assim que entrei.
- Mãe, eu fui molestada! - Fiz uma voz chorosa.
- Ficou manhosa agora que acordou? - Ela ia me ajudar a voltar pra cama, mas impedi. - Que foi?
- Podemos ir lá fora pegar... Pegar... - Forcei minha mente a lembrar. - Pegar um pouco de ar lá fora? Estou há...
O medico avisou que seria normal eu esquecer algumas palavras ou embaralhar as frases de vez em quando.
- Seis dias.
- Seis dias nessa cama. - Continuei. - Preciso saber como muito é respirar ar fresco.
- Mas já tá de noite, filha. E tá meio frio lá fora. - Olhou pela janela, antes rindo do meu embaralhado de novo.
- Mas eu preciso, mãe. Por favor!
Ela não resistiria a me dizer não, eu estou doente e ela é minha mãe. Nesses casos é difícil ela dizer não.
Antes de me levar ela colocou um cobertor sobre meu corpo e a jaqueta. Me pergunto se ela já avisou as meninas que eu acordei.
Parece que quando você passa muito tempo assim, sem ver a luz do dia ou se quer abrir os olhos, tudo parece mais bonito. Como se você estivesse tendo mais uma chance de ver.
Sei que as pessoas que passam por um acidente ou algo assim sempre falam isso, mas é um fato que: eu de verdade pensei que ia morrer dessa vez.
A ultima lembrança que tive foi da dor que senti quando os ferros do lado esquerdo imprensaram minha perna. Eu tenho quase toda certeza que no meio de todo aquele barulho eu ouvi meu osso se partindo.
- Eu liguei pro seu pai avisando que você já acordou, ele tá doidinho.
- Eu também estou. Não aguentava mais ficar naquela cama.
- E a gente não aguentava mais ver.
- Eu sei, eu consegui ouvir vocês algumas vezes. Também sentia quando tocavam a minha mão. - Paramos na calçada com um banco bem abaixo da sombra de uma arvore. Parecia menos frio ali.
- O que você ouvia?
- Algumas conversas apenas de hoje, e também ouvia alguém chorando às vezes. Eu juro que queria acordar, mas não conseguia.
Ficamos em silencio. Eu nunca pensei que o silencio fosse ser tão prazeroso algum dia, mas aquele foi. Mesmo com toda dor que sentia eu consegui me sentir bem, grata por poder está ali de volta.
- LISA! - E foi isso meus amigos, o momento de paz acabou e Roseanne Park apareceu.
Irene veio logo atrás. O que aconteceu depois eu não entendi direito porque só a raiva e dor me vinha a mente.
- TU É DOIDA? - Gritei sentindo minha perna gritar de dor.
Certeza que mais algum osso quebrou.
- Desculpa, desculpa! - Rosé pediu saindo do meu colo. - Eu tinha me esquecido.
- Tomem cuidado, meninas! - Minha mãe alertou.
- Sai Rosé! - Irene empurrou ela me encarando e dando um beijo estalado no meu rosto. Tenho certeza de que senti suas lagrimas molharem minha bochecha.
E não estava errada, quando as duas se afastaram mais um pouco pude ver seus olhos transbordando. Como podem ser tão sentimentais assim? Essas bobocas. Pena que eu amo elas.
Olhei para trás das mesmas, meus olhos sabiam o que buscar. Jennie vinha lentamente ao lado de Jisoo, seu sorriso apagado não trouxe a energia que eu pensei que sentiria ao finalmente ver ela.
- Lisa! - Gritou. - É serio, quando você vai parar de fazer a gente vim pra hospital? Eu tô quase ficando traumatizada. - Jisoo disse brincalhona. Rodeou seus braços com cuidado em volta de mim, diferente da agressividade de Rosé. - Que bom que você acordou. - Disse ainda no abraço.
- Quem é essa ai atrás de vocês? Não tô reconhecendo. - Brinquei com um certo tom de verdade, eu de fato não estava conhecendo aquela Jennie.
- Você tá brincando né? Não vai me dizer que perdeu a memória e só lembra da gente, mas não da Jen . - Rosé fanficou.
- Eu tô brincando, Rosé! - Revirei os olhos esperando Jennie se aproximar mais. Ela me observava com atenção, mas assim que foquei meus olhos nos seus ela desviou.
O que é isso? Será que quem bateu com a cabeça e perdeu a memoria foi ela? Essa não parece ser a mesma Jennie que ouvi mais cedo, que disse que não iria sair do meu lado.
- Eu acho que vou deixar vocês conversarem um pouco. - Jisoo falou empurrando todas pra longe.
- Qualquer coisa eu vou está ali na recepção, filha.
- Tá bom mãe, obrigado. - Sorri vendo a mesma se afastar.
Quando voltei novamente os olhos para Jennie, ela já estava sentada no banco ao lado.
- Então, sabe falar alguma coisa ou o choque ainda não passou? - Perguntei brincalhona.
- Desculpa, é só que...
- Não precisa se preocupar, eu sei o que aconteceu.
- Sabe? - Perguntou assustada.
- Claro, você é minha namorada Jennie, e era minha melhor amiga antes disso. É logico que você ficou preocupada comigo e agora que eu acordei não parece ser real.
- Ah sim, acertou em cheio. - Sorriu amarelo. - É só que passamos por coisa demais... - Disse cabisbaixa.
- Eu imagino. Mas agora eu estou aqui, acordada e com muita saudade de você, mas preciso que volte a realidade pra eu poder de fato a fazer passar. - Usei o braço bom para tocar seu queixo, levantando seus olhos até mim. - Será que pode trazer minha namorada de volta a orbita? - Perguntei risonha.
Jennie assentiu finalmente trazendo seus lábios até os meus. Foi um beijo lento, mas cheio de saudades. Foram só seis dias que pareceram anos pra mim. Dentro daquele pesadelo profundo eu só conseguia pensar nela, e agora, finalmente poder sentir ela, beijar e saber que a mesma está aqui não só pelo toque; isso me faz sentir segura novamente.
Aquilo tinha gostinho de lar, quase me lembrando o nosso primeiro beijo, aquele na frente do dormitório. Foi tão bom, mesmo que o contexto para acontecer não tivesse. Aquele beijo parecia errado, por isso dizem que errado sempre parece melhor. E talvez por isso eu os esteja comparando, porque esse beijo é errado, eu não deveria está aqui, sinto que não estaria.
Agora eu sentia que ela estava comigo e eu estava com ela, era como se ouvisse seus sentimentos através de seus lábios macios grudados aos meus.
Tocando a maçã de seu rosto com carinho, ainda com nossos lábios unidos, pude sentir a mesma molhada por suas lagrimas que agora caiam.
- Ei, o que foi? Porque está chorando? - Perguntei observando finalmente sue rosto, estava a centímetros do meu.
- É que agora eu vejo que é real. - Seus olhos chorosos se conectaram aos meus por longos segundos. - Eu te amo tanto. - Ela caiu em lagrimas mais pesadas e eu não sabia o que fazer.
- Eu também te amo, meu amor. - Fiz meu melhor para puxar seu corpo com o braço bom e confortar sua cabeça contra meu peito. - Não precisa se preocupar, eu estou bem agora. E não vou a lugar nenhum.
Aguentei a dor de quando a sua mão apertou forte o tecido da roupa que eu usava, bem encima de outros pontos da cirurgia que fizeram.
Ela parecia uma bomba sentimental, explodindo depois de dias estocando seus sentimentos.
- Me desculpa por isso.
- Já falei que tá tudo bem.
- Porque está tudo bem? Não está tudo bem! - Levantou o rosto rapidamente.
- Porque não?
- Olha pra você, está toda machucada e age como nem se importasse. Mas ver isso tá doendo, eu sinto que é minha culpa.
- De novo com isso de culpa?! Por um acaso era você que estava dirigindo aquele carro? Ou era você que tava me perseguindo? - Sem resposta. - Não era certo? Então não tem como você ter culpa.
- Mas eu poderia ter evitado. - Abaixou a cabeça novamente.
- Desde quando a senhorita ganhou poderes para prever o futuro? Ou ficou super rápida ao ponto de correr até lá e me tirar do carro? - Continuei usando um tom descontraído para que a mesma entendesse o contexto das minhas perguntas. - Você é minha super heroína, mas não desse jeito. - Silencio. - Agora para de pensar nessa baboseira doida que essa sua cabecinha doida inventou, você não tem culpa nenhuma. A única coisa que eu vou considerar você culpada agora é por está falando isso ao invés de beijar sua namorada que está com muita saudades. - Fiz um biquinho vendo a mesma o encarar descrente limpando as lagrimas de seu rosto. A ajudei com as costas da minha mão boa.
- Você é uma aproveitadora! - Sua voz tomou um tom mais brincalhão brincalhão suave.
- Não, aproveitadora não. Carente, de você em especial. - Ela sorriu e finalmente pude sentir que as coisas estavam voltando ao normal.
Agora que percebi a mesma usando meu moletom novamente.
Ficamos ali por mais alguns minutos. Conversamos mais, pude matar a saudade dela e daquele lábios maravilhosos, além de ter acalmado ela quanto ao que sentia. Sinto que ainda vamos ter muito o que conversar até que tudo isso passe.
Depois vou conversar com Jisoo para saber melhor o estado de Jennie agora, sinto que ela ficou bem pior dessa vez do que das outras.
Me deixei enganar pela aquela sua atuação fajuta, aquele seu "eu te amo" que veio do nada e aquele sorriso idiota que sempre me desestabilizou. Espero que você saiba que o meu foi verdadeiro, mesmo que o seu não.