Boneca

V

Os Hudson

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É uma sexta-feira chuvosa. Relâmpagos cortam os céus escuros de Might Hallow, ao mesmo tempo que revoadas de corvos se agitam ao redor de uma propriedade. As janelas escurecidas são marcadas por imagens de mãos feitas com sangue. Todas as portas e todas as janelas se trancam ao mesmo tempo, inexplicavelmente, impedindo que qualquer um entre ou saia de lá.

Gritos abafados vem de dentro da casa. Thomas persegue sua irmã, Samantha, pela escada. A mesma passa correndo pela cozinha, tentando despistar o irmão, sem sucesso. Thomas corre atrás da mesma enquanto segura uma faca. Enquanto corria, apenas duas coisas se passavam na mente de Samantha: como fugir de seu irmão e o que o levou a fazer tudo aquilo.

Antes de se mudarem, Thomas era muito elétrico, sorridente, engraçado. Tudo mudou desde a primeira vez que ele pisou na casa. Começara e se entristecer, ficar introvertido. Antes, conversava com todos sobre tudo, mas depois da mudança, falava apenas com uma coisa: A Boneca. Ele tinha conversas muito estranhas com aquele objeto, todas relacionadas diretamente à mortes e sangue.

Sua mãe, Katherine Hudson, começou a perceber o estranho comportamento do filho, e resolveu conversar com ele. Sem sucesso. Sempre que Thomas era indagado com o tema "boneca" se tornava violento. Chegou a quebrar o nariz do próprio pai depois de um surto. Resolveram leva-lo à um psicólogo, Dr. Harrison, bastante renomado na região.

Depois de diversas visitas, finalmente o mal de Thomas recebeu nomes: esquizofrenia, bipolaridade e epilepsia. Era inexplicável como, em um curto período de tempo, um garoto de 11 anos desenvolvesse tantos distúrbios mentais e sem absolutamente nenhuma razão!

Thomas começou a tomar remédios, e então, as coisas se aquietaram. Thomas parou de ver vultos e escutar vozes, mas uma coisa ainda preocupava a sua família. Thomas ainda via sua amiga imaginária, a Boneca.

Ela disse para ele parar de tomar os seus remédios, e assim fez. Tudo recomeçou: os surtos, as vozes, os vultos. Tudo voltou a ser um inferno na casa.

Então, depois de alguns dias assim, as coisas começaram a ficar estranhas. Seu pai, antes forte, saudável, agora começara a ficar fraco, muito propício a qualquer resfriado. Manchas roxas começaram a surgir pelo seu corpo, o que o deixou ainda pior. Alguns dias depois, ele veio à morrer. Sua mulher, Katherine, entrou em uma profunda depressão.

Então, a Boneca juntou forças suficientes para realizar o seu objetivo, desde a primeira vez que encontrou Thomas: a possessão.

As forças começaram a se esvaziar do corpo do menino, seus membros começaram a ficar cada vez mais pesados, ele não conseguia gritar. De repente, um arrepio surgiu, vindo desde a ponta dos dedos dos pés, subindo até o alto de seu crânio. Thomas não tinha mais controle sobre o próprio corpo. Se sentiu preso dentro de uma marionete. Se levantou, pegou a boneca de cima da cama e desceu até a cozinha. Pegou uma faca de carne prateada, e subiu novamente para os quartos. Andou devagar até o quarto de sua irmã mais nova, Christine, de apenas 3 anos. Rapidamente, introduziu a faca em sua garganta e lhe arrancou as cordas vocais. A criança não conseguia gritar, então tentou correr porta afora. Thomas a puxou pelos cabelos e rapidamente, em um movimento extremamente preciso, cortou sua garganta. Estancou o sangue com uma das mãos, e conduziu a menina até o quarto onde dormia. Trancou-a no armário e seguiu em direção ao quarto de seus pais, agora ocupado apenas por sua mãe.

Arrancou fora seus olhos e sua língua, e cortou sua garganta. Fez assim como fez com sua irmã mais nova. Estacou o sangue com uma das mãos, e arrastou-a para o quarto e a jogou dentro do guarda-roupas junto com a sua irmã. Um pouco de sangue pingou no chão. Thomas pegou um cabo de vassoura e pôs nos puxadores do guarda-roupas.
Samantha foi acordada com uma voz suave chamando o seu nome. Acordou, assustada, e não encontrou ninguém. Andou devagar e silenciosamente até a porta do seu quarto, que estava semiaberta. Viu sua mãe inconsciente sendo arrastada pelo seu irmão, que não a notou. Ela não acreditou no que estava vendo. Quando estava abrindo sua boca para começar a gritar, uma mão surgiu de trás dela. Surgiu do escuro. Abafou seu grito, e uma voz sussurrou bem em seu ouvido: