Prólogo

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Já faz quatro dias que nos mudamos, e ainda não me sinto em casa. Deve ser pelo caso de ser uma construção muito velha, que no caso me dá arrepios. Pode ser porque o vizinho mais próximo fica a 13 quilômetros e o mais próximo resquício de civilização fica a três, quatro horas de carro. Mas eu não me importo tanto com isso, não necessito de muito contato social, e até que a casa é agradável . O que realmente me incomoda na casa é o fato de uma família inteira ter sido misteriosamente assassinada aqui dentro. Tento não pensar nisso, mas é quase inevitável. É muito difícil você não ficar pensando que você passa todo dia pelo mesmo lugar que alguém já passou e morreu. É mais difícil ainda você jantar todos os dias na mesma mesa que uma família jantou e morreu. É pior ainda você dormir no quarto onde um menino foi encontrado morto. Junto com toda a sua família.

Essa casa é marcada pela morte. Posso sentir isso, uma energia ruim emana das paredes, dos móveis, do teto... de todo o lugar. A morte ainda vive nessa casa. Têm alguns momentos do dia em que posso sentir a agonia dos mortos. Parecem que eles ainda vivem aqui. Sinto eles me observando... escuto eles falarem... “Vão embora”. “Vão embora”.

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